Y 19|NOVEMBRO|2004
roteiro|discos
KATHRYN TICKELL BAND
Air Dancing
Park,
distri. Megamúsica
8|10
O
modo como Kathryn Tickell faz soar as Northumbrian pipes é de natureza quase
sexual. O prazer que a música proporciona permanece como algo de palpável. É o
som, é o estilo e a natureza táctil das ornamentações, já para não falar na figura da senhora, que induzem ao pecado. “April” recebe-se como um beijo. “Small
& wild”, com as “pipes” a roçarem-se-nos na pele, é menos inocente. Os
“sets” instrumentais, sejam composições próprias, de Alistair Anderson, Rory Campbell,
ou tradicionais, sucedem-se como danças de um salão de delícias proibidas. “The
long grass” é conversa a três entre a gaita-de-foles, o violino e a “box” de
Julian Sutton, “o Picasso do melodeon”, que volta a brilhar no compasso
balcânico de “Winding sideways”. Outros momentos a reter são “Air moving”, uma
composição de parceria com o saxofonista Andy Sheppard, “Music for a new
crossing”, e a música para casamento, “Steve and Jenny”, outra execução tocante
nas “pipes”. Kathryn exibe-se ao mais alto nível numa bizarra execução no
violino, em “Peter man”. As percussões e “ruídos” de Donald Hay conferem um
toque contemporâneo a um disco que apenas quebra nuns longos seis minutos de
valsas destinadas a chamar a atenção para o filho de Kathryn, Peter Tickell.
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