"Fennesz, Biosphere..." (Fernando Magalhães)
Fernando Magalhães
03.12.2001
160415
Olá a todos
Comecemos pelo "concerto" dos BIOSPHERE. Que concerto? Em casa ouve-se melhor a música dos excelentes "Substrata" e "Cirque". Faço minhas as palavras de outros forenses que estiveram presentes em Serralves. Que diabo, não teria ficado assim tão caro arranjar um suporte visual qualquer para acompanhar a belíssima música de Geir Jenssen (embora, ao vivo, fique sempre a suspeita de estarmos a ouvir, na maioria, sons pré-gravados...).
O anti-acontecimento do ano. Foi pena...
Bastante melhor foi, com efeito, o encontro dos forenses no Labirinto. Imagino que o Mário tenha pago para aí uns 20 contos nos Vodkas :).
Também apreciei a celeridade da empregada que servia às mesas no jardim. Super rápida, a miúda! :D
O Luis M, profundo conhecedor da cidade, confirmou ser um habitué das noites do Porto. :D
Uma noite bem passada, em suma.
À saída do "concerto", o Paulo Vinhas, da Matéria Prima, arranjou-me, finalmente, um exemplar do esgotadíssimo "Endless Summer", do Christian FENNESZ (bem como o "Substrata 2", de Biosphere e o disco do Rafael Toral, também para a Touch).
Apesar de ainda só ter ouvido o CD (do Fennesz) uma vez, confesso que senti alguma desilusão. Parece-me ser um bom disco, mas não um grande disco. O Fennesz revela-se aqui sobretudo como um "bricoleur" do som e do ruído "harmonizado", mas os resultados parecem-me não estar à altura do álbum anterior (o do título com as coordenadas geográficas).
Há achados sonoros engraçados, como os do tema de abertura, em que o ruído sugere harmonias quase subliminares, vibrafones cristalinos e sugestões melódicas em temas como "Caecilia" mas sobram sequências demasiado longas daquilo a que chamo "chill out" com rugas...área na qual existe um álbum que reputo de excelente, verdadeiramente hipnótico, na forma como consegue induzir no auditor estados de consciência alternativa, chamemos-lhes assim...: "Pop", do projecto GAS.
"Endless Summer" pode ser sonicamente mais variado mas não vai tão fundo na investigação psico/musical, como os GAS.
Para já um 7/10, 7,5/10 com alguma boa vontade. Mas é evidente que vou ter que o ouvir mais vezes.
Quanto ao "Substrata", remasterizado, é uma verdadeira "trip"... já não na biosfera mas na estratosfera :)
FM
Comecemos pelo "concerto" dos BIOSPHERE. Que concerto? Em casa ouve-se melhor a música dos excelentes "Substrata" e "Cirque". Faço minhas as palavras de outros forenses que estiveram presentes em Serralves. Que diabo, não teria ficado assim tão caro arranjar um suporte visual qualquer para acompanhar a belíssima música de Geir Jenssen (embora, ao vivo, fique sempre a suspeita de estarmos a ouvir, na maioria, sons pré-gravados...).
O anti-acontecimento do ano. Foi pena...
Bastante melhor foi, com efeito, o encontro dos forenses no Labirinto. Imagino que o Mário tenha pago para aí uns 20 contos nos Vodkas :).
Também apreciei a celeridade da empregada que servia às mesas no jardim. Super rápida, a miúda! :D
O Luis M, profundo conhecedor da cidade, confirmou ser um habitué das noites do Porto. :D
Uma noite bem passada, em suma.
À saída do "concerto", o Paulo Vinhas, da Matéria Prima, arranjou-me, finalmente, um exemplar do esgotadíssimo "Endless Summer", do Christian FENNESZ (bem como o "Substrata 2", de Biosphere e o disco do Rafael Toral, também para a Touch).
Apesar de ainda só ter ouvido o CD (do Fennesz) uma vez, confesso que senti alguma desilusão. Parece-me ser um bom disco, mas não um grande disco. O Fennesz revela-se aqui sobretudo como um "bricoleur" do som e do ruído "harmonizado", mas os resultados parecem-me não estar à altura do álbum anterior (o do título com as coordenadas geográficas).
Há achados sonoros engraçados, como os do tema de abertura, em que o ruído sugere harmonias quase subliminares, vibrafones cristalinos e sugestões melódicas em temas como "Caecilia" mas sobram sequências demasiado longas daquilo a que chamo "chill out" com rugas...área na qual existe um álbum que reputo de excelente, verdadeiramente hipnótico, na forma como consegue induzir no auditor estados de consciência alternativa, chamemos-lhes assim...: "Pop", do projecto GAS.
"Endless Summer" pode ser sonicamente mais variado mas não vai tão fundo na investigação psico/musical, como os GAS.
Para já um 7/10, 7,5/10 com alguma boa vontade. Mas é evidente que vou ter que o ouvir mais vezes.
Quanto ao "Substrata", remasterizado, é uma verdadeira "trip"... já não na biosfera mas na estratosfera :)
FM
César Laia
03.12.2001
160421
Tenho esse álbum dos GAS em mp3 há mais de um ano e
nunca o ouvi! Se calhar está na altura ouvir :D
Confesso que gosto muito mais do "Endless Summer" que do álbum das coordenadas. Mas gostos são gostos :)
Ah, e a tua sugestão para ouvir Fridge foi preciosa, o "Happyness" é muito bom! :) :D
O Número também foi uma semi-desilusão...
César
np: Safety Scissors "parts water"
Confesso que gosto muito mais do "Endless Summer" que do álbum das coordenadas. Mas gostos são gostos :)
Ah, e a tua sugestão para ouvir Fridge foi preciosa, o "Happyness" é muito bom! :) :D
O Número também foi uma semi-desilusão...
