13/09/2008

Kinteto de António Ferro - Crepúsculo Do Vinho

POP ROCK

27 DEZEMBRO 1992
DISCOS PORTUGUESES DE 1992
FUSÃO

KINTETO DE ANTÓNIO FERRO
Crepúsculo do Vinho
Edição Numérica


Enquanto o vinho proíbe qualquer espécie de fusão, a música do quinteto, perdão, do Kinteto de António Ferro não se importa nada de fazer misturadas, desde que o “cocktail” seja agradável ao paladar. É o caso deste – presume-se pelos tons da capa – tinto crepuscular com que a banda portuense se propõe empielar os seus companheiros fusionistas, sempre sérios e afectados na tentativa de se parecerem o mais possível com as Mahavishnus Orchestras e Weather Reports que o tempo deixou irremediavelmente para trás.
Os KAF, para além do tinto, estão-se nas tintas para a seriedade e apenas têm como objectivo fazer boa música, sem preocupações de parentesco ou exibicionismo barato. Do que é que se haviam de lembrar? De ir buscar fadunchos, tradicionais, vulgares e aquelas melodias popularuchas tipo “Cochicho” só pelo prazer de as transformar em peças dignas da maior credibilidade. Tudo à custa de arranjos irrepreensíveis, em que os metais desempenham o principal papel (João Courinha, sax, Claus Nymark, trombone, Eduardo Santos, trompete) na feitura deste “jazz bufo”, que por mais de uma vez recorda as fanfarras de Carla Bley.
António Ferro no baixo e João Paulo na bateria (com ocasionais contribuições percussivas de João Nuno Represas) mantêm a banda a andar razoavelmente a direito. Quando não o conseguem, vai toda a gente na gargalhada. A música acaba por sair enriquecida e as surpresas justificam as trocas de passo de certas composições onde se parece caminhar num sentido e afinal se vai parar a outro. Um vinho do Douro da melhor colheita.

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