POP ROCK
17 de Maio de 1995
álbuns portugueses
17 de Maio de 1995
álbuns portugueses
UHF
Cheio
ED. E DISTRI. BMG ARIOLA
É impossível não sentir simpatia pelo tio “Manel” Ribeiro. António Manuel Ribeiro (AMR) e os UHF são a face mal barbeada da pop nacional, a “outra banda” de frequências que dão choque, o rock que não tem vergonha de o ser, na contracorrente dos maneirismos que vão grassando por cá. “Cheio” é um testemunho de uma carreira, recuperada para as gerações mais novas, que adoptaram o grupo a partir da versão de “Menina estás à janela”. Temas do álbum “Santa Loucura”, “Comédia Humana” e “Estou de Passagem”, mas também clássicos mais antigos de “À Flor da Pele”, como “Rua do Carmo” e “Rapaz caleidoscópio” ou o “single” “Cavalos de corrida” foram regravados de maneira a preservar o essencial e, ao mesmo tempo, melhorar outros aspectos, como a própria interpretação, que a passagem dos anos tornou mais madura e tecnicamente segura. “Rua do Carmo” é de certa forma uma excepção, já que sofreu alterações de fundo, baixando de velocidade, tornada uma canção que interioriza um lugar massacrado, também ele objecto de transformações, algumas “contra natura”, ao longo dos anos. Depois, há os inéditos – cinco -, onde o grupo e, em particular, AMR continuam à dentada, “cheios” “desta estupidez de ser português estendendo a mão (…), desta hipocrisia que faz romaria, hinos da nação”. “Quero um ‘whisky’” representa o lado existencialista do homem aprisionado na sua condição de artista, com uma linha de órgão descaradamente inspirada nos Doors. “Toca-me” é uma típica balada de amor, na sequência de outras assinadas pelo vocalista, que não traz nada de original. “Por ti e por nós dois” tem um refrão fortíssimo. “Desolhados”, sobre os famigerados arrumadores, “como ‘zombies’ a penar num dia merdoso”, faz a denúncia dos estragos causados pela utilização das drogas duras. Por último, “Caçada” não adianta nada ao passado, nem acrescenta novas pistas para o futuro. Mas não é isso que faz dos UHF uma instituição? (6)
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