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16|NOVEMBRO|2001
escolhas|discos
ILPO VAISANEN
Asuma
Mego, distri. Matéria Prima
8|10
Ilpo
Vaisanen é um dos Malleus Maleficarum, o martelo punitivo da Inquisição, dos
Pan Sonic e, da mesma maneira que opera na sede desta fábrica finlandesa, ao
lado de Mika Vainio, o seu trabalho a solo não dá menos descanso aos ouvidos,
exigindo deles uma capacidade de resistência ainda maior ao assalto sónico.
“Asuma” é de uma brutalidade matemática – o som de um contador Geiger, o
“blackout” de uma máquina de manutenção de sinais de vida, uma escavadora da
alma. O “noise” asséptico de Ilpo Vaisanen recusa a sujidade e o sangue
coalhado. O seu golpe penetra mais fundo e amolga mais do que a pele, os
músculos e os ossos. Não há segundas leituras nem pormenores escondidos em
“Asuma”, apenas a equação fria e racional da dor, a fórmula exata da tortura,
segundo Sade, a exponenciação de uma obsessão levada, através da lógica, ao
absurdo. Em “Vallitseva” o mal ergue-se por fim, majestosamente, da
bidimensionalidade do gráfico, adquirindo o corpo de uma imensa besta digital.
E “Jaettu” fará as delícias dos apreciadores dos Dat Politics. Assustador e
fascinante. Não recomendável, no entanto, a ouvidos sensíveis.
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