23/05/2018

Mas e... a Meira Asher (Vítor Junqueira)



Fernando Magalhães
24.07.2002 130118

Não foi mau. Mas também não saí de lá deslumbrado e, muito menos, massacrado.

A performance dela e do Guy Harries, embora poderosa, soou-me nalguns momentos algo gratuita e previsível (o tipo aos berros, ela aos berros, os dois aos berros...) sobre uma base rítmica eletrónica que pouco adianta em relação à música industrial dos anos 80 (lembrei-me sobretudo dos primeiros Test Dept...).

No disco a coisa funciona, paradoxalmente (ou nem tanto...) melhor, na medida em que se consegue seguir os textos e há uma dimensão abstrata e de "não mostrado" que acaba por conferir ao todo uma outra dimensão, muito mais perturbante.

É como nos filmes de terror. Às vezes mostrar muito sangue, monstros, etc, não é a melhor solução para provocar o medo...

FM

A propósito de Cat Stevens



Fernando Magalhães
19.07.2002 150326

...E de uma referência ao "Father & son" a propósito do disco dos FLAMING LIPS, aproveito para propor uma audição despreconceituosa, sobretudo dos álbuns "Mona Bone Jakon", "Buddha & The Chocolate Box" e "Numbers".

Também aconselháveis, mas já mais "batidos": "Tea for the Tillerman" e "Teaser and the Firecat".

Mas a surpresa vem mesmo do 1ºálbum, "Matthew and Son" - pop eivada de psicadelismo bucólico que está para a discografia posterior do músico, como "David Bowie" está para a obra de Bowie.

FM

PS-Acho o álbum dos Flaming Lips irritante.

Site para FM




dubturn
17.07.2002 001235

Fernando, aproveito o thread para te perguntar sobre os italianos Banco del Mutuo Soccorso. É comparável a alguma coisa? Escaparam-me por completo.

Fernando Magalhães
17.07.2002 150304

Curiosamente, adquiri há dias um dos melhores álbuns deles, o "Darwin".

É um grupo bastante bom, mas a abordar com algumas reservas pelo Prog fan menos faccioso...

Instrumentalmente, são fabulosos, sendo a principal influência (no uso dos teclados) os Emerson, Lake & palmer, com a diferença de que soam totalmente italianos, com aquela vertente clássica/folk típica de muito prog deste país.

O vocalista é do tipo cantor de ópera (um "acquired taste" que pode causar sérias aversões ou...o efeito oposto). A questão está em que os BANCO são de facto muito bons, entrando pela experimentação e, por vezes, conseguindo canções capazes de causar arrepios.

"Darwin" e o álbum seguinte, "Io Sono Nato Libero" são os melhores. Ambos fundamentais numa coleção completista de Progressivo.

Tenho também "Garofano Rosso" (BSO), "Come in un Ultima Cena" e "Banco di Primavera".

FM

dubturn
17.07.2002 150350

Ok, obrigado pela info.

Perguntei-te porque, como te disse, me passaram ao lado e o Gnosis chamou-me à atenção para eles, porque no top 20, aparecem 3 vezes, duas delas no top 5.

Já agora, ficam aqui o top 20 álbuns para os 48 críticos da Gnosis, dos quais conheço apenas alguns nomes (o 1o lugar então é-me completamente desconhecido, como a maior parte do prog italiano - exceção para os PFM):

1. Ys - Il balletto di bronzo
2. Genesis - Selling England by the pound
3. Banco del Mutuo Soccorso - Darwin!
4. Banco del Mutuo Soccorso - Io sono nato liberato
5. Van der graaf generator - Pawn hearts
6. Yes - Close to the edge
7. National Health - Of queues and cures
8. King Crimson - Larks tongues in aspic
9. Genesis - Foxtrot
10. Premiata Forneria Marconi - Per un amico
11. Hatfield and the North - Rotter's club
12. Gentle Giant - In a glass house
13. Anglagard - Hybris
14. Banco del Mutuo Soccorso - Banco del Mutuo Soccorso
15. Jethro Tull - Quick as a brick
16. Magma - Hhai/Live
17. Area - Crac
18. Locanda delle fate - Forse le lucciole non si amano piu
19. King Crimson - In the Court of the Crimson King
20. Osanna - Palepoli


Fernando Magalhães
17.07.2002 160414

Lista estranha, essa!

A grande asneira começa logo pela 1ª posição. O grupo é que se chama BALLETO DI BRONZE, e o álbum "Ys". É um disco apenas bom, mas sobrevalorizado por muitos progsters. É King Crimson à italiana, mais classizante e, na minha opinião, com vocalizações a mais. Som denso, por vezes impressionante, mas longe, muito longe, de ser uma obra-prima.

Os ANGLAGARD, que nunca ouvi, são uma das bandas preferidas de muitos apreciadores de Prog. Mas, não sei porquê, cheira-me a neoprog com pretensões...a ver vamos...

O disco dos JETHRO TULL Chama-se "Thick as a Brick" e, na mesma linha, prefiro o "A Passion Play", que o próprio Ian Anderson considera ser o álbum mais difícil e estranho da banda.

MAGMA, o disco ao vivo?????? Vê-se que quem fez a lista desconhece por completo a grande discografia do grupo!!!

LOCANDA DELLE FATE, o que conheço deles, é rock sinfónico com algum bom gosto, delicado, mas, em última análise, fútil.

AREA. o "Crac!" é um bom disco mas os dois anteriores são bastante superiores, embora menos acessíveis ("Arbeit Macht Frei" e "Caution Radiation Area")

GENTLE GIANT- mais uma vez dá ideia de desconhecimento da 1º e melhor fase discográfica do grupo. Mas "In a Glass Houyse" é um grande álbum, atenção!

HATFIELD AND THE NORTH: Prefiro a estreia, "Hatfield and the North", mais simples mas com mais e melhores ideias.

Mesmo a escolha dos álbuns dos GENESIS e KING CRIMSON é discutível, mas enfim...

FM

Hoje não há thread de discos ouvidos



Fernando Magalhães
12.07.2002 160453

O BERNARD PARMEGIANI é provavelmente o mais importante compositor de música eletrónica/eletroacústica deste século, à frente dos igualmente importantes FRANÇOIS BAYLE, MICHEL CHION, MICHEL REDOLFI, CHRISTIAN ZÁNESI, etc, ou seja, a escola francesa ligada à INA. GRM (Institut National de L'Audiovisuel - Groupe de Recherches Musicales), que é também uma editora, aquela, aliás, onde "La Création du Monde" foi editada. Esta peça foi composta entre 1982 e 1984 e a primeira edição em disco, creio, é de 1991. O CD que tenho é já de 2000.

"La Création du Monde" é, juntamente com "De Natura Sonorum", uma das obras fulcrais do compositor, de quem, aliás, escrevi há uns anos uma crítica no SONS, a propósito de uma edição pela Ananana (?), Matéria Prima (?), de outro álbum excelente, "Pop'Eclectic".

