CULTURA
QUARTA-FEIRA, 29 DEZ 2004
Woody Allen termina digressão europeia
em Portugal
Cineasta/músico atua no Estoril, na passagem de ano. As 800 entradas, a
500 euros cada, já estão esgotadas.
Não será grande músico de jazz,
nem fará maravilhas com o clarinete. Mas em todas as salas onde Woody Allen –
não o realizador de cinema, não o ator, mas o “jazzman” praticante – atua, com
a sua New Orleans Jazz Band, as lotações esgotam-se. Foi o que já aconteceu
para o próximo concerto da passagem no ano, no Casino Estoril, onde a New
Orleans Jazz Band encerrará uma pequena digressão pela Europa.
Assim
aconteceu também em Espanha, onde a banda atuou antes de seguir para Portugal.
Guadalajara, Madrid, Barcelona e Bilbau foram os pontos de passagem e em todos
eles a presença do cineasta/músico suscitou o entusiasmo do público.
Evidentemente, as plateias que vão ver e aplaudir Woody Allen a soprar num
clarinete não são constituídas por melómanos nem sequer por ouvintes de jazz
regulares, mas por curiosos desejosos de ver de perto uma das figuras públicas
mais carismáticas de Nova Iorque.
Nesta
cidade, no hotel Carlyle, no Upper East Side de Manhattan, onde a New Orleans
Jazz Band atua quase todas as segundas-feiras, são maioritariamente os turistas
que pagam para ver e ouvir Woody Allen tocar jazz. No Estoril, por 500 euros,
com direito a jantar, ceia e atuações musicais sortidas, também não é de
esperar um grande concerto de jazz “dixieland”, género jazzístico arcaico em
que a New Orleans Jazz Band se especializou. Quem vai, vai para se divertir e
para poder dizer em 2005 que esteve ao lado de Woody Allen, o contador de
histórias de Nova Iorque que gosta de tocar jazz também ele como forma de
divertimento.
Próximo filme é só sobre jazz
Nos concertos, apesar de não ser
um executante de exceção, Woody Allen tem direito ao seu solo da praxe, na boa
tradição das antigas bandas de “dixieland” como as de Joe “King” Oliver e
Sidney Bechet. O mesmo acontece com os restantes elementos do grupo, Eddy Davis
(banjo e director de orquestra), Simon Wettenhall (trompete), Jerry Zigmont
(trombone), Cynthia Sayer (piano), Robert Garcia (bateria) e Conal Fowles
(contrabaixo). A New Orleans Jazz Band, apesar do seu amadorismo, já gravou
dois álbuns, “The Bunk Project” e “Wild Man Blues”. No cinema, o jazz atravessa
todo o imaginário da cinematografia do autor de “Annie Hall” e “Manhattan”.
Paixão que Woody Allen tenciona aprofundar ainda mais quando levar a cabo o seu
próximo filme, inteiramente dedicado ao jazz.
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