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23/10/2016

João e Rão nos anos 80 [Maria João + Rão Kyao]

JAZZ
DISCOS
PÚBLICO 5 OUTUBRO 2002

João e Rão nos anos 80

É provável que, passados 20 anos, os autores sintam um certo constrangimento em ouvir so seus trabalhos da juventude. Não que a música de Maria João e de Rão Kyao agora tirada sem mais nem menos da prateleira, seja motivo de vergonha, mas porque o que aqui é dado a ouvir pouco terá a ver com os interesses e práticas musicais atuais de ambos. O “Quinteto de Maria João” (1983), álbum de standards e dois originais, apresenta um trunfo forte: o som, remasterizado, é fabuloso, trazendo o baixo elétrico de António Ferro para a linha da frente. Carlos Martins demonstra espantosa jovialidade, no sax tenor e no clarinete (deliciosas, a sua intervenção, muito New Orleans, em “Bill Bailey won’t you please come home”, e a frescura bopper de “Lover come back to me”), e Mário Laginha é de um rigor a toda a prova no piano. Já em Maria João é notório que o entusiasmo se sobrepunha nessa época à invenção, desculpando-se-lhe ligeiros problemas técnicos, como a falta de fôlego final no citado “Bill Bailey”. O “scat” aventureiro (aqui apenas aflorado num tema de Charlie Parker) estava para vir, mas vale a pena ouvi-la, plena de erotismo, em “Stormy Weather”, de leveza, em “Blue moon”, e de classe, em “Comes love”.
                Dos anos 80 de Rão Kyao, viram a luz do dia, “Ritual”, na companhia de António Pinho, José Eduardo e Mário Barreiros, e “Ao Vivo em Cascais”, acolitado por um trio de músicos ingleses, a assinalar dez anos do festival Cascais Jazz. Recordam o Rão do saxofone tenor e o aspirante a jazzman que foi antes de trocar o sax pela flauta de bambú e se iniciar nos mistérios da Orientalidade e do misticismo “new age”. “Ritual” contém já as sementes dessa espiritualidade mas falta-lhe fogo e dilaceração. Mas esse é, afinal, o Rão que hoje todos conhecemos – o músico “branco” em meditação na posição de lótus. “Ao Vivo em Cascais” soa menos pacífico (em "Cascais Blues” e “Terraço”, conseguimos mesmo imaginá-lo a suar e a dobrar-se sobre o sax...), e faz pensar no que poderia ter sido Rão Kyao se tivesse optado por ser um músico de jazz.

Quinteto Maria João
Quinteto Maria João
7|10

Rão Kyao
Ritual
6|10

Ao Vivo em Cascais
7|10
Todos ed. e distri. Movieplay

08/08/2014

Rão Kyao - Viva O Fado



Pop Rock

11 de Dezembro de 1996
portugueses

Rão Kyao
Viva o Fado
ED. POLYGRAM

            Consumada a iniciação da flauta de bambu no fado, em “Fado Bailado”, Rão Kyao mergulha agora mais fundo as suas raízes musicais da infância, neste género de música. A escolha de fados tradicionais, de estrutura o mais aberta possível, permite ao flautista a improvisação e a depuração da essência do fado. Rão toca flauta como se cantasse interiormente e é essa interiorização do fluir interior da alma fadista que torna cada tema numa outra forma de ouvir o fado. Gravado ao vivo, em dois dias de espetáculo realizados no Amália-Clube de Fado, com acompanhamento de Carlos Gonçalves e José Luis Nobre Costa, à guitarra portuguesa, e Francisco Gonçalves, à viola, “Viva o Fado” é também a justaposição do fado com as músicas indiana e árabe, em modalidades e temas clássicas como o “Fado menor”, o “Fado Mouraria” e o “Fado Vitória”, “Lágrima”, “Biografia do Fado” e “Fado dos Sonhos”. Fadistas como Manuel de Almeida, a quem o disco é dedicado, Amália, Marceneiro, Carlos Ramos ou António dos Santos, e autores como Alberto Janes, Joaquim Campos, Alberto Costa e Frederico de Brito têm aqui a melhor homenagem que lhes poderia ser feita – erguer o fado a uma voz universal. (7)

