Pop
CLOCK DVA
Buried Dreams
LP e
CD Antler, import. Contraverso
Secção
terrorista psico-sonora. Os Clock DVA querem assustar-nos, testando os
neurónios e apelando para o lado mais sombrio e doentio da natureza humana. Na
mesma linha de outros “papões”, como os Coil, P. Browse, D. Dennis e A. Newton
fazem tudo o que podem para obter o efeito pretendido. Os temas que abordam nas
suas experiências manipulatórias (“Ouvir música é compreender que a sua
apropriação e controlo é uma manifestação de poder”, em “Noise – The Political
Economy of Music”, Jacques Attali) incluem as proezas sado-assassinas de uma
condessa pervertida (“Buried dreams”), o fetichismo centrado na cor violeta
(“Velvet realm”) e conspirações tecnológicas com vírus informáticos justiceiros
ao serviço de uma “álgebra do demónio” (“The hacker”). Depois são referências a
obras levezinhas, como “Psychopathia Sexualis” ou “A Happy Death” de Albert
Camus, e gravuras com títulos sugestivos, como o clínico “Penetrating
Craniocerebral Trauma”. A música está ao nível da câmara de horrores
conceptual: gemidos digitais, vozes ameaçadoras avisando-nos dos perigos de
tudo, incluindo o de ouvir discos dos Clock DVA, samplers demoníacos,
classicismo e decadência sintéticos e sequenciadores martelo-pilão. “Buried
Dreams” é um passeio noturno e perigoso pelo comboio-fantasma das nossas
fantasias mais ocultas. “O desconhecido induz a mente a experimentar novos
níveis de medo” (notas de “Unseen”). Este disco também.
QUARTA-FEIRA,
21 MARÇO 1990 VIDEODISCOS