"la Création du Monde" é, de certa forma, também a criação da música. Uma magma de eletrónica à base de texturas e granulados que vão do telúrico ao celestial, sons "sensíveis", quase palpáveis, numa metamorfose constante em busca da luz. Entre a abstração "monstruosa" e pulsações cósmicas, uma obra total. Fennesz e os tipos todos que só agora aprenderam a gatinhar :D devem tudo a este senhor.

És capaz de gostar muito é do FRANÇOIS BAYLE, cuja música é mais rendilhada e, em certo sentido, subtil e delicada, mais próxima da eletrónica que se fala aqui no fórum. Todos estes CDs se encontram na VGM (no Príncipe-Real, o "Paraíso" da eletrónica contemporânea, mas também música antiga, edições de jazz fabulosas já retiradas do mercado, etc).

FM

discos ouvidos



Fernando Magalhães
11.07.2002 160416

ANTHONY BRAXTON é complicado!... Eu também só agora estou a entrar neste universo de extrema complexidade. No disco que referi o AB, além de compositor dos 4 temas, participa apenas como maestro da orquestra.
Quanto à música, ainda não digerida, é mais contemporânea do que propriamente jazz - abstrata, por vezes violenta, formada por sobreposições múltiplas de timbres, quebras bruscas, estridências, de uma beleza convulsiva.

O disco do BEN ALLISON (considerado por alguns, como um dos melhores do ano passado) é bom mas...não me convenceu por completo...Não sei bem explicar porquê...talvez uma certa superficialidade, apesar de, na aparência, soar tudo muito bem...E acho a capa horrenda.

O "Something Else" é uma das obras-primas dos anos 60. o anterior "Face to Face" está quase ao mesmo nível.

Nick Drake, claro...

Jason Moran e Innerzone não conheço.

FM

aquisições, obrigado Fernando e, já agora... (Jorge Silva)



Jorge Silva
11.07.2002 160409

ajudas-me aqui?,
indica-me os dois ou 3 melhores discos de cada um dos nomes q vou lançar:
robert fripp,
julian cope,
yes,
peter hammill,
syd barrett,
jefferson airplane,

vi um disco do daevid allen chamado "banana moon", com o robert wyatt, vale a pena?

obrigado, sol para todos!

Fernando Magalhães
11.07.2002 170507

Ok. sempre às ordens!  :) :O

Ora bem, então apanha aí:

ROBERT FRIPP: Exposure (estreia a solo, com fabulosos participações vocais do...Peter Hammill)

God Save the Queen/Under Heavy Manners (com o David Byrne. Um senão - não existe em CD...)

JULIAN COPE: "Interpreter", sem sombra de dúvida. Cada vez gosto mais deste disco (o 8/8 que lhe dei na altura peca, e muito, por defeito...). O espírito do krautrock para o séc. XXI. Sempre que o ouço, dá-me vontade de desatar aos saltos!
O tema "spacerock with me" arrasa toda a concorrência!

O "Peggy Suicide", "Jehovahkill", "Autogeddon" e "20 Mothers" não me lembro se são 20...:D) são muito bons, também...

YES: Mais pop: "Yes" e "Time and a Word"

Mais rock: "The Yes Album" (muito king Crimsoniano, por vezes...); "Relayer".

mais prog e classizante: "Close to the Edge" (o álbum clássico dos Yes), "Tales from Topographic Oceans" (p/mim uma das obras máximas do grupo, mas quase toda a gente destesta e chama-lhe "pretencioso", "balofo", etc... :D)

SYD BARRETT. Não há muito por onde escolher. "The Madcap Laughs" e "Barrett"...

PETER HAMMILL. Aqui o caso muda de figura, tantas são as obra-primas. Tens um livro para apontar? :D :)

Há, porém, um que se destaca: "In Camera" - equivalente, em registo solo, ao "Pawn Hearts". O "1º lado" é uma coisa indescritível, temas como "Tapeworm" provam que o homem pode ter a dimensão do universo e explodir num holocausto de estrelas.
A sequência final de 17min. "Gog/Magog (In bromine chambers)" é a banda sonora do Apocalipse. A letra é qualquer coisa de épico, a música, bem...a música...na altura a crítica falou de uma orquestra de "ruído branco". A parte final, descreve-a o próprio PH como "música concreta". Que o é de facto. Quando as vozes aparecem, totalmente filtradas e esmagadas eletronicamente, é impossível não sentir um arrepio. Um monstro a enrolar-se na mente. A desumanização nos confins da galáxia e do cérebro.

Mas há mais.

"Over" (o disco dos discos dos corações despedaçados)

"The Silent Corner and the Empty Stage" (mais VDGG)

Numa linha eletrónica: a "trilogia" "The Future now", "PH7" e "A Black Box".

Como curiosidade, tens as duas versões (o PH procedeu a uma “correção”...) da ópera "The Fall of the House of Usher", inspirada na obra homónima de Edgar Allan Poe.

O principal "problema" da obra do PH é que funciona como um livro, em que cada álbum é, de certa forma, um novo capítulo que prolonga o anterior. Um "work in progress", musical e poético ímpar nos tempos de hoje, que já dura há 30 anos! (na Mojo, poem o tipo ao nível do Zappa e do...Picasso e chamam-lhe o maior génio da música inglesa do último século!).
Entrar a meio pode causar uma certa perplexidade.

JEFFERSON AIRPLANE: "After Bathing at Baxter's", "Surrealistic Pillow" e "Crown of Creation".

O "Banana Moon" é bom, no capítulo das excentricidades desbragadas. Tens também o "N'Existe Pas" e o mais recente e delicioso "Now is the Happiest Time of our Lives".

FM

18/05/2018

Preferências musicais



Fernando Magalhães
02.07.2002 160429

Cada um tem as suas.

Gosta-se de esta ou desta música, por causa de:

1) idade
2) educação musical (falo do gosto)
3) hábitos de escuta
4) Maior ou menor curiosidade
5) personalidade que se tem

Ou seja, gosta-se mais desta ou daquela música, em consequência, mais do que por aquilo que conhecemos, POR AQUILO QUE SOMOS.

Ouvimos/gostamos da música que nos satisfaz DE FACTO, emocional/intelectual e fisicamente.

Procuramos a música, enfim, que TEM A VER COM AQUILO QUE SOMOS. Que se adequa aos nossos ritmos e melodias interiores. Que nos preenche. Que vai ao encontro da nossa vida. Que dialoga com as nossas aspirações, as nossas alegrias, as nossas dores, mesmo os nossos medos.

Mesmo quando o ecletismo impera, dentro de cada música, procuramos ainda ISSO que tem a ver INTIMAMENTE connosco.

Evolui-se no gosto musical da mesma forma que se evolui na vida. Ou seja: crescemos.

Crescer é aprender. A ser melhor. A ouvir melhor. A tocar melhor. Um tocar que é musical mas também um toque nos outros.

Há músicas que intoxicam (as mais massificantes) e músicas que ajudam a crescer, que libertam, que provocam, que espantam. Em suma, que, desta ou daquela maneira, nos AFETAM.

Muitas vezes, consumimos informação, não música. E a intoxicação impede a clareza/disponibilidade de nos ouvirmos a nós próprios - condição necessária para a descoberta da TAL música "perfeita" que buscamos.