05/04/2011

Rão Kyao - Junção

Sons
3 de Dezembro 1999
PORTUGUESES

Rão Kyao
Junção (6)
Ed. e distri. Farol


Autor do hino oficial que ainda este ano assinalará a passagem da administração de Macau de Portugal para a China, Rão Kyao comemora neste seu novo trabalho os 450 anos de presença portuguesa naquele território. Álbum temático, “Junção” foi construído como um sonho de aproximação e convívio entre duas culturas milenares, contando para tal com a participação da Orquestra Chinesa de Macau, dirigida pelo maestro e director artístico Wong Kin Wai. Rão Kyao viaja com a sua flauta de bambu por entre as sonoridades exóticas (para o ouvido ocidental…) dos instrumentos chineses, para, aos poucos, os metamorfosear até chegar a um vira português, em “Celebração portuguesa”, antes de partir para os ritmos e melodias que respiram dentro da flauta de bambu ansiando pela paz universal. Não se peça a Rão Kyao convulsões nem angústias instrumentais. O músico português encontrou o seu lugar, um lugar de serenidade e de equilíbrio que, apesar das aparências, tem sabido salvaguardar-se do entorpecimento da new age. “Junção” não é um daqueles álbuns que oferece novos mundos ao mundo da música portuguesa (e muito menos à chinesa…), mas cumpre bem a função de que foi incumbido e dentro dos parâmetros em que se move: pacifica, provoca estados de sonho, ainda que ligeiros, e aproxima de facto duas músicas que, a ligá-las, têm apenas o oceano.

03/04/2011

Como um farol [Rão Kyao]

19 de Novembro 1999

Rão Kyao lança “Junção”
Como um farol

Quando no próximo mês se processar a transferência de poderes do território de Macau, de Portugal para a China, fará todo o sentido escutar o último álbum de Rão Kyao, “Junção”, gravado com a Orquestra Chinesa de Macau. Um sonho sobre a “integração”. Não política mas a que decorre de uma união espiritual

“É como um gajo que tivesse tido um sonho”, assim define o seu autor a história de “Junção”, um álbum que, uma vez mais, demonstra a cumplicidade de Rão Kyao com a filosofia e a música orientais: “Um sonho sobre Macau”. O sonhador é um macaense “imaginário”. Sonha em várias etapas, correspondentes aos 12 temas de “Junção”. A viagem onírica tem início em Coloane, “uma ilha afastada que seria a parte mais selvagem, com mais impacto da natureza no seu estado bruto”. Segue-se “Taipa”, outra ilha, “já com mais movimento”, antes de se entrar em Macau, no “sítio das tendas, dos mercados”. Há um lado romântico, como acontece em todas as boas histórias, sonhadas ou não, “com a entrada de uma rapariga chinesa que simboliza a beleza”. Começa então a parte correspondente “às coisas que os homens fizeram, a parte cristã”. Há Surge o templo de S. Paulo, cuja fachada é um ex-libris de Macau. “Quis associar essa fachada mais a S. Paulo em si, um santo por quem tenho uma grande admiração”, confessa o flautista. “A-Má” é outro templo, neste caso dedicado à deusa do mesmo nome.
Corresponde à “parte budista dos chineses”. A partir daqui o sonhador entra numa fase do sonho em que “começa a haver uma integração dos portugueses e os chineses”. Aparece a guitarra portuguesa, entrelaçando-se com elementos chineses. Ele vê os “portugueses e os chineses a viverem juntos”. Nostalgia, saudade, sentimentos portugueses que, finalmente desembocam na festa, numa “espécie de um vira, mas tocado com o timbre dos instrumentos chineses”.
Chegados a esta fase do sonho convém explicar que “Junção” foi gravado em Cantão com a Orquestra Chinesa de Macau, dirigida por Wong Kin Wai, também autor dos arranjos e compositor do tema “A-Má”.
O sonho prossegue com “Farol da Guia”, “outro tema de integração” (não integração política, como Rão Kyao faz questão de esclarecer -“não pensei na passagem política do território. O que me interessa é o lado mais espiritual”). “É acerca de um farol, algo que, para mim, sempre teve um simbolismo muito grande, algo de imutável que, ao mesmo tempo, indica a direcção às pessoas. As coisas passam mas o farol está sempre lá”. Há imagens de um barco chinês e de um barco português. “Com o farol no meio, a significar a existência de paz no meio disto tudo”. Segue-se a celebração chinesa e os dois elementos que se festejam em “Junção”, o amor, “tomado no seu sentido genérico e universal” e a celebração da paz, afinal o principal motivo que leva
Rão Kyao idealizou todo o guião. Antes, em 1984, Macau já surgira na sua discografia, através do álbum “Macau, o Amanhecer”. Mas o desejo de há muito acalentado era mesmo o de “usar os timbres chineses”. Rão fez uma maqueta com os temas e enviou-a, juntamente com as pautas, para o maestro chinês. As sessões de gravação decorreram “em directo, gravadas de forma clássica, sem qualquer espécie de overdubs”. “É tudo natural”, explica com orgulho o flautista.
“Junção” vai ter apresentação ao vivo, com a mesma orquestra, embora com uma formação um “bocadinho mais reduzida”, que esteve presente no disco, nos próximos dias 26 (no Coliseu do Porto), 27 (no Teatro Gil Vicente, em Coimbra) e 29 (na Aula Magna, em Lisboa).

