Programas
VIDEODISCOS QUARTA-FEIRA,
2 MAIO 1990
TOM PETTY & THE HEARTBREAKERS
Live!
Virgin
Music Video, Edisom – Venda Direta
O estatuto de arte
desde há muito que foi concedido, por decreto-lei, à música. Quanto ao vídeo, é
bastante mais novinho, mas nem por isso deixou de dar passos importantes no
sentido da sua emancipação artística. Música e vídeo nasceram para se
entenderem. Por vezes, a combinação não funciona, ou porque os sons não estão à
altura das imagens (o que frequentemente acontece no caso dos clips, em que a
imaginação do realizador e/ou as técnicas de ponta, no campo visual, excedem de
longe a pobreza musical), ou o fenómeno inverso, em que a “videoart” perde as
três últimas letras para se reduzir a um amontoado de imagens desconexas,
desligados do seu complemento sonoro.
Mais doloroso e
dramático é quando ambas as partes constitutivas da videocassete musical se
ficam pela completa nulidade. Infelizmente é este o caso do objeto em análise.
A música de Tom Petty & The Heartbreakers inclui-se na miseranda categoria
do “Rock FM”, sopa artificial e insípida cuja finalidade única é vender. Quanto
às imagens, consistem numa sequência, sempre idêntica, de planos, focando os
músicos em plena função, sem qualquer espécie de imaginação ou arrojo formal. O
visionamento e audição desde subproduto – que ofende por igual as duas
linguagens estéticas que, por princípio, deveria servir – tornam-se deste modo
uma autêntica tortura. Os apreciadores da “música” de Tom Petty ou os sócios de
videoclubes que acham “O Maneta de Ferro e a Guilhotina Voadora” o máximo, não
devem ter tantos pruridos.
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