08/12/2010

Jah Wobble - Deep Space

Sons

16 de Abril 1999
DISCOS – POP ROCK

Jah Wobble
Deep Space (6)
30 Hertz, distri. MVM


O paquiderme está de volta. Thomp, thomp, o baixo do ex-PIL por onde passa reduz a mobília a cacos. Por mais que tente, Wobble é mesmo assim, tem a delicadeza de um elefante simpático que, ao contrário de Dumbo, não sabe voar. Quando tentou fazer música ambiental, com Eno, este torceu o nariz e arrependeu-se da brincadeira. Música de dança, também não consegue sair do rés-do-chão. Curiosamente, a sua melhor obra recente acaba por ser um “Requiem” de ressonâncias clássicas que não deve nada a Michael Nyman. Em “Deep Space” a aposta parece ser o pós-rock. Não faltam os sintetizadores analógicos, a fazer borbulhas por todo o lado, nem a presença do baterista dos Can, Jaki Liebezeit. Depois, um título como “The competition of supermassive black holes and galactic spheroids in the destruction of globular clusters” parece ter sido pedido emprestado aos Tangerine Dream. “The immanent” e “The transcendent” arrastam-se em cadências monolíticas onde, apesar de tudo, existe alguma matéria de entretenimento nos sons electrónicos que vão aparecendo e desaparecendo sem que se vislumbre qualquer lógica aparente. “Disks, winds and veiling curtains” conta com a produção e o baixo de Bill Laswell, outro peso-pesado, que confere a este tema o psicadelismo com cheiro a enxofre tão da sua preferência. O lado étnico é garantido por uma vocalização, ultra filtrada, da cantora bósnia Amila Sulejmanovic, e pelas gaitas-de-foles e outras palhetas duplas plastificadas de Jean-Pierre Rasle, outrora digno elemento da banda de folk céltico de fusão, Cock & Bull. No fim de contas, um álbum engraçado.

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