Rão Kyao lança “Junção”
Como um farol
Como um farol
Quando no próximo mês se processar a transferência de poderes do território de Macau, de Portugal para a China, fará todo o sentido escutar o último álbum de Rão Kyao, “Junção”, gravado com a Orquestra Chinesa de Macau. Um sonho sobre a “integração”. Não política mas a que decorre de uma união espiritual
“É como um gajo que tivesse tido um sonho”, assim define o seu autor a história de “Junção”, um álbum que, uma vez mais, demonstra a cumplicidade de Rão Kyao com a filosofia e a música orientais: “Um sonho sobre Macau”. O sonhador é um macaense “imaginário”. Sonha em várias etapas, correspondentes aos 12 temas de “Junção”. A viagem onírica tem início em Coloane, “uma ilha afastada que seria a parte mais selvagem, com mais impacto da natureza no seu estado bruto”. Segue-se “Taipa”, outra ilha, “já com mais movimento”, antes de se entrar em Macau, no “sítio das tendas, dos mercados”. Há um lado romântico, como acontece em todas as boas histórias, sonhadas ou não, “com a entrada de uma rapariga chinesa que simboliza a beleza”. Começa então a parte correspondente “às coisas que os homens fizeram, a parte cristã”. Há Surge o templo de S. Paulo, cuja fachada é um ex-libris de Macau. “Quis associar essa fachada mais a S. Paulo em si, um santo por quem tenho uma grande admiração”, confessa o flautista. “A-Má” é outro templo, neste caso dedicado à deusa do mesmo nome.
Corresponde à “parte budista dos chineses”. A partir daqui o sonhador entra numa fase do sonho em que “começa a haver uma integração dos portugueses e os chineses”. Aparece a guitarra portuguesa, entrelaçando-se com elementos chineses. Ele vê os “portugueses e os chineses a viverem juntos”. Nostalgia, saudade, sentimentos portugueses que, finalmente desembocam na festa, numa “espécie de um vira, mas tocado com o timbre dos instrumentos chineses”.
Chegados a esta fase do sonho convém explicar que “Junção” foi gravado em Cantão com a Orquestra Chinesa de Macau, dirigida por Wong Kin Wai, também autor dos arranjos e compositor do tema “A-Má”.
O sonho prossegue com “Farol da Guia”, “outro tema de integração” (não integração política, como Rão Kyao faz questão de esclarecer -“não pensei na passagem política do território. O que me interessa é o lado mais espiritual”). “É acerca de um farol, algo que, para mim, sempre teve um simbolismo muito grande, algo de imutável que, ao mesmo tempo, indica a direcção às pessoas. As coisas passam mas o farol está sempre lá”. Há imagens de um barco chinês e de um barco português. “Com o farol no meio, a significar a existência de paz no meio disto tudo”. Segue-se a celebração chinesa e os dois elementos que se festejam em “Junção”, o amor, “tomado no seu sentido genérico e universal” e a celebração da paz, afinal o principal motivo que leva
Rão Kyao idealizou todo o guião. Antes, em 1984, Macau já surgira na sua discografia, através do álbum “Macau, o Amanhecer”. Mas o desejo de há muito acalentado era mesmo o de “usar os timbres chineses”. Rão fez uma maqueta com os temas e enviou-a, juntamente com as pautas, para o maestro chinês. As sessões de gravação decorreram “em directo, gravadas de forma clássica, sem qualquer espécie de overdubs”. “É tudo natural”, explica com orgulho o flautista.
“Junção” vai ter apresentação ao vivo, com a mesma orquestra, embora com uma formação um “bocadinho mais reduzida”, que esteve presente no disco, nos próximos dias 26 (no Coliseu do Porto), 27 (no Teatro Gil Vicente, em Coimbra) e 29 (na Aula Magna, em Lisboa).
Corresponde à “parte budista dos chineses”. A partir daqui o sonhador entra numa fase do sonho em que “começa a haver uma integração dos portugueses e os chineses”. Aparece a guitarra portuguesa, entrelaçando-se com elementos chineses. Ele vê os “portugueses e os chineses a viverem juntos”. Nostalgia, saudade, sentimentos portugueses que, finalmente desembocam na festa, numa “espécie de um vira, mas tocado com o timbre dos instrumentos chineses”.
Chegados a esta fase do sonho convém explicar que “Junção” foi gravado em Cantão com a Orquestra Chinesa de Macau, dirigida por Wong Kin Wai, também autor dos arranjos e compositor do tema “A-Má”.
O sonho prossegue com “Farol da Guia”, “outro tema de integração” (não integração política, como Rão Kyao faz questão de esclarecer -“não pensei na passagem política do território. O que me interessa é o lado mais espiritual”). “É acerca de um farol, algo que, para mim, sempre teve um simbolismo muito grande, algo de imutável que, ao mesmo tempo, indica a direcção às pessoas. As coisas passam mas o farol está sempre lá”. Há imagens de um barco chinês e de um barco português. “Com o farol no meio, a significar a existência de paz no meio disto tudo”. Segue-se a celebração chinesa e os dois elementos que se festejam em “Junção”, o amor, “tomado no seu sentido genérico e universal” e a celebração da paz, afinal o principal motivo que leva
Rão Kyao idealizou todo o guião. Antes, em 1984, Macau já surgira na sua discografia, através do álbum “Macau, o Amanhecer”. Mas o desejo de há muito acalentado era mesmo o de “usar os timbres chineses”. Rão fez uma maqueta com os temas e enviou-a, juntamente com as pautas, para o maestro chinês. As sessões de gravação decorreram “em directo, gravadas de forma clássica, sem qualquer espécie de overdubs”. “É tudo natural”, explica com orgulho o flautista.
“Junção” vai ter apresentação ao vivo, com a mesma orquestra, embora com uma formação um “bocadinho mais reduzida”, que esteve presente no disco, nos próximos dias 26 (no Coliseu do Porto), 27 (no Teatro Gil Vicente, em Coimbra) e 29 (na Aula Magna, em Lisboa).
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