2

Pessoalmente, a música que me toca, tem, regra geral, excentricidade e uma dimensão de "fantástico" (como em "cinema fantástico". E um elemento "cósmico" (não confundir com o cliché...). Uma música que excita a imaginação, onírica.
Também procuro o experimentalismo. Pela curiosidade de saber como soa ou soará o que há-de vir. O risco. O desprezo pelas convenções.

Considero músicas "cósmicas" aquelas que se opõem a músicas "confessionais".

Um músico confessional fala se si próprio, da sua experiência pessoa (são músicos confessionais: Tom Waits, Nick Drake, Kristin Hersch, Peter Hammill, a maioria dos singers/songwriters). A pop, a boa pop, é maioritariamente confessional.

Música cósmica, é aquela que procura, ou tem, uma visão exterior ao indivíduo. Uma visão universalista. É música cósmica a de Peter Hammill/Van Der Graaf, Magma, Labradford...

Repararam que o Peter Hammill figura nos dois grupos...

O jazz, curiosamente, junta frequentemente estas duas vertentes.

Pode-se ser um confessional experimentalista (Tim Buckley) e um cósmico experimentalista (quase todo o krautrock).

A maior parte da música atual é mais "produto musical" do que música com "M" grande. Fruto das pressões da indústria e das pressões consumistas. As exceções estão quase todas fora do mainstream. Porque será que se fala tão pouco de AMON TOBIN?...

A conversa, caso haja interesse, continua...
:)

FM

dubturn
02.07.2002 170514

Acrescento (até podes considerar um anexo ao CRESCEMOS EM MÚSICA):

A importância de pessoas que nos "guiem" musicalmente não deve ser descurada (seja ela através de revistas, de music-opinion-makers, de pessoas que dizem 'gostas disto? então vais gostar disto...')

São todas estas sub-ramificações que ajudam tanto a que a gente cresça musicalmente. Pode-se chegar ao mesmo sítio de tantas maneiras diferentes, o krautrock tem sentido diferente para quem vem do jazz e para quem vem do prog rock, completamente diferente. A maneira como ambas essas pessoas sentem o kraut (falo do kraut, pode ser outra coisa qq) é diferente, porque vêm de sítios diferentes. É por isso que gosto de ouvir a opinião dos outros, porque fazem ligações que eu, por mim, seria incapaz de fazer.

Fernando Magalhães
02.07.2002 170545

A intuição, a disponibilidade e a predisposição jogam um papel importante na descoberta da "nossa música".

Há forças curiosas em jogo... : )

Quando comecei a comprar discos, fazia-o frequentemente completamente ás cegas. Ou quase. E era neste QUASE que tudo se jogava.

Mandava vir discos de Inglaterra, muitas vezes por uma capa que via reproduzida no "Melody Maker" ou no "NME", pelo texto de um anúncio (nos anos 70, os anúncios de discos na Imprensa eram bem mais fiáveis do que hoje em dia...), pelo nome mais exótico de uma faixa que tirava de uns livrinhos (c/excelente apresentação) enviados pelo correio pela COB (era daí que mandava vir os discos...) aos seus clientes, onde se especificavam todas as edições disponíveis e os respetivos alinhamentos de faixas de cada disco.

Também ouvia muita rádio, claro! Descobri muitas coisas através da radio Luxembourg, nomeadamente o programa "Dimensions" do KID JENSSEN (hoje a fazer anúncios a colectâneas dos anos 60 na televisão...).

Costumava haver interferências e, às vezes, era frustrante ouvir um tema fantástico de 20 minutos, querer saber o nome do autor ou do grupo e o ruído radiofónico aparecer exatamente no momento em que o locutor dizia o nome do intérprete, impedindo de perceber uma palavra. : )
Mas acabava sempre por saber. : )

Hoje, são mais raros os media (jornais, revistas, rádio, TV...) que arriscam a divulgação de música mais afastada dos parâmetros mainstream, pelo menos em Portugal e de que eu tenha conhecimento.
Haverá uma relação porventura demasiado estreita com a Indústria (ou uma preguiça, não sei...) que impede a procura, mais do que do "novo", do DIFERENTE.

continua... : )

Jean
02.07.2002 170509

"Considero músicas "cósmicas" aquelas que se opõem a músicas "confessionais"."

acrescentaria que a dimensão cósmica tem dois sentidos, o positivo e o negativo - referindo-se a ciclos e arquétipos universais como o ying/yang.

a intenção positiva tende a experimentar mais, a procurar novos caminhos e a abri-los para todos.

penso que a música como qualquer estímulo sensorial deve ser aproveitada da melhor maneira possível seja no processo de criação seja no de perceção. está como o Fernando Magalhães diz, intimamente ligada ao q somos. conscientemente ou não, escolhemos uma direção. quanto mais consciente, responsável e livre for mais válida se torna.

Fernando Magalhães
02.07.2002 170554

Isso já são contas de outro rosário : ) Ou do mesmo, mas a outro nível... : )

Eu diria que há duas formas de audição, uma YANG, outa YIN, podendo (e devendo...) coincidir.

Chamo uma audição (um de atitude de escuta) YANG, aquela ATIVA, no sentido de que quem está a ouvir a música, está, no fundo, a REPRODUZIR (diria mesmo, a tocar...) em si mesmo o que os seus sentidos/cérebro/alma recebem. OUVIR e FAZER música coincidem.

É uma atitude de TENSÃO. Atenção. A-tensão.

Uma escuta YIN é uma escuta mais passiva, no sentido de estrita fruição estética da música, independentemente da coincidência entre as energias em jogo do emissor musical e do recetor. É a escuta do prazer, por oposição à escuta YANG, que até pode ser dolorosa...

Clone
02.07.2002 170559

Peter Hammill rules!!!!!
Are you already in "Autumn"...or else, in "This side of the looking glass"? (n.p. - isto continua a dar arrepios) I hope not... (a pergunta é retórica, não precisas de ser confessional).

Fernando Magalhães
02.07.2002 180632

O espelho, felizmente, tem mais do que dois lados.

Escapar à dialética é meio caminho andado para conquistar a liberdade.

Todavia, o lado da dor (e da loucura...), esse conheço-o bem...

"This Side of the looking glass" (e o "Over" em geral) é uma canção de facto...eu diria que TOCANTE...

A escrita poética do PH tem essa característica única, de conseguir fazer universais, experiências pessoalíssimas.
Claro - ele soube atingir a camada mais funda da psique humana - aí onde os mitos pertencem a todos - O Jung chamou-lhe Inconsciente (inconsciente?) coletivo...

Durante anos eu (e muitos mais, decerto, além de mim, ou talvez nem tantos como isso, quem sabe.. eu não sei...) houve uma coincidência absoluta entre o percurso interior do PH e o meu, isto porque, embora sejam divergentes as vidas de cada um, há pontes, mares, portos, tempestades comuns...

Seguir cada poema era como - lá está - olhar para um espelho. Um espelho das profundezas.

Lembro-me quando, após a 1ª extinção do grupo, ouvi o regresso, o álbum "Godbluff". Era a sequência absolutamente lógica do que ficara para trás - a viagem mantivera a sua absoluta integridade e... eu continuava a "estar lá".