30/08/2009

Rão Kyao - Navegantes

Sons

13 de Fevereiro 1998
PORTUGUESES

Rão Kyao
Navegantes (7)
Ed. e distri. Polygram

Menos só do que é costume, universalista como sempre e agora mais do que nunca abrindo um enorme sorriso para a música do mundo, a flauta de bambu de Rão Kyao prossegue a sua viagem. “Navegantes” é um álbum de passagem pelo mar. Levanta a âncora com o espírito na Índia, passa pelo reggae, em “No balanço”, e aporta em meditações solitárias no aconchego do estúdio, em “multitrackings” interiorizados da flauta, em “Ecos tribais”, e da ocarina, em “Oca”. A Índia, com toda a sua carga religiosa ligada à prática musical, bem como a influência do mestre indiano da flauta, Hariprasad Chaurasia, fazem sentir a sua mensagem telepática, infiltrando mesmo os temas que se diriam mais fortemente enraizados na tradição rural portuguesa, como é o caso de “Na vindima”, onde a própria voz da convidada Filipa Pais se aproxima de algumas das típicas inflexões indianas, e de “Festa do vinho”. “Arab” é, como o título diz, dança do vento e da argila do Sul ao ritmo de uma “darbouka” árabe. A “new age”, com as suas consonâncias oníricas mas também sem a profundidade de um registo verdadeiramente dramático, povoa as margens de “Nas asas do sonho” e “Jhinjhoti”, ganhando reflexão em “Moda lusa”, diálogo sereno da flauta de bambu com o piano de Renato Júnior. Rão Kyao também canta, ou faz a voz dançar, como em “Sa-ni-sa”, ainda aqui com o coração na Índia, que é a sua segunda pátria, varrendo como uma onda as cordas de um saltério, em “Lençóis de trigo”, numa aproximação ao universo multifacetado de Stephan Micus.

15/07/2009

Bambu e especiarias [Rão Kyao]

Sons

23 de Janeiro 1998


Rão Kyao viaja em “Navegantes”

Bambu e especiarias



Foi-se o fado, mas as ondas do mar continuam a empurrar Rão Kyao na direcção de uma música cada vez mais ampla e com mais espaço para respirar. Em “Navegantes”, o seu novo álbum, a flauta de bambu dança com as vozes, um saltério e uma secção de cordas. Índia, Jamaica, Arábia, Portugal olhado do Oriente. Mapa de uma viagem interior atenta ao sopro dos mestres e do mundo.

