Sons
14 de Maio 1999
BRASIL
Vinicius Cantuária
Tucumã (8)
Verve, distri. MVM
Se o anterior álbum do cantor e guitarrista brasileiro que deixou marcas em Arto Lindsay, “Sol na Cara”, constituía já um indício seguro da via aberta no sentido de remodelação da bossa-nova, este novo “Tucumã” consolida o caminho, ao mesmo tempo que apresenta curiosas transvergências. E uma modernidade sonora e conceptual para a qual muito contribuíram as presenças da nata da “downtown” de Nova Iorque: Arto Lindsay, Bill Frisell, Joey Baron e Peter Apfelbaum e, na faixa “Retirante”, de Laurie Anderson. Menos previsível foi a escolha, no baixo, de Sean Lennon, filho do Beatle assassinado. Modernidade sim, mas com raízes na tradição de João Gilberto e Tom Jobim. Exemplar, o tema “Maravilhar”, numa evocação paradigmática do lendário dueto de João Gilberto com o saxofone de Stan Getz, nos anos 60, para a Verve, precisamente a mesmo editora para a qual Vinicius agora grava. “Aracajú” é bossa-nova da mais nova e “Jóia”, título-tema de um dos melhores álbuns de Caetano Veloso, recarrega as baterias do tropicalismo. “Aviso ao navegante” lança fragmentos do Brasil dos meninos de pé descalço que jogam futebol da favela, com um arranjo de metais na linha da ópera-realista de Chico Buarque. Laurie Anderson toca violino e canta em inglês em “Retirante”, outro hino nordestino. Laurie não é, obviamente, Astrud Gilberto, e a diva da vanguarda de Nova Iorque não consegue cortar os cabos que a ligam à sua “Big Science” privada. Mas o tema resulta num estranho laboratório de emoções situado em pleno coração da floresta. “Tucumã” inclui ainda um tema excepcional, destinado a tornar-se um clássico da música brasileira: “Sanfona”. O Nordeste brasileiro, antigo mas já com os olhos postos no próximo milénio.
14 de Maio 1999
BRASIL
Vinicius Cantuária
Tucumã (8)
Verve, distri. MVM
Se o anterior álbum do cantor e guitarrista brasileiro que deixou marcas em Arto Lindsay, “Sol na Cara”, constituía já um indício seguro da via aberta no sentido de remodelação da bossa-nova, este novo “Tucumã” consolida o caminho, ao mesmo tempo que apresenta curiosas transvergências. E uma modernidade sonora e conceptual para a qual muito contribuíram as presenças da nata da “downtown” de Nova Iorque: Arto Lindsay, Bill Frisell, Joey Baron e Peter Apfelbaum e, na faixa “Retirante”, de Laurie Anderson. Menos previsível foi a escolha, no baixo, de Sean Lennon, filho do Beatle assassinado. Modernidade sim, mas com raízes na tradição de João Gilberto e Tom Jobim. Exemplar, o tema “Maravilhar”, numa evocação paradigmática do lendário dueto de João Gilberto com o saxofone de Stan Getz, nos anos 60, para a Verve, precisamente a mesmo editora para a qual Vinicius agora grava. “Aracajú” é bossa-nova da mais nova e “Jóia”, título-tema de um dos melhores álbuns de Caetano Veloso, recarrega as baterias do tropicalismo. “Aviso ao navegante” lança fragmentos do Brasil dos meninos de pé descalço que jogam futebol da favela, com um arranjo de metais na linha da ópera-realista de Chico Buarque. Laurie Anderson toca violino e canta em inglês em “Retirante”, outro hino nordestino. Laurie não é, obviamente, Astrud Gilberto, e a diva da vanguarda de Nova Iorque não consegue cortar os cabos que a ligam à sua “Big Science” privada. Mas o tema resulta num estranho laboratório de emoções situado em pleno coração da floresta. “Tucumã” inclui ainda um tema excepcional, destinado a tornar-se um clássico da música brasileira: “Sanfona”. O Nordeste brasileiro, antigo mas já com os olhos postos no próximo milénio.
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