26/05/2009

Cream - These Were The Days

Sons

24 de Outubro 1997
REEDIÇÕES - POP ROCK

Leite do dia

Cream
Those Were the Days (7)

4xCD Polydor, distri. Polygram

“Those were the days” cantava Mary Hopkin, uma loirinha protegida de Paul McCartney, em 1968. Nesse mesmo ano os Cream lançavam o duplo “Wheels of Fire”, lançando mais uma acha para a fogueira do Psicadelismo. Esses foram, de facto, os dias de uma das bandas seminais dos anos 60, todos os dias do ano compreendidos entre 1966 e 1969. Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker formavam uma daquelas equipas que, enquanto funcionaram, eram imbatíveis, revolucionando com a sua música os alicerces do rock. Uma música que aliava a energia de um formidável “power trio” com a subtileza de canções melodicamente esculpidas em filigrana. Foi nesse espaço de tempo que os Cream gravaram a sua obra original: “Fresh Cream”, de 1966, “Disraeli Gears”, de 1967, um dos pilares do “Verão do amor” e dos devaneios psicadélicos mais consistentes, “Wheels of Fire”, de 1968, constituído por dois discos, um de estúdio, outro ao vivo, e “Goodbye”, de 1969, contendo três temas de estúdio e o resto material de concerto. A totalidade destes discos já se encontrava disponível, a preços baixos, no mercado nacional. No ano passado saiu “The Very best of Cream”, uma muito interessante colectânea de temas remasterizados que somavam uma dimensão extra à música do grupo.
Não se compreende, por isso, muito bem, a oportunidade do lançamento da presente caixa de 4 CD, divididos em dois com material de estúdio e dois com actuações ao vivo, compreendendo a totalidade de “Fresh Cream”, “Disraeli Gears” e “Wheels of Fire”, mais excertos de “Goodbye” e dos dois volumes de “Live Cream”, editados pela primeira vez, respectivamente em 1970 e 1972. Os temas não foram remasterizados, sendo a qualidade de som praticamente idêntica à das edições já existentes. Não sendo, pelos motivos apontados, material essencial, “Those were the days” apresenta, porém, pormenores de interesse, como sejam a inclusão, a abrir o pacote, do primeiro “single” dos Cream, “Wrapping paper” (mas que já integrava o alinhamento de “Fresh Cream”...), a par de outro sete polegadas, “Anyone for tennis”, mais os inéditos “Lawdy mama”, a “demo” “The clearout” e o “jingle” publicitário “Falstaff beer commercial”. Há ainda uma versão de “Passing the time” diferente da que aparece no alinhamento de “Wheels of fire” e versões alternativas de temas ao vivo, “NSU”, “Toad” (com mais um minuto de música acrescentado aos 16 que já tinha em “Wheels of fire”...) e “Sunshine of your love”, um dos clássicos do grupo nunca antes editado em versão de concerto. Fica ainda a leitura do indispensável livro de 48 páginas, a fazer valer o dinheiro dispendido na caixa, e o prazer de voltar a ouvir a grande música dos Cream, em que o virtuosismo de excepção dos seus três elementos nunca ofuscou a originalidade do seu trabalho de composição. Quanto a optar pela discografia dispersa ou por esta versão compactada, isso envolve já uma ordem de critérios que escapa à excelência da matéria musical.

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