Pop Rock
19 de Abril de 1995
álbuns poprock
19 de Abril de 1995
álbuns poprock
Jimi Hendrix
Voodoo Soup
POLYDOR, DISTRI. POLYGRAM
Jimi Hendrix tinha uma teoria. Um dia, dizia ele, por volta do final deste século, o planeta Júpiter há-de explodir e transformar-se num segundo sol do nosso sistema solar. Uma teoria que Arthur C. Clarke explorou igualmente no seu livro “2010, o ano do contacto”. A nova Terra, assim iluminada por dois astros-reis, tornar-se-ia um paraíso e todos os seus habitantes pessoas de bons princípios. Entretanto Hendrix morreu, sem ter tido tempo de comprovar a sua teoria. Estamos cá nós para ver. “Voodoo Soup” junta três temas inéditos do mestre e visionário da guitarra com composições antigas. Tudo remisturado e “remasterizado” digitalmente. No começo, precisamente em “The new rising sun” (um dos originais, também um dos muitos títulos que foram avançados pelo músico para aquele que seria o seu próximo álbum de estúdio, depois de “Electric Ladyland”, editado em 1968), escuta-se o som da chegada de um OVNI, em ambiente de antecipação científica, com a guitarra num delírio de efeitos electrónicos. “Message to love” e “Peace in Mississipi” são os outros dois inéditos, embora neste caso se trate das versões com os músicos originais – Buddy Miles e Billy Cox, os Band of Gypsies, no primeiro caso, Mitch Mitchell e Noel Redding, no segundo – de canções que já haviam aparecido em “Crash Landing”, embora por músicos que nem sequer chegaram a tocar com Hendrix. De resto, é um exercício interessante, reescutar alguns temas menos conhecidos retirados sobretudo de “Cry of Love” (álbum póstumo, de 1971), mas também da banda sonora “Rainbow Bridge” e “War Heroes” (outro dos álbuns póstumos, este de 1972). Ao todo, uma selecção que pretende não ser inocente, procurando relacionar entre si composições que de algum modo se entrelaçam na teia complexa visionada pelo artista, na origem do tal “mundo novo” que há-de vir. Perspectiva que se completa com a leitura dos últimos movimentos de Hendrix, contados por MIchael Fairchild no livrete incluso, acompanhado de fotos inéditas, em que se acentua o lado místico do músico. A lenda continua.
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