15/01/2009

Hoje Guimarães, amanhã Belém [Neo Simphonyx]

POP ROCK

30 Abril 1997

BANDAS NOVAS
O POP/ROCK anda à procura de novos artistas e bandas portuguesas. Não temos preconceitos de línguas, cores ou paladares musicais. Só precisamos que nos enviem gravações e um contacto telefónico. Fotos e biografias não são obrigatórias, mas muito convenientes.


HOJE GUIMARÃES, AMANHÃ BELÉM

Tocar Bach, Vivaldi ou Prokofiev com guitarras eléctricas e bateria recorda de imediato o rock sinfónico dos anos 70 e bandas como os Ekseption, The Nice ou Emerson, Lake and Palmer. Pois é isto mesmo que fazem os Neo Simphonyx, uma banda de Guimarães que pretende “fazer chegar a música clássica a todo o género de ouvintes, em qualquer faixa etária”.
“Temos uma interpretação da música baseada muito nos originais, tal como foram compostos”, elucida Paulo Magalhães, um dos dois guitarristas do grupo, com formação clássica. As guitarras eléctricas, o baixo e a bateria substituem os instrumentos clássicos. “Os violinos, essa coisa toda, as pessoas não estão para ouvir esse tipo de instrumentos. Não têm paciência, não estão habituados, até porque a música, hoje, é mais eléctrica”. O grupo andou algum tempo a tocar Police e Queen, até chegar ao momento em que optaram pela recriação do reportório clássico. Embora a maioria dos elementos tenha formação clássica, os arranjos são feitos “de ouvido”: “Tiramos as partes mais graves para o baixo, as melodias principais para as guitarras, se houver mais, são feitas pelo teclado. Ao vivo conseguimos criar uma sonoridade quase de orquestra”.
Escolher as obras é que foi “um bocado complicado”. Mozart, Beethoven e Bach são os eleitos, só que muitos temas destes compositores “não davam para tocar ao vivo, não era possível fazer a transposição”. Gastaram quase dois anos neste processo de selecção, até chegarem ao actual alinhamento que inclui peças, além destes compositores, de Fauré, Richard Strauss, Prokofiev, Tchaikovsky, Rossini e Bizet.
“A nossa música está muito na linha do rock sinfónico”, confirma Paulo Magalhães. A mesma linha seguida pelo outro lado deste projecto, que talvez se passe a chamar simplesmente Simphonyx, onde os cinco músicos, mais o vocalista Carlos Barros, se dedicam a compor e interpretar apenas originais do grupo, como “Masquerade” e “Red moon”, com letras em inglês que falam do “Imaginário”, do “belo” e do “futurista”.
Gostavam de gravar um disco. Mandaram uma maqueta “para todas as editoras nacionais”. E para o estrangeiro, “seguramente aí para umas 30 ou 40”. Receberam quatro ou cinco respostas do estrangeiro, “principalmente da Alemanha”. “Ficaram com a cassete em arquivo, para posterior análise”. De Portugal não receberam nenhuma, a não ser da Independent records que, embora tecendo elogios à banda, disse “não ter hipóteses de editar o trabalho”.
Ao vivo, os Neo Simphonyx não descuram uma apresentação adequada à música que fazem. Vestem-se a preceito com trajes do século XVIII, que mandaram fazer, e utilizam projecções de imagens alusivas aos temas. Já tiveram uma bailarina, mas a escassa dimensão dos palcos, impediu a continuação da experiência. Mas levam um poeta para declamar poemas da sua autoria.
Os Neo Simphonyx têm tocado sobretudo nos bares dos arredores de Guimarães, no Porto e em Famalicão, aqueles com ambiente mais calmo, onde as pessoas podem ouvir, mas o seu grande sonho é poderem um dia “tocar no CCB, acompanhados por uma orquestra”

Nome Neo Simphonyx
Origem Guimarães, em 1989
Formação Martinho (guitarra), Paulo (guitarra), Mota (baixo), Carlos (bateria) e Martinho (teclados e guitarra)
Ponto alto Chegar à formação ideal, à qual chegaram somente há dois anos atrás. Antes “eram só trocas de guitarristas e do baixista”. Em termos de actuações ao vivo: Concerto num concurso realizado da discoteca Komplexus, em Famalicão, onde alcançaram o 2º lugar. “Estavam cerca de três mil pessoas e fomos muito bem recebidos”.

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