Y 25|JANEIRO|2002
discos|escolhas
THE NOTWIST
Neon Golden
City Slang, distri. EMI - VC
6|10
Na
essência revisionista, o pós-rock, enquanto movimento, apodreceu. Sobreviveram
aqueles que, assimilando de forma consciente as diversas formas e tradições –
do krautrock ao Progressivo, do jazz à eletrónica ambiental ou industrial, da
bossa-nova à new wave – construíram a partir delas propostas originais. Não
será o caso destes The Notwist, grupo alemão a bordo desde o primeiro momento
no comboio do pós-rock, que terá ficado aprisionado em toda a espécie de
clichés que fizeram e desfizeram o género. “Neon Golden” é o seu quinto álbum e
seria, sem dúvida, um bom álbum se o calendário pudesse recuar uns bons cinco
anos. Os Notwist aprenderam, é claro, a apurar o produto, mas, retirado o
verniz e o “savoir faire”, o que fica soa a requentado: vénias aos anos 80 e
aos New Order, vocalizações com uma pontinha de swing e muita atenção prestada
às lições do professor Jim O’Rourke, da academia de pós-rock de Chicago.
Saxofones, clarinete baixo, violoncelo, contrabaixo, teclados vários e
percussões étnicas são arrumadas com estilo e elegância na mesa de mistura ao
lado das programações, mas o que, numa primeira audição, se ouve com agrado, em
canções bem equilibradas entre o eletrónico e o acústico – “This room” chega
aos sentidos a galope num órgão de cetim, “Solitaire” tem a tristeza
retro-futurista dos Legendary Pink Dots… - perde rapidamente acutilância, de
tanto repisar as velhas fórmulas. Ainda assim, merecedor de entrar para o museu
do pós-rock.
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