Sons
12 de Fevereiro 1999
DISCOS – POP ROCK
Pole
Pole 2 (7)
Kiff, distri. Megamúsica
O primeiro álbum dos alemães Polé (não confundir com os proto-industriais franceses dos anos 70, Pôle) era um bocado irritante. A ideia de construir um disco inteiro à base de sons de sintetizadores ultra-amplificados e ruídos de estática (daqueles capazes de estragar a audição de um álbum em vinilo) era original, mas acabava por resultar em massacre para o sistema nervoso. “Pole 2”, impecavelmente embalado num digipak todo em vermelho tinto, na melhor tradição do pós-rock, soa bastante melhor. Não que o grupo desistisse de nos espetar alfinetes no cérebro – os sintetizadores continuam a parecer entupidos com interferências; só que neste seu novo trabalho tudo soa mais limpo e recostado em parâmetros menos radicais. São seis temas impenetráveis, sem margens fixas, onde a electrónica se reduz à emissão de sinais sem destinatário, numa sucessão de ciclos onde não se descortina o mínimo resquício de humanidade. Algumas ressonâncias perdidas de “chill-out” (por vezes aflorando os ambientalismos dos Biosphere), perfurações rítmicas em placas digitais, a constante intromissão de programações residuais sugerem a actividade de insectos ligados a um gerador eléctrico. Umas vezes próximos dos Tone Rec, outras de Pete Namlook em dias de azia, outras ainda evidenciando a mesma actividade de circuitos doentes dos Oval ou dos Microstoria, a música dos Pole provoca a angústia de uma sala de espera de um dentista. Com sabor a gengivas queimadas.
12 de Fevereiro 1999
DISCOS – POP ROCK
Pole
Pole 2 (7)
Kiff, distri. Megamúsica
O primeiro álbum dos alemães Polé (não confundir com os proto-industriais franceses dos anos 70, Pôle) era um bocado irritante. A ideia de construir um disco inteiro à base de sons de sintetizadores ultra-amplificados e ruídos de estática (daqueles capazes de estragar a audição de um álbum em vinilo) era original, mas acabava por resultar em massacre para o sistema nervoso. “Pole 2”, impecavelmente embalado num digipak todo em vermelho tinto, na melhor tradição do pós-rock, soa bastante melhor. Não que o grupo desistisse de nos espetar alfinetes no cérebro – os sintetizadores continuam a parecer entupidos com interferências; só que neste seu novo trabalho tudo soa mais limpo e recostado em parâmetros menos radicais. São seis temas impenetráveis, sem margens fixas, onde a electrónica se reduz à emissão de sinais sem destinatário, numa sucessão de ciclos onde não se descortina o mínimo resquício de humanidade. Algumas ressonâncias perdidas de “chill-out” (por vezes aflorando os ambientalismos dos Biosphere), perfurações rítmicas em placas digitais, a constante intromissão de programações residuais sugerem a actividade de insectos ligados a um gerador eléctrico. Umas vezes próximos dos Tone Rec, outras de Pete Namlook em dias de azia, outras ainda evidenciando a mesma actividade de circuitos doentes dos Oval ou dos Microstoria, a música dos Pole provoca a angústia de uma sala de espera de um dentista. Com sabor a gengivas queimadas.
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