Sons
5
de Fevereiro 1999
Beijos ao vivo
Ala
dos Namorados
Solta-se o Beijo (6)
Ed. e distri. EMI-VC
A
Ala dos Namorados é uma boa e sólida banda portuguesa. Das poucas, aliás, que
ainda se podem considerar genuinamente portuguesas. “Solta-se o Beijo” reúne
material gravado ao vivo, o ano passado, em Paço de Arcos, dos seus três álbuns
de estúdio, “Por Minha Dama” e “Ala dos Namorados”, ambos de 1994, e “Alma”, de
1996. Mais um original, “Solta-se o beijo”, e três temas nunca antes gravados
pelo grupo, “Can’t help falling in love”, “Perdidamente” e “Não tragais
borzeguis pretos”. De “Solta-se o beijo” nada a dizer de especial, num tema de
“music hall”, com letra de Catarina Furtado, vocalizado pela convidada Sara
Tavares. As harmonias vocais dos Vozes da Rádio funcionam como mais-valia no
“standard”, “Can’t help falling in love”, enquanto “Perdidamente”, um original
dos Trovante sobre um poema de Florbela Espanca, conta novamente com uma
vocalização de Sara Tavares, cujos trejeitos não fazem esquecer Luís Represas.
O tom de música antiga, tão caro à Ala, está presente no tradicional do séc.
XVI “Não tragais borzeguis pretos”, no registo de trovador que casa bem com a
voz de Nuno Guerreiro. O modo como a Ala dos Namorados se apropria do universo
folk, adoptando-a a um discurso original, é, aliás, uma das características
mais fascinantes do grupo, exemplarmente demonstrada em temas como “De tudo e
de nada” ou no belíssimo, e colorido com tonalidades medievais, “Manto negro”.
E se a voz de Nuno Guerreiro se mostra tão à vontade tanto nos ambientes mais
fadistas como nas baladas ou nas marchas populares, já o registo mais agudo de
fantoche que utiliza em “Princesa desalento” irrita sobremaneira, um final
infeliz para um disco algo desequilibrado, pautado com demasiada frequência
pelo ruído das palmas da assistência. Nada como a intimidade do estúdio para
fazer ressaltar a paixão dos namorados.
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