30/10/2011

DAT Politics - Villiger

17 de Março 2000
POP ROCK

Dat Politics
Villiger (9/10)
a-Musik, distri. Matéria Prima


Cuidado. “Villiger” é um disco de alta tensão. Toca-se e dá choque. Capa vermelha. Apenas uma inscrição: “Dat Politics”. Que incluem elementos dos Tone Rec. Onze temas sem título. Nenhuma protecção. Mas “Villiger”, embora de alta voltagem, é diferente da cadeira eléctrica que os Tone Rec usam para castigar o sistema nervoso. A máquina electrónica posta a funcionar em “Villiger” é um poderoso acumulador de energia, um arquivo portentoso de ritmos processados de forma a fazer mexer, não só o coro, como um todo, como a sua mais ínfima molécula. “Villiger” é a mesa de dissecações, agora digitalizada, com que Lautréamont assaltou os sonhos dos surrealistas. Há nela efeitos de estereofonia espantosos usados como parte integrante da composição, intersecção se samples indecifráveis com matérias inflamáveis, edifícios alucinatórios em construção, complexas teias de números em rodopio cabalístico, vísceras de insectos que cantam, um bailado de frequências mágicas. Ao contrário dos Tone Rec, dos seus ruídos de estática e das suas programações de “powerbook” que derretem o cérebro, os Dat Politics propõem uma música lúdica feita de brincadeiras perigosas. As menores das quais não serão as incursões na tecno dos temas números um, quatro e oito, a fazer pensar que a música de dança, enquanto posta em prática por guerrilheiros do quilate destes Dat Politics, pode arcar com a responsabilidade de carregar aos ombros o extremo mais avançado da vanguarda. Quem se deixou esmagar pelos golpes do L@n, se deleita com a energia dos Pan Sonic e se entretém com os jogos virtuais dos FX Randomiz, receberá os Dat Politics como a próxima viagem.

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