10/06/2011

Soul Center - Soul Center

18 de Fevereiro 2000
DISCOS – POP ROCK

Soul Center
Soul Center (6/10)
W.v.B. Enterprises, distri. Ananana


Uma das perguntas que ao longo dos últimos anos fiz a mim próprio foi: “Para que serve a música de dança?”. Sem que me desse conta, fez-se luz e a resposta brotou, luminosa, no meu cérebro: “Para dançar”. Armado com esta descoberta encarei de frente a tarefa de escrever sobre este álbum sobre o qual a informação é nula, exceptuando o facto de me terem dito que o mentor dos Soul Center é o alemão Thomas Brinkmann, o mesmo que no ano passado, no concerto de encerramento do Festival Reset!, me fez corar de vergonha, pondo-se a dançar ritmos tecno, ali em frente de toda a gente! O tema de abertura de “Soul Center” prolonga aquilo que se ouviu naquela ocasião: música electrónica primária mas extremamente eficaz. As coisas mudam de figura no tema seguinte, com um swing construído a partir de samples vocais que lembra “Idioglassia”, um excelente e ignorado álbum de Chris Burke. A batida tecno-tribal regressa no tema nº3, o que me obrigou a saltar uma vez mais do computador para o meio da sala, possuído pelo furor da dança. “Funky man!”, gritei de entusiasmo, os olhos injectados de sangue, as pernas fora de controle. Mais “funk” e vozes sampladas na faixa 4. Começo a ficar preocupado. Estou a gostar. Vejo ao longe James Brown acenar com os braços. Uma coberta de sintetizador de cetim analógico aumenta ainda mais a sedução. Thomas Brinkmann é um pragmático, tudo na sua música converge para a sagrada função de fazer dançar, custe o que custar, de forma por vezes linear mas sempre sob o comando, mais do que da inteligência, dos estímulos disparados pelos sentidos. Sem ser inovador, soando sempre a anacronismo, “Soul Center” toca, afinal, nesse tal centro da alma – lugar onde convergem e de onde partem todas as danças.

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