18/01/2009

Paul McCartney - Flaming Pie

Pop Rock

14 Maio 1997
poprock

Paul McCartney
Flaming Pie
MPL COMMUNICATIONS, DISTRI. EMI - VC

A estrada longa e ventosa, não se saberá onde irá dar. Era uma vez um grupo que desapareceu numa das suas curvas. Um dos elementos desse grupo ficou por lá. Os outros três regressaram e fizeram frente ao mundo. Paul foi quem tirou maiores proveitos. Encetou o seu próprio caminho e foi andando. Com asas. Mas a encruzilhada teria que chegar um dia. E Paul McCartney acordou, abandonou os Wings e lembrou-se de quanto gravar discos era, acima de tudo, um prazer. Discos como os mais antigos do tal grupo. Discos como os seus dois primeiros, a solo, “McCartney” e “Ram”, deliciosas peças de artesanato na quais os ex-Beatle punha em relevo toda a sua fabulosa capacidade para inventar melodias perfeitas.
Paul passou os últimos anos a escrever canções. Na sua quinta, tranquilamente. Sem pressões. A recente “Antologia” com material de arquivo dos Beatles despertou-o para esses tempos em que a simplicidade era o caminho para a magia. Então Paul entrou de novo em estúdio armado apenas com a confiança em si próprio e gravou mais um doce. A sua tarte flamejante.
Em “Flaming Pie” ouvimo-lo tocar quase todos os instrumentos, guitarras, piano, baixo, bateria, vibrafone, percussões. Com poucas ajudas. A sua mulher, Ringo Starr (não, Paul McCartney não é casado com Ringo), uma orquestra ocasional num ou noutro tema. E Jeff Lyne, que ficou da produção da “Antologia”. É, na verdade, um retorno á simplicidade de processos. Mas a ingenuidade perdeu-se. Porque o passado não se repete.
Mesmo assim, saboreia-se com deleite esta tarte confeccionada com requintes de culinária. Serve-se cortada em quatorze canções. Uma delas, para juntar à galeria dos clássicos de McCartney: “Somedays”. Por instantes, ficamos com a ilusão de que a estrada longa e ventosa não está deserta. (7)

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