Sons
7 de Maio 1999
Tó Neto apresenta “Planetário” no Planetário
Eu vou ser como o golfinho
“Planetário”, o novo álbum do angolano Tó Neto, mistura os astros e os golfinhos com canções new age e rap ecologista. A partir de Maio esta música vai ser apresentada ao vivo no Planetário de Lisboa, em formato multimédia. Durante um mês e meio, todos os dias. Viagens imaginárias até Oceania, o planeta onde as coisas de que não gostamos não existem.
Durante muitos anos foi apelidado de “Jean-Michel Jarre português”. Tó Neto afasta essa imagem e, de facto, a música de “Planetário” tem pouco a ver com a do autor de “Oxygène”. Mas o interesse pela astronomia mantém-se. Um interesse que remonta à gravação do seu álbum de estreia, “Láctea”, já lá vão 13 anos, a que se seguiram “Big Bang”, “Negro” e “Angola”. “Planetário”, quinto álbum de originais deste músico angolano apaixonado pela electrónica e pela new age, acrescenta às antigas viagens pelo cosmos uma mensagem ecológica, expressa, de resto, no single “Salva os Animais”.
Participam neste álbum uma série de músicos e técnicos de som, luz e vídeo aglutinados num projecto que recebeu o nome de Oceania. “Um projecto [concebido] para a próxima passagem de milénio”, explica Tó Neto. Com a estreia inicialmente prevista para a Expo, “Planetário” vai afinal ter a sua apresentação ao vivo no próprio Planetário de Lisboa: “O melhor sítio para um artista, como eu, que acompanhou sempre a astronomia.”
Oceania “é um continente ou um planeta imaginário onde as coisas de que não gostamos não existem”. Curiosamente, Oceania foi também o nome dado à terra virtual que os visitantes da Expo puderam percorrer no Pavilhão da Realidade Virtual. Uma coincidência que Tó Neto até aprecia: “Quer dizer que há muita gente na mesma senda.”
A grande diferença deste álbum em relação aos anteriores “foi a aposta nos vocais”. “Senti necessidade de escrever, de recorrer ao texto, para fazer passar mensagens muito específicas.” Como acontece em “Suku Maehee!”, “Minha Nossa Senhora”, na língua kimbundu, que “fala da corrupção em Angola, da ostentação de riqueza, quando a grande maioria do povo está na miséria, com crianças a viverem nas sarjetas”.
Tó Neto lança um alerta – “Atenção para onde estamos a caminhar!” –, ao mesmo tempo que acusa os cientistas e políticos de “não quererem encarar a realidade”. As suas preocupações ecologistas estão bem visíveis em canções como “Salva os animais”, “Eu sou um golfinho”, “Lua azul” e “Praia do paraíso”, às quais Tó Neto adicionou sonoridades hip hop e ritmos de inspiração africana.
Para os promotores deste novo projecto de Tó Neto, trata-se de “música construída no sentido de induzir no ouvinte um estado de transcendência espiritual”. Um estado que o teclista pretende reforçar, quando “Planetário” for acompanhado da projecção de lasers da última geração, “slides” e outros efeitos visuais projectados sobre a abóbada de estrelas do Planetário de Lisboa. Um “espectáculo hipnótico”, nas palavras do músico, “concebido para criar momentos em que as pessoas se esqueçam de tudo o que existe lá fora, momentos de beleza e de bem-estar, de relax, com um reportório escolhido para as pessoas viajarem, mas sempre com a preocupação de fazer passar uma mensagem ecológica”. Quem assistir [ao espectáculo] vai ficar absorvido em termos visuais e auditivos do princípio até ao fim”, garante Tó Neto.
Para trás fica o rótulo de Jean-Michel Jarre português, apesar de outra curiosa coincidência aproximar o músico angolano do francês: ambos dedicarem alguma da sua música ao comandante Cousteau. O francês dedicou-lhe um álbum inteiro, “Waiting for Cousteau”, o angolano um tema do seu novo disco, “Eu sou um golfinho”. Tó Neto afirma que a única coisa que existe em comum entre ambos é o facto de “usarem os mesmos instrumentos”. Tó Neto prefere, de resto, ouvir Vangelis, Kitaro ou Richard Souther.
“Planetário”, que Tó Neto define, em termos técnicos, como “uma experiência de sincronismo absoluto entre os sintetizadores, os lasers, os diaporamas e o planetário” estreia-se no Planetário de Lisboa (em Belém, nas instalações do Museu da Marinha) a 13 de Maio, com apresentações diárias (excepto às segundas-feiras), a partir das 22h, até 30 de Junho.
