Y 3|DEZEMBRO|2004
roteiro|cinema
|DVD
PINK FLOYD
The Wall Movie
Ed.
e dsitri. Sony Music
8|10
“The Wall” é o tipo de filme, como todos os de
Alan Parker, que os cinéfilos arrasam mas ao qual as pessoas normais acham
piada. Tal disparidade de opiniões acentua-se ainda mais quando se contrapõem as
opiniões dos fãs dos Pink Floyd. Exemplo. Certo crítico chamou a “The Wall” um “falhanço
glorioso”. “Glorioso” pelas imagens “hipnoticamente chocantes” e “soberbamente fotografadas”
por Peter Biziou. “Falhanço” por ser um “exercício rígido e sem remédio” fiel
aos “tormentos psicológicos” de Roger Waters, mas destituído do “humor” que
Waters cunhou no álbum de música com o mesmo nome. Logo um fã se abespinha,
apressando-se a responder – uma obra que “de forma perfeita visualiza o
brilhante conceito musical de ‘The Wall’”. O mesmo fã manifesta ainda a sua
estranheza pela alusão ao “humor” presente no disco. Não há humor nenhum.
Aliás, se há humor em “The Wall”, é tão negro que nem se nota. Digamos, por outras
palavras, que “The Wall” é visualmente apelativo, mais que não seja pela força
extraordinária dos desenhos animados com a assinatura de Gerald Scarfe. Haja
efeitos especiais espetaculares que o pessoal fi ca satisfeito. Visto nesta
perspetiva, é um bom filme. O DVD inclui “The Other Side of the Wall”, com o
“Making of” do filme comentado e uma “Retrospective” na qual os intervenientes
falam da fita. Parker aponta as reservas iniciais de Waters em relação ao
desempenho de Pink por Bob Geldof (canções dos Floyd cantados por outra voz?) e
o autor da música confirma o carácter autobiográfico mas apenas da primeira
parte do filme (“nunca cheguei ao ponto de destruir quartos de hotéis”) e que
várias cenas foram inspiradas em Syd Barrett, como aquela em que Pink rapa o
corpo com uma Gilette. A edição inclui um poster, as letras das canções, uma
galeria de desenhos de Scarfe, e um menu que pisca o olho à fase psicadélica do
grupo, com um “Set the controls” e um “A saucerful of features”. O conceito
geral? “Too much shows, too much dope, too much applause…”, sintetiza o
realizador. E Waters: “Não quis que aparecessem imagens de espetáculos do
grupo, mas apenas o que é adjacente a um concerto de rock ‘n’ roll”. Pintaram o
muro de fresco.
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