Sons
3
de Outubro 1997
WORLD
O nome da rosa
Muzsikás and Márta Sebestyen
Morning Star (9)
Rykodisc, distri. MVM
Ao
longo das últimas três décadas os Muzsikás têm vindo a reforçar a posição de
expoentes da world music que alcançaram na sequência de uma discografia
exemplar e “performances” ao vivo verdadeiramente empolgantes (que o digam
todos quantos assistiram às duas atuações do grupo em Portugal, nos festivais
Cantigas do Maio, no Seixal, e Intercéltico, do Porto). A este sucesso a nível
internacional não é alheia a presença assídua da cantora Márta Sebestyen, que,
recentemente, deu o salto para o “estrelato” graças à sua contribuição para a
banda sonora de “O Paciente Inglês”, devorador da última edição dos Óscares de
Hollywood, e no megaêxito “Boheme” dos Deep Forest.
Mas
Márta Sebestyen não é a cantora dos Muzsikás da mesma maneira que Éva Molnár é
a cantora dos também húngaros Kolinda, por exemplo. São antes entidades
distintas que se completam na perfeição. Márta encetou mesmo uma carreira a
solo, tendo gravado os álbuns “Apocrypha” e “Kismet”, nos quais abordava,
respetivamente, as programações eletrónicas utilizadas de forma exaustiva e uma
world music que extravasava as fronteiras do seu país natal. Atreveu-se mesmo a
participar num projeto radical de música contemporânea como “Kaddish”, do
coletivo Towering Inferno.
Os
Muzsikás, pelo contrário, mantiveram-se sempre fiéis ao longo dos anos ao
reportório da Transilvânia ou dos Cárpatos, revelando, álbum após álbum, toda a
sua mestria na execução das csardas e outras danças tradicionais magiares,
embora avaliadas à luz de uma postura necessariamente modernizadora.
“Morning
Star” surge na sequência de álbuns como “The Prisoner’s Song”, “Márta Sebestyen
and Muzsikás”, “Blues from Transylvania” e “Máramaros”, funcionando de novo a
magia da aliança das baladas sinuosas cantadas por Márta Sebestyen (entre as
quais uma nova e galante versão, acústica, de um tema de “Kismet”, “I wish I
were a rose”) com o virtuosismo e o ecletismo instrumentais do grupo. Os longos
instrumentais “Füzesi lakodalmas”, “Ej, de széles”, “Baj, baj, baj” e
“Gyimesi”, incursões profundas nas vísceras e na alma húngaras, são panoramas
onde a síncope sanguínea dos ritmos convida tanto à dança como à introspeção.
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