Y 17|DEZEMBRO|2004
roteiro|discos
STEPHAN MICUS
Life
ECM,
distri. Dargil
8|10
Stephan
Micus continua a aumentar a sua coleção de instrumentos do mundo e a
utilizá-los para criar um dos compêndios mais completos de “World music”
imaginária. Em “Life” os novos artefactos são a “bagana”, lira da Etiópia, o
“maung”, 40 gongos afinados de Burma, o “dondon”, tambor do Ghana e o
“Kyeezee”, sinos de Burma usados em cerimónias budistas. Mais “tin whistle”,
“sho”, saltério, “dilruba”, “nay” e vozes, todos gravados em pistas múltiplas.
“Life” é uma meditação aprofundada, 30 anos depois, do enigma proposto em “Koan”,
álbum antigo de Micus. O monge discípulo volta ao mestre convencido que
descobriu a essência da vida. “Quando não há nuvens sobre a montanha, a luz do luar
atravessa as ondulações do lago”. O mestre, irritado com a resposta, acusa o
monge de não ter aprendido nada. O monge, lavado em lágrimas, implora: “Mestre,
diga-me então qual é a essência da vida”. Responde o mestre: “Quando não há nuvens
sobre a montanha, a luz do luar atravessa as ondulações do lago”. Na música de
Micus não há paradoxos mas penetra-a o espírito zen. Cânticos de elevação,
orações de flauta, estremecimentos do ar e batimentos de peles e minerais. Uma
música que toca e modela as emoções mais profundas e que, álbum após álbum, vem
alargando a geografia interior deste alemão apaixonado pelas culturas
ancestrais do globo.
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