22/06/2020

Tuxedomoon no Sons em Trânsito de Aveiro


CULTURA
SEXTA-FEIRA, 22 OUT 2004

Tuxedomoon no Sons em Trânsito de Aveiro

Tiveram a fama e o proveito, mas não ficaram ricos. Nenhum deles comprou casa nova, A primeira vinda a Portugal do grupo americano Tuxedomoon é o acontecimento mais importante do festival Sons em Trânsito (SET) que, de 5 a 13 de Novembro, decorrerá em Aveiro. Embora possa causar estranheza a sua inclusão num programa preenchido por artistas de “world music”, a presença, dia 7, desta banda de São Francisco que marcou os anos 80 e que, já este ano, regressou ao ativo com um novo álbum, poderá constituir um dos concertos mais excitantes do ano.
            Depois do arranque com o EP “No Tears” e de fazerem a primeira parte de um concerto dos Devo, os Tuxedomoon gravaram o álbum de estreia, “Half-Mute” (1980), ao qual se seguiu a obra-prima “Desire” (1981), dois dos trabalhos mais experimentais da banda e obras emblemáticas do início dos anos 80.
            Mais conhecidos na Europa, os Tuxedomoon mudaram-se para Roterdão, tendo a sua música refletido a partir daí essa europeização, como se pode apreciar nos álbuns “Holy Wars” e “You”. O mini-álbum “Ship of Fools”, “Divine”, para uma coreografia de Maurice Béjart, e o obscuro “Suite en Sous-Sol” são outras das obras de referência deste grupo, que já este ano gravou o álbum “Cabin in the Sky”, ao nível dos seus melhores.
            No capítulo da “world”, o Sons em Trânsito não deixa igualmente os seus créditos por mãos alheias. Janita Salomé e os Segue-me à Capela constituem a representação portuguesa que, no dia 5, abre o festival. No dia seguinte o inglês Jim Moray, a quem já chamaram o “Radiohead da folk”, procurará provar a justeza do seu disco de estreia ter sido considerado “álbum do ano” pela BBC.
            Diretamente do cadinho da música cubana, Omara Portuondo atuará no SET no dia 11. Omara é uma das presenças no catálogo de luxo “Buena Vista Social Club”. Dia 12, os espanhóis Elbicho irão mostrar que não são só os Ojos de Brujo que são capazes de dar a volta ao texto ao flamenco. A fechar estará Afel Bocoum, do Mali, intérprete do chamado “blues do deserto” e discípulo do mestre Ali Farka Touré.

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