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19|JULHO|2002
roteiro|discos
STEPHAN MICUS
Towards the Wind
ECM,
distri. Dargil
8|10
Seis flamingos flamejantes sobrevoam a noite. Fogo, rocha,
altitude. À semelhança da imagem da capa de “Towards the Wind”, a música de
Stephan Micus desenvolve-se num jogo de contrastes com um ente da Natureza.
Lentamente, estendendo ramificações, tateando os elementos e os timbres de
instrumentos exóticos. “Towards the Wind” é uma raridade, na medida em que
centra a atenção num instrumento de palheta, algo que não acontecia desde o já
longínquo “Till the End of Time”, onde se podia ouvir um korthold medieval. Foi
preciso o músico arménio Djivan Gasparyan lhe dar a conhecer e o ensinar a
tocar o “duduk” para finalmente se operar a metamorfose no som que Micus tem
“dentro da cabeça” e onde, diz, se cruzam “a respiração do vento, o grito dos
seres humanos, o espaço do deserto, o mar e a luz pura das montanhas cobertas
de neve”. A nostalgia do duduk, trazendo consigo o choro rarefeito das
montanhas, eleva-se dos restantes quadros, pintado a kalimba, guitarra,
shakuhachi, dondon, sattar e voz. O filme não é novo. Mas os filmes eternos não
se gastam. Experimentem escutar “Birds of dawn” e voar nas asas do flamingo.
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