O "Over", claro, está marcado pela dor da rutura amorosa. Mas o fator "cósmico"/mitológico continua presente, embora "diluído" na tal escrita mais "confessional".

Paolo Conte



Fernando Magalhães
30.06.2002 030353

O PAOLO CONTE é um génio e um "cromo" - uma das figuras emblemáticas da música popular italiana.

Já na casa dos sessenta e muitos, setenta anos, continua a surpreender: Imagina um crooner, por vezes com um registo vocal semelhante ao Tom Waits, a cantar em italiano, francês, inglês ou alemão, conforme lhe dá na cabeça, canções (algumas delas inacreditáveis - logo verás porquê... :) ), num registo ora do mais puro jazz, ora de cançoneta, ora num tom Hollywoodesco decadente. Acompanhando-se ao piano (amiúde "bêbedo", também como o de Tom Waits...), por uma "big band" à maneira ou por um kazoo!

Milongas, tangos, standards, blues marados, scat vocal, swing, sempre num registo de excentricidade inigualável.

A questão está em que, a par da "personalidade" (única), o tipo é mesmo um compositor fabuloso.

Experimenta ouvir o álbum "900", por exemplo. É como entrar num mundo que julgávamos já não existir...Algo Felliniano, por sinal, na minha opinião...

Weather Report



Fernando Magalhães
29.06.2002 030341

WEATHER REPORT

Excelentes: "I Sing the Body Electric" e "Sweetnighter"

Muito bom: "Mysterious Traveller"

Bons: "Night Passage" e "Procession".

HERBIE HANCOCK:

Fantásticos: "Maiden Voyage", "Sextant" e "Head Hunters"

São estes os meus preferidos.

Vi há anos os WEATHER REPORT ao vivo, num concerto na FIL. Em termos de energia e de virtuosismo foi de tirar a respiração!

The ultimate trip



Fernando Magalhães
24.06.2002 020243

...Com CONRAD SCHNITZLER e o álbum "Constellations" (Ed. Badland,1987).

Dois únicos temas: "First constellation" (30'10) e "Second constellation" (38'50).

Duas viagens pelo cosmos que exploram as profundezas eletrónicas mais escuras de "Phaedra" e "Rubycon", dos TANGERINE DREAM, aos quais CS aliás já pertenceu, na primeira formação.

Parte-se numa nave em direção ao desconhecido, com várias etapas que permitem a contemplação auditiva de diversos momentos sónicósmicos. Paisagens geladas cortadas por auroras boreais a la STEVE ROACH/BIOSPHERE, borbulhar de mares de mercúrio, vozes "alien" aprisionadas em estranhas emissões de rádio galácticas, as surpresas surgem a cada momento, levando o cérebro para pontos cada vez mais afastados. Tão longe como...

"Though I'm past one hundred thousand miles/I'm feeling very well/And I think my spaceship knows which way to go...

Can your hear me, Major Tom?

Can you...?

Here am I floating round my tin can/Far above the moon/Plant Earth is blue/And there's nothing I could do".

David Bowie, in "Space oddity"

...E, mais além, o infinito...

in "2001 - A Space Oddity"-

FM

14/05/2018

Punk'76



Fernando Magalhães
24.06.2002 180613

Punk? Genuíno?

"Blank Generation" - RICHARD HELL & THE VOIDOIDS (76)

"Ramones" - RAMONES (76)

"PUNK ROCK -Term originally given to garage-band USA rock early-to.mid '60's (STANDELLS, SHADOWS OF KNIGHT - comprei recentemente deles o "Back Door Men")... - groups collected on "Nuggets", Lenny Kaye's seminal compilation), later to UK music of '76 onwards, played by groups such as SEX PISTOLS, CLASH and BUZZCOCKS" - in "The Penguin Encyclopedia of Popular Music"

FM

Red Baron
25.06.2002 111156

e ainda.............
Eddie and the Hot Rods
Damned
School girl bitch
Slaughter and the dogs
UK subs
Wire
Cash pussies
Generation X
Suburban studs
Undertones


Fernando Magalhães
25.06.2002 140254

Exatamente. Tnx. Era aí que eu queria chegar. O espírito punk viveu de facto, nestas bandas (ainda me lembro de um "concerto" dos EDDIE & THE HOT RODS no Coliseu! Ena!!!! O volume estava de tal forma elevado que as pessoas fugiram todas para o lado mais afastado do palco, criando uma clareira enorme no centro da sala: ESPETACULAR!)

Quanto ao valor musical dos nomes que conheço:

THE UNDERTONES: Adoro. Tenho o "Hypnotized" (que não é punk... :rolleyes : )

WIRE: Não o "Pink Flag" mas "154" - álbum fascinante mas, lá está, os WIRE tinham verdadeiros músicos. BRUCE GILBERT, COLIN NEWMAN (excelentes discos de pop excêntrica, os que gravou a solo), GRAHAM LEWIS. Qualquer deles evoluiu porque TINHA CAPACIDADES PARA TAL.

Os THE DAMNED gravaram um álbum incrível com o veterano saxofonista de jazz inglês (muito ligado ao Progressivo, de resto...) LOL COXHILL (o "Music for Pleasure", de 1978, com produção de NICK MASON dos...PINK FLOYD).

GENERATION X, UK SUBS (interessantes), SLAUGHTER AND THE DOGS, DEAD BOYS- Punk em estado puro. Musicalmente, ZERO, claro... :D :D :D

Nunca achei piada nenhuma aos MODERN LOVERS, por mais que tentasse... o/

FM

Pós-punk: Lista



Fernando Magalhães
24.06.2002 160406
Pós-Punk e...

Os discos que a seguir se apresentam são, essencialmente, derivações ou reacções à atitude e/ou estética punk. Entre o rock industrial e a coldwave, o art-rock e a electropop. Alguma desta música nasce historicamente do punk. Outra já vem de trás mas relaciona-se historicamente com ele. Em comum têm a recusa do primarismo e a vontade de propor novos caminhos, sejam eles tão niilistas como a “industrial music” ou apostados no ressurgimento da complexidade e onirismo do Progressivo. Até mesmo na ressurreição da pop clássica dos anos 60 (caso dos Monochrome Set) ou do rock (Anthony Moore) Depois, entre 1978 e 1980, a electrónica e as máquinas ganharam espaço de manobra, a temperatura baixou. Mais cérebro e menos coração...Coisas terríveis surgiram, outras simplesmente coincidentes com o espírito da época. Outras ainda namorando descaradamente o desconhecido que ainda hoje não tem nome.

