Fernando Magalhães
28.03.2002 140225
O filme é de uma lógica terrífica.
Trata-se da mais virulenta e mortífera análise (crítica?) a cinema, e em particular a Hollywood, que alguma vez vi, apenas com paralelo em "Barton Fink", dos irmãos Cohen.
lembrem-se da 1ª e da última imagem: fantasmas. Os anjos de Los Angeles são espectros que a cidade cria e dos quais se alimenta.
O filme, entre outras "histórias", conta a transformação de uma pretendente a estrela de cinema em fantasma.
Chega a Hollywood repleta de sonhos (toda a sequência inicial apresenta a "perfeição" da "middle class" americana muito querida de Lynch.
O cinema devora o espírito, ao transformar a vida em imagem.
O ator é vampirizado pelas suas próprias alucinações. Toda a cena do Club del silêncio" é sintomática... "não existe banda, não existe música. Basta imaginá-los para eles aparecerem. Está tudo GRAVADO NA FITA!"
Toda a primeira parte é uma alucinação da tal loura pretendente a atriz. Há o que ela gostaria que tivesse acontecido, e o que aconteceu "realmente".
Na cena final do jantar. A morena para a loura: É uma atrizeca secundária, DEIXEI-A ENTRAR EM ALGUNS DOS MEUS FILMES!"
Aqui a coisa fia mais fino. Esquizofrenia. Manipulação. Ela, a loura (e nós, pelo cinema...) somos sugados para dentro da alucinação de outrem. Passando a ser personagens do sonho de outrem.
"Mulholland drive" é a estrada (mais o atalho, o "caminho secreto") que leva à loucura.
Cena da câmara com o velho na cadeira de rodas. Cena recorrente no cinema de Lynch.
Trata-se do interior de uma...câmara de filmar. O velho é o prisma, que inverte a luz, da mesma maneira que o cinema inverte a realidade.
Repararam que além do velho estão lá outras duas personagens? Uma delas fala lá para dentro ATRVÉS DE UMA PORTA DE VIDRO - a lente.
O "monstro" é parecido com o cadáver da morena, notaram?
O medo, indutor de todos os pesadelos.
O mais pavoroso de tudo é que, ao invés de "Uma História Simples" (em que há uma lógica linear, de A para B), é que "Mulholland Drive" é um ciclo fechado.
Alguém sonha alguém que irá sonhar o autor do sonho. Pescadinha de rabo na boca. A esquizofrenia é isto. A mente como um quarto fechado, sem portas de saída para o "mundo real".
Há muito mais coisas, mas agora vou ter que almoçar.
Até já e evitem falar de sexo
FM
Trata-se da mais virulenta e mortífera análise (crítica?) a cinema, e em particular a Hollywood, que alguma vez vi, apenas com paralelo em "Barton Fink", dos irmãos Cohen.
lembrem-se da 1ª e da última imagem: fantasmas. Os anjos de Los Angeles são espectros que a cidade cria e dos quais se alimenta.
O filme, entre outras "histórias", conta a transformação de uma pretendente a estrela de cinema em fantasma.
Chega a Hollywood repleta de sonhos (toda a sequência inicial apresenta a "perfeição" da "middle class" americana muito querida de Lynch.
O cinema devora o espírito, ao transformar a vida em imagem.
O ator é vampirizado pelas suas próprias alucinações. Toda a cena do Club del silêncio" é sintomática... "não existe banda, não existe música. Basta imaginá-los para eles aparecerem. Está tudo GRAVADO NA FITA!"
Toda a primeira parte é uma alucinação da tal loura pretendente a atriz. Há o que ela gostaria que tivesse acontecido, e o que aconteceu "realmente".
Na cena final do jantar. A morena para a loura: É uma atrizeca secundária, DEIXEI-A ENTRAR EM ALGUNS DOS MEUS FILMES!"
Aqui a coisa fia mais fino. Esquizofrenia. Manipulação. Ela, a loura (e nós, pelo cinema...) somos sugados para dentro da alucinação de outrem. Passando a ser personagens do sonho de outrem.
"Mulholland drive" é a estrada (mais o atalho, o "caminho secreto") que leva à loucura.
Cena da câmara com o velho na cadeira de rodas. Cena recorrente no cinema de Lynch.
Trata-se do interior de uma...câmara de filmar. O velho é o prisma, que inverte a luz, da mesma maneira que o cinema inverte a realidade.
Repararam que além do velho estão lá outras duas personagens? Uma delas fala lá para dentro ATRVÉS DE UMA PORTA DE VIDRO - a lente.
O "monstro" é parecido com o cadáver da morena, notaram?
O medo, indutor de todos os pesadelos.
O mais pavoroso de tudo é que, ao invés de "Uma História Simples" (em que há uma lógica linear, de A para B), é que "Mulholland Drive" é um ciclo fechado.
Alguém sonha alguém que irá sonhar o autor do sonho. Pescadinha de rabo na boca. A esquizofrenia é isto. A mente como um quarto fechado, sem portas de saída para o "mundo real".
Há muito mais coisas, mas agora vou ter que almoçar.
Até já e evitem falar de sexo
FM
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