Sons
22 de Janeiro 1999
POP ROCK
Jan Garbarek
Rites (6)
2xCD, ECM, distri. Dargil
Pode ser doce o sabor da desilusão. Que esta doçura escorra do novo álbum de Jan Garbarek, um saxofonista que outrora foi explorador e hoje optou pela profissão, bem mais pantufa, de agente de seguros, não espanta. É que na memória deste norueguês pouco deve sobrar dos tempos em que tocou com Keith Jarrett ou da beleza depurada que ilumina álbuns como “Legend of the Seven Dreams” ou “Rosensfole”, este de parceria com a cantora Agnes Buen Garnas. Só que Jan Garbarek resolveu, a dada altura, pôr todo o seu talento de grande saxofonista, que ainda é (o seu timbre e fraseado continuam a ser exclusivos) ao serviço de uma música onde a superficialidade e o colorido de produções progressivamente mais epidérmicas tomaram o lugar dos enunciados antigos.
“Rites” ouve-se com agrado. Com algum prazer até. Distraidamente, como música de fundo. São quadros “new age”, adequados aos gostos étnicos em voga, com programações gulosas e solos com a profundidade de um charco tornado ilusoriamente profundo pelos reflexos de luar. É Klaus Schulze no intervalo do lanche (“Rites”), Glen Velez (“Where the rivers meet”) durante a sesta, um banho de espuma numa noite de Verão. Mesmo assim valerá a pena dedicar um pouco mais de atenção a uma peça minimalista como “So mild the wind, so meek the water”, cujo sax tenor, sugerindo ambiências surmanianas, e uma discreta intervenção do piano nos fazem suspirar por tudo o que este álbum poderia ser, mas, por preguiça, não é.
22 de Janeiro 1999
POP ROCK
Jan Garbarek
Rites (6)
2xCD, ECM, distri. Dargil
Pode ser doce o sabor da desilusão. Que esta doçura escorra do novo álbum de Jan Garbarek, um saxofonista que outrora foi explorador e hoje optou pela profissão, bem mais pantufa, de agente de seguros, não espanta. É que na memória deste norueguês pouco deve sobrar dos tempos em que tocou com Keith Jarrett ou da beleza depurada que ilumina álbuns como “Legend of the Seven Dreams” ou “Rosensfole”, este de parceria com a cantora Agnes Buen Garnas. Só que Jan Garbarek resolveu, a dada altura, pôr todo o seu talento de grande saxofonista, que ainda é (o seu timbre e fraseado continuam a ser exclusivos) ao serviço de uma música onde a superficialidade e o colorido de produções progressivamente mais epidérmicas tomaram o lugar dos enunciados antigos.
“Rites” ouve-se com agrado. Com algum prazer até. Distraidamente, como música de fundo. São quadros “new age”, adequados aos gostos étnicos em voga, com programações gulosas e solos com a profundidade de um charco tornado ilusoriamente profundo pelos reflexos de luar. É Klaus Schulze no intervalo do lanche (“Rites”), Glen Velez (“Where the rivers meet”) durante a sesta, um banho de espuma numa noite de Verão. Mesmo assim valerá a pena dedicar um pouco mais de atenção a uma peça minimalista como “So mild the wind, so meek the water”, cujo sax tenor, sugerindo ambiências surmanianas, e uma discreta intervenção do piano nos fazem suspirar por tudo o que este álbum poderia ser, mas, por preguiça, não é.
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