ANTHONY MOORE: Flying doesn’t Help (1979)
ART BEARS: Hopes and Fears (1978)
Winter Songs (1979)
ART ZOYD: Musique pour l’Odyssée (1979)
BRIAN ENO: Before and After Science (1977)
CABARET VOLTAIRE: Mix-up (1979)
Voice of America (1980)
CHROME – Half Machine Lip Moves (1978)
Red Exposure (1980)
CLUSTER & ENO: Cluster & Eno (1977)
CONRAD SCHNITZLER: Blue Glow (1979)
CONVENTUM: A L’Affut d’un Complot (1977)
Le Bureau Central des Utopies (1979)
DAEVID ALLEN: Opium for the People (1978)
DAVID BOWIE: Low (1977)
Heroes (1978)
Lodger (1979)
DEVO: Q: Are we not Men? We are Devo! (1978)
Duty now for the Future (1979)
ENO, MOEBIUS, ROEDELIUS: After the Heat (1978)
ESKATON: 4 Visions (1979)
ETRON FOU LELOUBLAN: Batelages (1977)
FAD GADGET: Incontinent
Under the Flag
THE FLYING LIZARDS: The Flying Lizards (1980)
GLENN BRANCA - The Ascension (1981)
HELDON: Un Rêve sans Conséquence Spécial (1976)
Interface (1977)
Stand by (19799
HENRY COW: Western Culture (1979)
HUMAN LEAGUE (THE) – Reproduction (1979)
Travelogue (1980)
IGGY POP: The Idiot (1977)
KRAFTWERK: Trans Europe Express (1977)
The Man Machine (1978)
LEGENDARY PINK DOTS: Island of Jewels
L. VOAG: The Way out (1979)
MARTIN REV - Martin Rev (1980)
MOEBIUS & PLANK - Rastakraut Pasta (1980)
- Material (1981)
MONOCHROME SET (THE) - Strange Boutique (1980)
- Love Zombies (1980)
- Eligible Bachelors (1982)
NEGATIVLAND - Negativland (1980)
Points (1981)
NEW YORK GONG : About Time (1979)
PERE UBU – The Modern Dance (1978)
Dub Housing (1978)
New Picnic Time (1979)
The Art of Walking (1980)
PETER HAMMILL – The Future now (1978)
PH7 (1979)
A Black Box (1980)
THE RESIDENTS: Not Available (1978)
Fingerprince (1979)
Eskimo (1979)
RICHARD PINHAS – Rhizosphère (1977)
Chronolyse (1978)
Iceland (1979)
ROBERT FRIPP: Exposure (1979)
SNAKEFINGER - Greener Postures (1980)
SUICIDE: Suicide (1977)
Alan Vega – Martin Rev – Suicide (1980)
TALKING HEADS – More Songs about Buildings and Food (1978)
Fear of Music (1979)
TELEX: Neurovision
THIS HEAT – This Heat (1979)
Deceit (1981)
THOMAS LEER & ROBERT RENTAL: The Bridge (1979)
TUXEDOMOON - Half-Mute (1980)
- Desire (1981)
UNIVERS ZERO: Hérésie (1979)
Ceux du Dehors (1980)
URBAN SAX: Urban Sax (1977)
VAN DER GRAAF: The Quiet Zone/The Pleasure Dome (1977)
WALL OF VOODOO: Dark Continent
Call of the West
ZNR: Barricade 3 (1977)
Traite de Mécanique Populaire (1979)

FM

This Heat



Fernando Magalhães
19.06.2002 170548

Os THIS HEAT são, além dos CLUSTER, dos CAN, dos NEU!, dos HELDON e dos SEVERED HEADS, provavelmente a banda que mais influenciou - ou antecipou! - o pós-rock. É curioso o facto da sua música juntar alguma da estética anterior do RIO (Rock in Opposition, ligado à Recommended) com a música industrial e a eletrónica "rough" de uns Cabaret Voltaire.
A diferença está em que CHARLES HEYWARD, o mentor do grupo, é um tipo com uma imensa cultura musical, cujo passado, como músico, entronca no rock progressivo (fez parte de uma banda de que não me lembro agora o nome).

Já agora, que disco é que ouviste, o primeiro, "This Heat" ou o seguinte, "Deceit"? São algo diferentes entre si. Mais fragmentário, acutilante e metálico o primeiro. Mais elaborado e construído em torno de "canções", o segundo.

Como complemento aos THIS HEAT, o passo seguinte é ouvir os THE CAMBERWELL NOW ("The Ghost Trade"), numa vertente mais rock mas não menos imaginativa e poderosa, ou o disco de estreia a solo do C. Heyward, "Survive the Gesture".

FM

BRASIl e GALIZA: Dois grandes álbuns



Fernando Magalhães
19.06.2002 170522

Ouvidos ontem, ambos me deixaram entusiasmado.

Do Brasil:

FRANCIS HIME: Choro Rasgado (ed. Biscoito Fino)
Classicismo do mais puro. Bossa-nova, samba, choro. Uma tristeza belíssima, a contrastar com os dias de sol que atravessamos. Instrumentais complexos (entre o ambiente dos "Dias da Rádio" e algumas das equações Recommened - a sério!) alternam com canções de uma delicadeza extrema, do agrado decerto, dos apreciadores de Tom Jobim ou João Gilberto.

Da Galiza (creio eu, embora o texto da capa não esteja escrito em galego, são muiñeiras, mas também uma quantidade de composições assinadas pelo próprio...):

FLAVIO BENITO: Mara (ed. Fonomusic)
Um novo portento da gaita-de-foles, capaz de fazer frente a Carlos Nuñez, Budiño, Bieito Romero, etc...
Benito é um inovador, tocando em escalas pouco habituais e com um fraseado também muito "sui generis". As canções, vocalizadas por uma cantora (ainda não me dei ao trabalho de ver o seu nome...), também são muito boas. Escreverei em breve sobre este álbum, um "must" caído de surpresa no panorama folk deste ano.

FM

Ambidextruous



Fernando Magalhães
19.06.2002 221004

O álbum dos AMBIDEXTROUS é completamente irrelevante. Eletrónica fria, melódica, saltitante, insuportavelmente igual a dezenas de coisas que se vão ouvindo um pouco por todo o lado.
A culpa é dos AROVANE e do estilo que criaram, hoje em dia, para os meus ouvidos, completamente enjoativo. Muzak...

O mesmo se aplica em relação aos também russos, SYNTETIKA ("100% Syntetika"), embora as batida sejam menos anémicas. Mas a sensação de "Déjà vu" e de absoluta falta de ideias prevalece.

Música bonitinha...o tal muzak,,,para ouvir como fundo...Alguém falou em papel de parede?

A crítica sai já neste Y.

FM

O melhor dos anos 80: Lista mastodôntica



Fernando Magalhães
17.06.2002 160426

O melhor dos anos 80: POP, ROCK, JAZZ, ELETRÓNICA...