“Navegantes” é um álbum acústico em que Rão Kyao desenha as cores do que ele próprio chama o “uno no múltiplo”. Uma espécie de espectáculo ao vivo da alma do músico, inspirada no movimento das águas e na sabedoria de um dos mestres indianos da flauta, Hariprasad Chaurasia.
PÚBLICO – “Navegantes” recorre a uma quantidade de meios técnicos e humanos pouco habitual nos seus discos. Trata-se de um alargamento da sua visão musical ou de algo mais?
RÃO KYAO – Há, efectivamente uma mudança. Gravar um novo disco, só por gravar, não fazia sentido. É uma ideia que já tinha com o Luís Pedro Fonseca [produtor e arranjador do álbum], de apresentar um disco basicamente acústico, uma direcção que quero aprofundar cada vez mais, bem como uma utilização orquestral, algo que já havia feito antes, mas de uma forma mais ligeira.
P. – Afirma na capa que este disco é “uma viagem interior”.
R. – Um dos títulos que cheguei a ponderar muito para este disco, só que não consegui reduzi-lo a uma palavra, era “o uno no múltiplo”. A unidade da expressão musical manifestada através de certas experiências que me são intimas. Essa viagem interior passa por vários pontos que são, no fundo, o meu legado musical, a minha espiritualidade musical. É um tipo que está a navegar, navegação no sentido interior.
P. – Uma viagem sob o signo das águas...
R. – Águas, porque é, de todos os elementos, o mais associado à própria sonoridade da flauta de bambu.
P. – “Navegantes” navega explicitamente nas águas da “world music”. Na contracapa aparece mesmo o rótulo “rare things from Portugal”. Uma aposta para o estrangeiro?
R. – Espero que sim. Interessa-me alargar o meu mercado o mais possível. Parece-me que há um interesse, lá fora, por este tipo de música, não só por ser “world music”, mas por um tratamento natural dos sons. “Navegantes” é quase um disco de rua.
P. – “No balanço” tem por base um ritmo reggae...
R. – É uma coisa de rua. Um aceno a um ritmo de que gosto muito e que se tornou internacional. É um tema que temos vindo a tocar ao vivo, que confere à música uma coloração muito festiva.
P. – A música árabe aflora em “Arab”.
R. – Isso é mesmo, abertamente, um aceno aos nossos amigos árabes, cuja música constitui para mim uma grande influência.
P. – Depois há a música indiana. O mais interessante é que, para além dos temas em que esta música assume, de forma inequívoca, esta influência, ela está presente, de forma mais subtil, nos temas que tomam por base a tradição portuguesa. Isso nota-se, por exemplo, nas interpretações vocais. Até a convidada Filipa Pais soa algo indiana quando canta uma canção como “Na vindima”...
R. – Acho giro que diga isso, embora talvez não gostasse de vê-lo escrito, poderia soar a uma pretensão absurda da minha parte...
P. – Não é uma crítica, antes pelo contrário...
R. – Pois, a nossa música, através de todas as suas formas, tem realmente esse aspecto. Digamos que eu, ao interpretá-la, vou mais para esse lado. É algo que me é íntimo. Uma música que, sendo portuguesa, tem essa costela mais desértica, no sentido daquela sonoridade que vem da Índia.
P. – “Oca” e “Ecos tribais” são exercícios solitários, respectivamente na ocarina e na flauta de bambu, onde recorre à técnica de “multitracking”. Um desejo de interiorização mais abstracta?
R. – São as tais viagens. Se assistir a um espectáculo meu, seria incompleto não aparecer esse aspecto... Não é só o “multitracking”, mas a maneira como se joga com a sonoridade e as possibilidades do instrumento. A flauta pode ser vista de uma forma percussiva, de uma forma cantada, de uma forma encantatória... Os “Ecos tribais” têm um aspecto ritualizado...
P. – Nunca tinha tocado ocarina antes, nos seus discos. Trata-se de experimentar diferentes tipos de respiração, no sentido mais lato deste termo?
R. – Sim. Tenho várias maneiras de desenvolver as técnicas de respiração. Por exemplo, estou a introduzir, lentamente, a utilização da respiração, da sua sonoridade, pelo nariz, como um ritmo alternado à flauta. Uma das coisas que a música tem que ter é uma boa respiração. Num músico de sopros essa respiração é-lhe naturalmente dada pelo facto de ter que respirar.
P. – Também toca, pela primeira vez, em “Lençóis de trigo”, um saltério, que nem sequer é um instrumento de sopro...
R. – Utilizo-o apenas para obter um determinado tipo de ressonância.
P. – E canta muito neste disco...
R. – É uma coisa que tenho andado a fazer nos espectáculos ao vivo. Pensando bem, este disco é como se fosse um espectáculo meu ao vivo. Uso a voz de uma forma onomatopaica que não pode ser escutada separada da flauta.
P. – A espiritualidade que ressalta da sua forma de tocar fez-nos lembrar o flautista indiano Hariprasad Chaurasia. Conhece a sua música?
R. – É um grande amigo meu! Conheci-o na Índia, onde estive muitos anos a estudar flauta, numa altura em que eu tinha arranjado emprego a tocar em filmes indianos. Tornámo-nos amigos. Sou fã dele e reconheço-o como uma influência muito grande na minha música.
P. – E Stephan Micus, outro músico que me parece cada vez mais próximo de si?
R. – Esse já pelo aspecto do conceito. É um músico que já chamo de “vanguarda”, no sentido de ir à frente, de ver a música com outra profundidade e de abrir novos caminhos...
P. – Trata-se de alguém cuja música está muito ligada aos elementos e que, inclusive, já tocou em pedras e em vasos. Sente também essa ligação forte com a Natureza?
R. – É um dos aspectos que sempre me fascinou. Nunca quis tocar uma flauta transversal, metálica. A flauta de bambu sempre representou a minha aproximação a um elemento natural.
P. – Considera-se um músico de fusão?
R. – O termo só me desagrada por achá-lo exagerado. Ou seja, não como frango por ananás. A fusão só faz sentido, ou concordância, ou consonância, na ligação de estilos. Se formos a ver, toda a música que tem uma raiz funda no mundo nasceu de uma fusão. O jazz, por exemplo, é uma música completamente de fusão, no entanto tem uma característica própria. E a nossa própria música tradicional – mais fusão é impossível... Há, realmente, coisas que surgem e se mantém pelo tempo, criam uma raiz e dão frutos de fusão. Mas, ao mesmo tempo, sou um músico que pensa muito em termos de uma música de raiz, há aqui uma bipolaridade. O maior músico é aquele que tem uma raiz muito profunda, mas, ao mesmo tempo, está sempre aberto a encontros.
P. – Como e quando é que vai levar “Navegantes” para a estrada?
R. – Vou levar os músicos todos. O início da digressão pelo país vai ser no próximo dia 3 de Fevereiro, no espaço Roma, em Lisboa. O que não quer dizer que vá fazer o mesmo nos espectáculos de província – não é para minimizar, mas não posso andar com 40 músicos atrás. Aí teremos que fazer um apelo aos “samplers”.