Pop Rock
28 de Setembro de 1994
ÁLBUNS POP ROCK
DAVID SYLVIAN & ROBERT FRIPP
Damage
Virgin, distri. EMI-VC
Sylvian teria dado um bom vocalista dos King Crimson, como alternativa a Greg Lake ou Boz (em “Lizard”). Mas pronto, já que não pôde ser, ficou-se pela parceria com Fripp, iniciada em “Gone to Earth” e oficializada em “The First Day”. “Damage” é uma gravação ao vivo efectuada em Itália em Dezembro do ano passado e misturada nos estúdios Real World, o que, numa música que não se compadece com palmas nem quaisquer outros ruídos susceptíveis de desviarem a atenção, é um ponto em desfavor. Abstraindo-nos destes aspectos extramusicais, ressalta um som pausado, de respirações amplas, onde a voz toda ela ornamentações (embora menos que nos Japan) de Sylvian se harmoniza com a virilidade da guitarra de Fripp. O primeiro contribui com o lado “canção” do disco, conferindo-lhe o necessário grau de acessibilidade, enquanto o segundo faz o que lhe dá na gana, arrancando da guitarra, no desenvolvimento intermédio dos temas, ora as torrentes de energia que caracterizavam o seu estilo nos King Crimson, ora complexos fraseados na linha do que fazia nas duas ligas que fundou, os “gentishomens” e os “guitarristas dotados”.
O prazer maior resultante da audição de “Damage” está no tratado de guitarra que Fripp nos oferece, ainda para mais neste disco coadjuvado pela “guitarra infinita” de Michael Brook. Sylvian é a imagem, o rosto, a voz que aparentemente dita a direcção mas na realidade é comandada pelas vagas de fundo da guitarra. Dito isto, não se trata de um disco do arco-da-velha, capaz de nos fazer abrir a boca de espanto, mas sim, e apenas isso, um trabalho competente de dois profissionais que sabem o que querem e manejam com mestria os respectivos instrumentos. O ex-Japan brilha com mais fulgor nos dois temas da sua autoria, “Wave” e “Riverman”, bem como num da sua antiga banda, “Every colour you are”. Quanto a Fripp, coloca a sua assinatura nos restantes temas, bastando para tal a marca incandescente da sua guitarra.
Música para o cérebro e para os sentidos, onde o vermelho dos corações se confunde com as pétalas de uma rosa, “Damage” não ultrapassa os anteriores trabalhos em estúdio da dupla mas é suficiente para manter vivo o interesse pelo seu futuro. A presente edição está limitada a 50 000 exemplares no mercado internacional e a 1000 em Portugal. (7)
28 de Setembro de 1994
ÁLBUNS POP ROCK
DAVID SYLVIAN & ROBERT FRIPP
Damage
Virgin, distri. EMI-VC
Sylvian teria dado um bom vocalista dos King Crimson, como alternativa a Greg Lake ou Boz (em “Lizard”). Mas pronto, já que não pôde ser, ficou-se pela parceria com Fripp, iniciada em “Gone to Earth” e oficializada em “The First Day”. “Damage” é uma gravação ao vivo efectuada em Itália em Dezembro do ano passado e misturada nos estúdios Real World, o que, numa música que não se compadece com palmas nem quaisquer outros ruídos susceptíveis de desviarem a atenção, é um ponto em desfavor. Abstraindo-nos destes aspectos extramusicais, ressalta um som pausado, de respirações amplas, onde a voz toda ela ornamentações (embora menos que nos Japan) de Sylvian se harmoniza com a virilidade da guitarra de Fripp. O primeiro contribui com o lado “canção” do disco, conferindo-lhe o necessário grau de acessibilidade, enquanto o segundo faz o que lhe dá na gana, arrancando da guitarra, no desenvolvimento intermédio dos temas, ora as torrentes de energia que caracterizavam o seu estilo nos King Crimson, ora complexos fraseados na linha do que fazia nas duas ligas que fundou, os “gentishomens” e os “guitarristas dotados”.
O prazer maior resultante da audição de “Damage” está no tratado de guitarra que Fripp nos oferece, ainda para mais neste disco coadjuvado pela “guitarra infinita” de Michael Brook. Sylvian é a imagem, o rosto, a voz que aparentemente dita a direcção mas na realidade é comandada pelas vagas de fundo da guitarra. Dito isto, não se trata de um disco do arco-da-velha, capaz de nos fazer abrir a boca de espanto, mas sim, e apenas isso, um trabalho competente de dois profissionais que sabem o que querem e manejam com mestria os respectivos instrumentos. O ex-Japan brilha com mais fulgor nos dois temas da sua autoria, “Wave” e “Riverman”, bem como num da sua antiga banda, “Every colour you are”. Quanto a Fripp, coloca a sua assinatura nos restantes temas, bastando para tal a marca incandescente da sua guitarra.
Música para o cérebro e para os sentidos, onde o vermelho dos corações se confunde com as pétalas de uma rosa, “Damage” não ultrapassa os anteriores trabalhos em estúdio da dupla mas é suficiente para manter vivo o interesse pelo seu futuro. A presente edição está limitada a 50 000 exemplares no mercado internacional e a 1000 em Portugal. (7)
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