AFTER DINNER - Paradise of Replica (Rec Rec, 1989)
ANDRE DUCHESNES - Le Temps des Bombes (Ambiances Magnétiques, 1984)
ANDREW POPPY - The Beating of Wings (ZTT, 1985)
ANNETTE PEACOCK - Sky-Skating (Ironic, 1982)
ART BEARS - The World as it is Today (Ralph, 1980)
ART ZOYD - Génération sans Futur (Mantra, 1980)
- Symphonie pour le Jour ou Bruleront les Cités (1980)
- Les Espaces Inquiets (1983)
- Le Marriage du Ciel et de l' Enfer (Cryonic, 1985)
- Berlin (Cryonic, 1987)
BENJAMIN LEW & STEVEN BROWN - Douzième Journée: Le Verbe, la Parure, l' Amour (Made to Measure, 1983)
- A Propos d'un Paysage (Made to Measure, 1985)
BIOTA – Vagabones & Rackabones (1985)
BIRDSONGS OF THE MESOZOIC - Faultline (Cuneiform, 1989)
BORIS KOVAC - Ritual Nova (Recommended, 1986/1989)
BOULEVARD OF BROKEN DREAMS - It's the Talk of the Town and other Sad Stories (Hannibal, 1989)
BRIAN ENO - Ambient #4 On Land (Virgin EG, 1982)
- Apollo Atmospheres & Soundtracks (Virgin EG, 1983)
BRIAN ENO & DAVID BYRNE - My Life in the Bush of Ghosts (EG, 1981)
CABARET VOLTAIRE: Voice of America (1980)
CAPTAIN BEEFHEART & HIS MAGIC BAND - Doc at the Radar Station (Virgin, 1980)
CARLA BLEY - Social Studies (Watt, 1981)
CASSIBER - Beauty and the Beast (Recommended, 1984)
- Perfect Worlds (Recommended, 1986)
CHARLES W. VRTACEK - Learning to be Silent (Cuneiform, 1986)
- When Heaven Comes to Town (1988)
CHRISTIAN MARCLAY - More Encores (Recommended, 1988)
CHROME – Red Exposure (1980)
CLUSTER - Curiosum (Sky, 1981)
COLIN WALCOTT, DON CHERRY, NANA VASCONCELOS - Codona (ECM, 1981)
CONRAD SCHNITZLER & MICHAEL OTTO – Micon in Italia (1986)
DANIEL SCHELL & KARO - If Windows they Have (Made to Measure, 1986)
DAVID BOWIE - Scary Monsters (and Super Creeps) (EMI, 1980)
DAVID BYRNE - The Complete Score from "The Catherine Wheel" (Sire, 1981)
- Rei Momo (Luaka Bop/Sire, 1989)
DAVID GARLAND - Control Songs (Review, 1986)
DAVID MURRAY - The Hill (Black Saint, 1988)
DEBILE MENTHOL - Emile au Jardin Patrologique (Rec Rec, 1981)
- Battre Campagne (1984)
DEPECHE MODE - Construction Time again (Mute, 1983)
DEROME/LUSSIER- Soyer Vigilants, Restez Vivants (1986)
- Le Retour des Granules (1987)
DEVO - New Traditionalists (1981)
DOCTOR NERVE - Out to Bomb Fesh Kings (Cuneiform, 1985)
- Armed Observations (1987)
DOUBLE-X-PROJECT – Fallobst (1987)
EDWARD KA-SPEL – Perhaps we’ll only See a Thin Blue Line (1989)
EDWARD VESALA - Lumi (ECM, 1987)
EINSTUERZENDE NEUBAUTEN - Zeischnungen des Patienten OT (1983)
- Halber Mensch (1985)
- Haus der Luge (1989)
ELLIOTT SHARP - In the Land of the Yahoos (SST, 1987)
- Virtual Stance (1986)
ETRON FOU LELOUBLAN - Les Poumons Gonfles (1982)
FELA ANIKULAPO KUTI - Beasts of no Nation (Shanachie, 1989)
THE FLYING LIZARDS: The Flying Lizards (1980)
FOETUS - Hole (1984)
- Nail (1985)
FRANK ZAPPA - Them or Us (Ryko, 1984)
FRED FRITH - Gravity (Rec Rec, 1980)
- Speechless (Rec Rec, 1981)
- Cheap at Half the Price (Rec Rec, 1983)
- The Technology of Tears (Rec Rec, 1988)
FRENCH, FRITH, KAISER & THOMPSON - Live, Love, Larf and Loaf (Demon, 1988)
GEORGE RUSSELL - New York Big Band (Soul Note, 1982)
GLENN BRANCA - The Ascension (Robi Droli, 198?)
GLEN VELEZ - Internal Combustion (CMP, 1985)
GRAEME REVELL – The Insect Musicians (1986)
HAROLD BUDD - Lovely Thunder (Editions EG, 1986)
HAROLD BUDD & BRIAN ENO - Ambient #2 The Plateaux of Mirror (Editions EG, 1980)
- The Pearl (Editions EG, 1984)
HARRY PEPL, HERBERT JOOS, JON CHRISTENSEN - Cracked Mirrors (ECM, 1988)
HAWKWIND - Levitation (Castle Communications, 1980)
HECTOR ZAZOU/BONI BIKAYE/C Y 1 - Noir et Blanc (Crammed, 1983)
HECTOR ZAZOU - Géographies (Made to Measure, 1984)
- Reivax au Bongo (Made to Measure, 1986)
- Géologies (Made to Measure, 1989)
HENRI TEXIER - Izlaz (Label Bleu, 1988)
HOLGER CZUKAY - On the Way to the Peak of Normal (EMI-Electrola, 1980)
- Rome Remains Rome (Virgin, 1987)
HOLGER HILLER - Ein Bündel Faulnis in der Grube (Mute, 1984)
- Oben im Eck (1986)
HUBERT BOGNERMAYR & HARALD ZUSCHRADER - Begpredigt (Erdenklang, 1983)
HUMAN LEAGUE (THE) - Travelogue (Virgin, 1980)
IGGY POP - Zombie Birdhouse (I.R.S., 1982)
ISTVÁN MÁRTA - Támad Aszél (The Wind Rises) (Recommended, 1987)
JACK DeJOHNETTE’S SPECIAL EDITION- Special Edition (ECM, 1980)
- Tin Can Alley (ECM, 1981)
JEFF GREINKE - Timbral Planes (Linden, 1987)
JOCELYN ROBERT – Stat –Live-Moniteur (1987)
JOHN CALE - Honi Soit (A&M, 1981)
- Music for a New Society (FNAC, 1982)
JOHN SURMAN - The Amazing Adventures of Simon Simon (ECM, 1981)
- Such Winters of Memory (ECM, 1983)
- Witholding Pattern (ECM, 1985)
- Private City (ECM, 1988)
JOHN ZORN - The Big Gundown (Icon, 1986)
- Spillane (Elektra Nonesuch, 1987)
JON HASSELL - Dream Theory in Malaya (Editions EG, 1981)
- Aka, Darbari, Java Magic Realism (Editions EG, 1983)
- Power Spot (ECM, 1986)
JON HASSELL & BRIAN ENO - Fourth World, Vol. 1 Possible Musics (Editions EG, 1980)
JON HASSELL/FARAFINA - Flash of the Spirit (Intuition, 1988)
JORGE REYES - Ek-Tunkul (Lejos del Paraiso, 1987)
KAHONDO STYLE – Green Tea & Crocodiles (Nato, 1987)
KALAHARI SURFERS - Living in the Heart of the Beast (ReR, 1985)
KATE BUSH - The Dreaming (EMI, 1982)
KLAUS SCHULZE - Audentity 2xCD (Innovative Communication, 1983)
KRAFTWERK - Computer World (Elektra/Asylum, 1981)
- Electric Café (1986)
LACRYMOSA - Bugbear (SE, 1984)
LARAAJI - Day of Radiance (Editions EG, 1980)
LARS HOLLMER - XII Sibiriska Cyklar (Resource, 1981)
- Vill du Höra Mer (1982)
- Tonöga (Resource, 1985)
- Fran Natt Idag (1985)
- Vendeltid (1987)
LAURIE ANDERSON - Big Science (Warner Bros., 1982)
- Mr. Heartbreak (Warner Bros., 1984)
- Home of the Brave (Warner Bros., 1986)
- Strange Angels (Warner Bros., 1989)
LEGENDARY PINK DOTS (THE) - Asylum (Play it again Sam, 1985)
- Any Day now (Play it again Sam, 1987)
- The Golden Age (Play it again Sam, 1988)
- The Crushed Velvet Apocalypse (Play it again Sam, 1989)
LIGHTS IN A FAT CITY - Somewhere (City of Tribes, 1988)
LOUIS SCLAVIS - Chine (IDA, 1987)
LOUNGE LIZARDS (THE) - The Lounge Lizards (Editions EG, 1981)
- Voice of Chunk (Milan, 1989)
- LUCIANO MARGORANI – Home Recording is Killing Studios (1988)
MARC HOLLANDER: Onze Danses pour Combattre la Migraine (1981)
MARIANNE FAITHFULL - Strange Weather (Island, 1987)
MARKUS STOCKAUSEN & GARY PEACOCK - Cosi Lontano Quasi Dentro (ECM, 1989)
MARTIN REV - Martin Rev (Daft, 1980)
- Clouds of Glory (Mau Mau, 1985)
MARTY EHRLICH - The Welcome (Sound Aspects, 1984)
MARY COUGHLAN - Tired and Emotional (Mystery, 1987)
- Under the Influence (WEA, 1987)
MATILDE SANTING - Water under the Bridge (Megadisc, 1985)
MEREDITH MONK - Dolmen Music (ECM, 1981)
- Turtle Dreams (ECM, 1983)
- Do you be (ECM, 1987)
MICHAEL BROOK - Hybrid (Editions EG, 1985)
MICHAEL NYMAN - The Draughtsman’s Contract (Charisma, 1982)
