07/10/2015

Einstürzende Neubauten - Berlin Babylon



Y 4|JANEIRO|2002
discos|escolhas

EINSTÜRZENDE NEUBAUTEN
Berlin Babylon
Zomba, distri. Zona Música
8|10

Pouco tempo decorrido sobre a edição da coletânea – magnífica – correspondente ao segundo volume da série “Estratégias contra a Arquitetura”, “Berlin Babylon”, banda sonora do filme de Hubertus Siegert, confirma 2001 como um ano excecional para os berlinenses Einstürzende Neubauten, ex-niilistas, antigos técnicos de demolição e atuais “terroristas” encapotados pelo estatuto de “músicos a sério”. “Berlin Babylon” é um álbum ambiental, na medida em que para os EN “ambiental” significa espaços fechados, estruturas maciças e maquinismos em rutura. Ou será que estamos diante do álbum “progressivo” do grupo, sobrevoado por helicópteros e tudo, na boa tradição dos Pink Floyd? Desenganem-se, amigos! “Berlin Babylon”, apesar dos helicópteros, dos vibrafones e da intromissão de um excerto da “Sinfonia nº3”, de Beethoven (“Trauermarsch” soa assim um pouco à música de Lars Pedersen/When), escorre metal, batidas totalitárias e desabamentos épicos, impondo a ordem nova que a banda de Blixa Bargeld havia instaurado com “Halber Mensch”. Um digno sucessor de “Silence is Sexy” que guarda para o final uma canção inesquecível, “Die befindlichkeit des Landes”. O coração martelado pela melancolia.

Peter Hammill - Unsung



Y 4|JANEIRO|2002
discos|escolhas

PETER HAMMILL
Unsung
Fie, distri. Megamúsica
6|10

“Unsung” insere-se numa série de álbuns instrumentais de Peter Hammill que inclui os anteriores “Loops and Reels” e “Sonix”, bem como “Spur of the Moment”, com Guy Evans, e “The Appointed Hour”, com Roger Eno. O poeta e músico explica que as peças nele incluídas insistiram em permanecer no formato instrumental, de acordo com uma vertente a que Hammill chama “experimental”, em oposição, ou complemento, à “normal”, constituída por canções. O que aqui encontramos são fragmentos organizados de “ambient music”, por vezes próximos das “frippertronics” de Robert Fripp, loops esculpidos por forma a soarem como música de câmara, ensaios de “contemporânea erudita” e pedaços de melodias polvilhadas pelo açucareiro dos Durutti Column. O que aqui não se encontra, porém, mesmo levando em conta a descontração típica de um trabalho deste género, é o génio que raramente anda ausente na discografia “oficial” do ex-líder dos Van Der Graaf Generator. Ainda que mantendo níveis de qualidade e de exigência próprios do autor, “Unsung” denota por outro lado ter este privado talvez em demasia com Roger Eno…