7 de Maio 1999
Tó Neto apresenta “Planetário” no Planetário
Eu vou ser como o golfinho
“Planetário”, o novo álbum do angolano Tó Neto, mistura os astros e os golfinhos com canções new age e rap ecologista. A partir de Maio esta música vai ser apresentada ao vivo no Planetário de Lisboa, em formato multimédia. Durante um mês e meio, todos os dias. Viagens imaginárias até Oceania, o planeta onde as coisas de que não gostamos não existem.
Durante muitos anos foi apelidado de “Jean-Michel Jarre português”. Tó Neto afasta essa imagem e, de facto, a música de “Planetário” tem pouco a ver com a do autor de “Oxygène”. Mas o interesse pela astronomia mantém-se. Um interesse que remonta à gravação do seu álbum de estreia, “Láctea”, já lá vão 13 anos, a que se seguiram “Big Bang”, “Negro” e “Angola”. “Planetário”, quinto álbum de originais deste músico angolano apaixonado pela electrónica e pela new age, acrescenta às antigas viagens pelo cosmos uma mensagem ecológica, expressa, de resto, no single “Salva os Animais”.
Participam neste álbum uma série de músicos e técnicos de som, luz e vídeo aglutinados num projecto que recebeu o nome de Oceania. “Um projecto [concebido] para a próxima passagem de milénio”, explica Tó Neto. Com a estreia inicialmente prevista para a Expo, “Planetário” vai afinal ter a sua apresentação ao vivo no próprio Planetário de Lisboa: “O melhor sítio para um artista, como eu, que acompanhou sempre a astronomia.”
Oceania “é um continente ou um planeta imaginário onde as coisas de que não gostamos não existem”. Curiosamente, Oceania foi também o nome dado à terra virtual que os visitantes da Expo puderam percorrer no Pavilhão da Realidade Virtual. Uma coincidência que Tó Neto até aprecia: “Quer dizer que há muita gente na mesma senda.”
A grande diferença deste álbum em relação aos anteriores “foi a aposta nos vocais”. “Senti necessidade de escrever, de recorrer ao texto, para fazer passar mensagens muito específicas.” Como acontece em “Suku Maehee!”, “Minha Nossa Senhora”, na língua kimbundu, que “fala da corrupção em Angola, da ostentação de riqueza, quando a grande maioria do povo está na miséria, com crianças a viverem nas sarjetas”.
Tó Neto lança um alerta – “Atenção para onde estamos a caminhar!” –, ao mesmo tempo que acusa os cientistas e políticos de “não quererem encarar a realidade”. As suas preocupações ecologistas estão bem visíveis em canções como “Salva os animais”, “Eu sou um golfinho”, “Lua azul” e “Praia do paraíso”, às quais Tó Neto adicionou sonoridades hip hop e ritmos de inspiração africana.
Para os promotores deste novo projecto de Tó Neto, trata-se de “música construída no sentido de induzir no ouvinte um estado de transcendência espiritual”. Um estado que o teclista pretende reforçar, quando “Planetário” for acompanhado da projecção de lasers da última geração, “slides” e outros efeitos visuais projectados sobre a abóbada de estrelas do Planetário de Lisboa. Um “espectáculo hipnótico”, nas palavras do músico, “concebido para criar momentos em que as pessoas se esqueçam de tudo o que existe lá fora, momentos de beleza e de bem-estar, de relax, com um reportório escolhido para as pessoas viajarem, mas sempre com a preocupação de fazer passar uma mensagem ecológica”. Quem assistir [ao espectáculo] vai ficar absorvido em termos visuais e auditivos do princípio até ao fim”, garante Tó Neto.
Para trás fica o rótulo de Jean-Michel Jarre português, apesar de outra curiosa coincidência aproximar o músico angolano do francês: ambos dedicarem alguma da sua música ao comandante Cousteau. O francês dedicou-lhe um álbum inteiro, “Waiting for Cousteau”, o angolano um tema do seu novo disco, “Eu sou um golfinho”. Tó Neto afirma que a única coisa que existe em comum entre ambos é o facto de “usarem os mesmos instrumentos”. Tó Neto prefere, de resto, ouvir Vangelis, Kitaro ou Richard Souther.
“Planetário”, que Tó Neto define, em termos técnicos, como “uma experiência de sincronismo absoluto entre os sintetizadores, os lasers, os diaporamas e o planetário” estreia-se no Planetário de Lisboa (em Belém, nas instalações do Museu da Marinha) a 13 de Maio, com apresentações diárias (excepto às segundas-feiras), a partir das 22h, até 30 de Junho.
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