César
np: Safety Scissors "parts water"
Fernando Magalhães
03.12.2001
160445
Atenção, que o CD dos GAS não é de audição fácil. É uma espécie de
"ambient" intoxicante, repetitiva, que funciona na forma como põe o
cérebro a construir arquitecturas virtuais. Somos nós que acabamos por criar, a
partir dos timbres "saturados" que o ouvido recebe, uma sinfonia
irreal de sons.
Quanto aos FRIDGE...ehehe...eu recomendo a audição do grupo, sem dúvida, mas não através de "Happiness" (qu quase toda a gente neste forum venerou J... ), que considero um álbum de certa forma "falhado", em comparação com os anteriores e, estes sim, altamente recomendáveis, "Semaphore" e "Eph".
FM
Quanto aos FRIDGE...ehehe...eu recomendo a audição do grupo, sem dúvida, mas não através de "Happiness" (qu quase toda a gente neste forum venerou J... ), que considero um álbum de certa forma "falhado", em comparação com os anteriores e, estes sim, altamente recomendáveis, "Semaphore" e "Eph".
FM
Mário Z.
03.12.2001
160452
Há um pormenor que "facilita" a audição do álbum dos GAS. É
que há por lá temas praticamente iguaizinhos uns aos outros... À
"segunda" e à "terceira" já não se estranha tanto. ;)
Mais a sério: apesar de gostar bastante do tipo de som dos GAS (ou não fosse eu fã dos Biosphere), considero que o álbum é um disco em parte falhado, precisamente por causa das desnecessárias "repetições"...
Saudações
Mário
Mais a sério: apesar de gostar bastante do tipo de som dos GAS (ou não fosse eu fã dos Biosphere), considero que o álbum é um disco em parte falhado, precisamente por causa das desnecessárias "repetições"...
Saudações
Mário
PS: Espero que com novas audições as qualidades do "Endless
Summer" possam superar os eventuais defeitos... :)
Fernando Magalhães
03.12.2001
170511
Se ouvires bem, não são bem "repetições". Há diferenças
subtis de tema para tema.
Também não creio que a música de "Pop" tenha muito a ver com a dos Biosphere. "Pop" terá muito mais a ver com (apesar de na aparência, o som remeter para uma certa ambient tecno...) as estruturas de composição de um Steve Reich ou do próprio Philip Glass da fase inicial. Música mântrica, enfim.
Assim: Espero que com novas audições as qualidades do "Pop" possam superar os eventuais defeitos... :)
FM
Também não creio que a música de "Pop" tenha muito a ver com a dos Biosphere. "Pop" terá muito mais a ver com (apesar de na aparência, o som remeter para uma certa ambient tecno...) as estruturas de composição de um Steve Reich ou do próprio Philip Glass da fase inicial. Música mântrica, enfim.
Assim: Espero que com novas audições as qualidades do "Pop" possam superar os eventuais defeitos... :)
FM
aavv
03.12.2001
170539
Vocês podiam aconselhar-me um disco do Philip Glass
para primeira audição? (nunca ouvi nadsa dele) Já há uns tempos que gostava de
saber ao que soa, mas não sei por onde é qie hei-de começar.
aavv
aavv
Fernando Magalhães
04.12.2001
150353
Bom, há várias vertentes musicais no interior da obra do Philip Glass.
Os discos mais recentes (anos 80) são para esquecer. PG a imitar PG, segundo
uma fórmula que se institucionalizou por completo.
Para mim, o melhor dele é mesmo o 1º período, das peças monocromáticas, repetitivas e hipnóticas (um efeito semelhante ao dos Gas, embora com texturas sonoras diferentes) até à exaustão, mas ainda sem os tiques que viriam a marcar grande parte da sua discografia posterior. Refiro-me a "Music with Changing Parts" (71) e "Two Pages/Contrary Motion" (73/75), ambos editados pela Elektra Noinsesuch em versões remasterizadas.
Claro, há a ópera "Einstein on the Beach", de 1978, considerado o seu magnum opus. Recomendo a versão aumentada, melhorada e remasterizada, de 1993.
Também acho muito curioso um disco pouco conhecido dele, o "North Star", igualmente dos anos 70, em que o minimalismo se aproxima de um certo rock progressivo a la Magma, sob a influência de Carl Orff.
Claro que depois tens as BSO todas, as óperas grandiosas, enfim o PG average que ajudou a destruir o que de fascinante existia na 1ª geração do minimalismo norte-americano.
FM
Para mim, o melhor dele é mesmo o 1º período, das peças monocromáticas, repetitivas e hipnóticas (um efeito semelhante ao dos Gas, embora com texturas sonoras diferentes) até à exaustão, mas ainda sem os tiques que viriam a marcar grande parte da sua discografia posterior. Refiro-me a "Music with Changing Parts" (71) e "Two Pages/Contrary Motion" (73/75), ambos editados pela Elektra Noinsesuch em versões remasterizadas.
Claro, há a ópera "Einstein on the Beach", de 1978, considerado o seu magnum opus. Recomendo a versão aumentada, melhorada e remasterizada, de 1993.
Também acho muito curioso um disco pouco conhecido dele, o "North Star", igualmente dos anos 70, em que o minimalismo se aproxima de um certo rock progressivo a la Magma, sob a influência de Carl Orff.
Claro que depois tens as BSO todas, as óperas grandiosas, enfim o PG average que ajudou a destruir o que de fascinante existia na 1ª geração do minimalismo norte-americano.
FM
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