Sons
13 de Junho 1997
13 de Junho 1997
Neil Young
Year of the Horse (8)
Reprise, distri. Warner Music
Querem arrumar Neil Young na gaveta dos clássicos, só que ele não deixa. Aos 52 anos de idade, o cantor canadiano foi homenageado pela indústria, entrando para o Rock and Roll Hall of Fame. Neil Young respondeu com uma recusa, alegando que o prémio se transformou, hoje, num mero veículo promocional e lucrativo do canal de televisãoVH1.
O cineasta Jim Jarmusch prestou-lhe outro tipo de homenagem, realizando a partir dos espectáculos de Neil Young com os Crazy Horse uma longa-metragem, “Year of the Horse”, da qual o presente álbum, registado ao vivo durante a digressão realizada no ano passado pela Europa e pelos Estados Unidos, é uma espécie de banda sonora. Considerado “padrinho do grunge” pelas gerações mais jovens, Young recusa a acomodação e o envelhecimento e “Year of the Horse” é prova disso. À medida que os anos passam, o velho “rocker” parece redobrar a energia e a revolta com que entrega a sua voz magoada e a sua guitarra enrouquecida aos delírios da electricidade. Na sequência de “Weld” e “Ragged Glory”, este novo trabalho recupera temas dos Crazy Horse, como “When you dance”, ou da primeira banda importante a que pertenceu, os Buffalo Springfield, como “Mr. Soul”.
A força das interpretações chega a ser avassaladora, com Neil Young a rubricar, uma em cada disco, dois momentos de antologia. O primeiro, “When your lonely heart breaks”, é uma longa despedida marcada pelo tom desesperado da voz e por uma batida implacável. A guitarra chora. No segundo disco, reservado às deambulações mais “free” e onde a fúria das guitarras investe até à loucura do ruído puro, destaca-se o derradeiro tema, “Sedan delivery” – “Smell the horse on this one!”, exclama o autor no início –, viagem arrebatadora ao inferno do pó. As guitarras revolvem-se na sua adição ao “noise” e à distorção enquanto o ritmo e as palavras aceleram num hino sem freio nos dentes à confrontação eterna, quebrado por momentos de reflexão onde o passado atravessa a ilusão do presente. Canção em duas velocidades, que a cada momento se cruzam e confundem, representa a fuga em frente e o grito que perdurará até à morte, enquanto Neil Young permanecer de pé empunhando a bandeira esfarrapada do rock’n’roll.
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