MICHAEL ROTHER - Fernwürme (Random, 1981)
MICHEL PORTAL - Dejarme Solo! (Dreyfus, 1980)
- Turbulence (Harmonia Mundi, 1987)
MICHEL REDOLFI - Desert Tracks (Ina.grm, 1988)
MIRIODOR - Miriodor (Cuneiform, 1988)
MIROSLAV VITOUS - Journey’s End (ECM, 1983)
MOEBIUS - Tonspuren (Sky, 1983)
MOEBIUS & BEERBOHM - Double Cut (Sky, 1983)
MOEBIUS & PLANK - Rastakraut Pasta (Sky, 1980)
- Material (1981)
- En Route (No-CD, 1986)
MOEBIUS, PLANK, NEUMEIER - Zero Set (Sky, 1983)
MONOCHROME SET (THE) - Strange Boutique (Virgin, 1980)
- Love Zombies (1980)
- Eligible Bachelors (Cherry Red, 1982)
MOTHER GONG - Wild Child (Spalax, 1989)
MOTOR TOTEMIST GUILD - Infra Dig (No Man’s Land, 1984)
- Contact with Veils (1986)
- Shapuno Zoo (No Man’s Land, 1988)
NEGATIVLAND - Negativland (Seeland, 1980)
- Points (Seeland, 1981)
- A Big 10 - 8 Place (Seeland, 1983)
- Escape from Noise (Seeland, 1987)
NEWS FROM BABEL - Work Resumed from the Tower (Re, 1984)
- Letters Home (1986)
NICK MASON - Nick Mason's Fictitious Sports (Harvest, 1981)
NICO - Drama of Exile (Buda, 1981)
NON CREDO - Reluctant Hosts (No Man’s Land, 1988)
NURSE WITH WOUND - The Sylvie and Babs High-Thigh Companion (United Diaries, 1985)
- Spiral Insana (1986)
OFFICER: Ossification (1984)
O YUKI CONJUGATE - Into Dark Water/Undercurrents (Final Image, 1986)
PAOLO CONTE - Paris Milonga (RCA, 1981)
PASCAL COMELADE – Détail Monochrome (1984)
- El Primitivismo (Les Disques du Soleil et de l’Acier, 1988)
PAT METHENY & LYLE MAYS - As Falls Wichita, so Falls Wichita Falls (ECM, 1981)
PAT METHENY (GROUP) - 80/81 2xCD (ECM, 1980)
- Offramp (ECM, 1982)
PAUL MOTIAN - It Should’ve Happened a Long Time ago (ECM, 1985)
PENGUIN CAFE ORCHESTRA - Penguin Cafe Orchestra (Editions EG, 1981)
- Broadcasting from Home (Editions EG, 1984)
PERE UBU - The Art of Walking (Cooking Vinyl, 1980)
- Song of the Bailing Man (Cooking Vinyl, 1982)
- The Tenement Year (Fontana, 1988)
- Cloudland (Fontana, 1989)
PETER BLEGVAD - The Naked Shakespeare (Virgin, 1983)
- Downtime (Recommended, 1988)
PETER HAMMILL - A Black Box (Static, 1980)
- Sitting Targets (Virgin, 1981)
- Enter K (Fie!, 1982)
- Patience (Fie!, 1983)
- Skin (Line, 1986)
PFS – Illustrative Problems (1986)
PHANTOM BAND - Nowhere (Spoon, 1983)
POPULAR MECHANICS – Insect Culture (1987)
POULES (LES) – Contes de l’Amère-Loi (1986)
PRESENT - Triskadekaphobie (Cuneiform, 1989)
- Le Poison qui Rend Fou (1989)
PROPELLER ISLAND - Hermeneutic Music (Erdenklang, 1988)
- The Secret Convention (Badland, 1988)
PYROLATOR - Wunderland (Ata Tak, 1984)
RABIH ABOU-KHALIL - Between Dusk and Dawn (Enja, 1987)
RECOIL - 1+2 (Mute, 1986)
- Hydrology (1988)
RENALDO AND THE LOAF - The Elbow is Taboo (Some Bizarre, 1987)
RENÉ LUSSIER - Fin du Travail (Version 1) (Ambiances Magnétiques, 1983)
- Le Trésor de la Langue (Ambiances Magnétiques, 1989)
RESIDENTS (THE) - Commercial Album (Euro Ralph, 1980)
- Mark of the Mole (East Side Digital, 1981)
- The Tunes of Two Cities (East Side Digital, 1982)
- The Big Bubble (Black Shroud, 1985)
RICHARD PINHAS - L'Éthique (Cuneiform, 1981)
RICHARD THOMPSON - Strict Tempo (Topic, 1981)
ROBERT-MARCEL LePAGE – La Traversée de la Mémoire Morte (1987)
ROBERTO MUSCI - The Loa of Music (Lowlands, 1984)
ROBERTO MUSCI & GIOVANNI VENOSTA - Water Messages on Desert Sand (Recommended, 1987)
- Urban and Tribal Portraits (1988)
ROBERT RICH - Trances/Drones 2xCD (Extreme, 1983)
- Numena (Fathom, 1987)
ROBERT WYATT - Old Rottenhat (Rough Trade, 1985)
ROBIN WILLIAMSON - Winter's Turning (Plant Life, 1986)
ROGER ENO - Voices (Editions EG, 1985)
R. STEVIE MOORE – Everything you always Wanted to Know... (1984)
SAMMLA MAMMAS MANNA - FamilyCracks (Silence, 1980)
- Zamlaramanna (Resource, 1982)
SCOTT JOHNSON - John Somebody (Icon, 1986)
SEVERED HEADS - Since the Accident (Nettwerk, 1983)
- City Slab Horror (Nettwerk, 1985)
SHANKAR - Who's to Know (ECM, 1981)
SHELLEY HIRSCH & DAVID WEINSTEIN - Haiku Lingo (Review, 1989)
SKELETON CREW - Learn to Talk (Rec Rec, 1984)
- The Country of Blinds (1986)
SNAKEFINGER - Greener Postures (1980)
- Manual of Errors (Torso, 1982)
SPACEBOX - Kick up (Captain Trip, 1984)
SPK – Zamia Lehmani (1986)
STEPHAN MICUS - Wings over Water (ECM, 1982)
- Ocean (ECM, 1986)
- The Music of Stones (ECM, 1989)
STEVE BERESFORD, DAVID TOOP, JOHN ZORN, TONIE MARSHALL - Deadly Weapons (NATO, 1986)
STEVE FISK- 448 Deathless Days (SST, 1987)
STEVE MOORE – A Quiet Gathering (1988)
STEVE REICH - Sextet/Six Marimbas (Elektra Nonesuch, 1986)
STEVE ROACH - Dreamtime Return 2xCD (Fortuna, 1988)
STEVE ROACH & KEVIN BRAHENY - Western Spaces (Fortuna, 1987)
- Desert Solitaire (Fortuna, 1989)
STEVE TIBBETTS - Yr (ECM, 1980)
SUSSAN DEIHIM & RICHARD HOROWITZ - Desert Equations: Azax Attra (Made to Measure, 1986)
SUZANNE VEGA - Solitude Standing (A&M, 1987)
TALKING HEADS - Remain in Light (Sire, 1980)
TEARDROP EXPLODES (THE) - Wilder (Mercury, 1981)
TERJE RYPDAL - Blue (ECM, 1987)
TEST DEPT – Beating the Retreat (1984)
- The Unnaceptable Face of Freedom (1986)
THINKING PLAGUE - …A Thinking Plague (Cuneiform, 1984)
- Moonsongs (1986)
- In this Life (Recommended, 1989)
THIS HEAT – Deceit (1981)
THOMAS DINGER - Für Mich (Captain Trip, 1982)
TOM RECCHION - Chaotica (Birdman, 1986)
TOM WAITS - Heartattack and Vine (Elektra, 1980)
- Swordfishtrombones (Island, 1983)
- Rain Dogs (Island, 1985)
- Frank's Wild Years (Island, 1987)
TUXEDOMOON - Half-Mute (Cramboy, 1980)
- Desire (Cramboy, 1981)
- Suite en Sous-Sol (Cramboy, 1982)
UNDERTONES (THE) - Hypnotised (Dojo, 1980)
UNIVERS ZERO - Ceux du Dehors (Cuneiform, 1980)
- Heatwave (Cuneiform, 1987)
- Uzed (Cuneiform, 1988)
URBAN SAX - Fraction sur le Temps (EPM, 1985)
5 UU'S - Bel Marduk & Tiamat (Cuneiform, 1984)
- Elements (1988)
VANGELIS - Invisible Connections (Deutsche Grammophon, 1985)
VIRGINIA ASTLEY - From Gardens where we Feel Secure (Happy Valley, 1983)
VLADIMIR ESTRAGON - Three Quarks for Muster Mark (Tip Toe, 1989)
VOGËL EUROPAS (DIE) - Best Before: (Creative Works, 1989)
WEATHER REPORT - Night Passage (Columbia, 1980)
WHA HA HA – Wha Ha Ha (1983)
WHEN – Death in the Blue Lake (1988)
WIM MERTENS/SOFT VERDICT - Vergessen (Les Disques du Crépuscule, 1982)
- For Amusement only (Les Disques du Crépuscule, 1983)
- Struggle for Pleasure (Les Disques du Crépuscule, 1983)
- Maximizing the Audience (Les Disques du Crépuscule, 1984)
WONDEUR BRASS – Ravir (1985)
WORLDS OF LOVE (THE) - The Worlds of Love (Review, 1989)
X T C - Black Sea (Toshiba-Virgin, 1980)
- English Settlement (Toshiba-Virgin, 1982)
- Mummer (Toshiba-Virgin, 1983)
- Skylarking (Toshiba-Virgin, 1986)
YELLO - Claro que Si (Mercury, 1981)
- You Gotta Say Yes to another Excess (Mercury, 1983)
ZERO POP - All the Big Mystics (Rec Rec, 1988)
ZOVIET FRANCE – Gris (1985)

Nas duas listas publicadas nas edições do BLITZ de 16 e 23/1/90 (respectivamente “O Balanço Final” e “O Balanço Instável) constam ainda álbuns dos seguintes artistas:

ALAN STIVELL, HEAVEN 17, KING CRIMSON, SOFT CELL, ANDY SUMMERS/ROBERT FRIPP, FAD GADGET, PETER GABRIEL, TERRY RILEY, D.A.F., GOLDEN PALOMINOS, MNEMONISTS, ALÉSIA COSMOS, THE ART BARBEQUE, LAIBACH, PETER PRINCIPLE, REGULAR MUSIC, DAVID LINTON, GODARD FANS, BRUCE GILBERT, THE CAMBERWELL NOW, COLLECTIV NOX, MASAHIDE SAKUMA, NEO MUSEUM, ORTHOTONICS, SEMANTICS, THE THE, TOM VAN DER GELD, ARTHUR RUSSELL, SLAGERIJ VAN KAMPEN, STARTLED INSECTS, TEARGARDEN, WAYNE HORVITZ, BOURBONESE QUALK, JAZZ PASSENGERS, MARK STEWART, NIMAL, PHILIP PERKINS, STEVEN BROWN, YASUAKI SHIMIZU, BEM NEILL, BOBBY PREVITE, COIL, DAVID BORDEN/MOTHER MALLARD, DAVID FULTON, DELERIUM, MIKEL ROUSE BROKEN CONSORT, HEINER GOEBBELS/HEINER MULLER, JOCKE SODERQVIST, LAST EXIT, THE PRESIDENT, ULUDAG, AGNES BUEN GARNAS/JAN GARBAREK, BARRY ADAMSON, INVADERS OF THE HEART, PHILIP GLASS, ROBERT MERDZO, SEIGEN ONO e STAN RIDGWAY.

Um dos discos mencionados, por lapso, no BLITZ é “Barricade 3” DOS ZNR. O álbum é de 1977.

FM