NA CAPA
PACOTE DE NATAL
DISCOS
POP ROCK
FM assina os seguintes textos
JEAN-MICHEL JARRE
Waiting for Cousteau
Dreyfus
O tema é
a água, as profundidades oceânicas, o exotismo de paraísos distantes, beijados
pelas ondas e onde apetece sonhar até ao fim dos dias.
Aventuras
pelo reino marítimo, inspiradas nas viagens do velho mestre do Graal
subaquático. Primeiro, as vertigens rítmicas do calipso, desaguando na “new
age” (ou será melhor dizer “new wave”…?) do fim do século. Depois, na versão
aumentada do CD, 46 minutos em que Jarre ensina a contemplação dos grandes
arcanos submarinos.
O
silêncio e a escuridão do fundo. A fauna e flora dos domínios de Neptuno,
perturbados por estilhaços de vozes refractados de longe. Brian Eno não faria
melhor.
MIKE OLDFIELD
Amarok
Virgin/Edisom
O
ex-menino-prodígio da Virgin desistiu de armar em moderno e regressa em grande
forma aos bons velhos tempos de “Hergest Ridge”, “Ommadawn” e “Incantatious”.
Um longo
tema instrumental a ocupar a totalidade do álbum, a lista de artefactos
musicais a não caber na folha (citam-se “tubos pendurados de metal, compridos e
esteitos” para avivar a memória de forma delicada) e as inevitáveis
participações da gaita-de-foles de Paddy Moloney, dos tambores africanos e dos
coros femininos de Clodagh Simonds e Bridget St. John, remetem de imediato para
as glórias de antanho. Quem dava já o velho Mike como morto e enterrado vai ter
ainda de esperar.
LAURIE ANDERSON
Strange Angels
Warner Bros./WEA
Ideal
para quem pretende passar por vanguardista sem grandes afrontamentos estéticos
nem dolorosos exercícios de ginástica intelectual.
Laurie
Anderson apresenta aqui a papinha toda feita, que é como quem diz, sabendo
adaptar anteriores virulências conceptuais a uma acessibilidade que faz torcer
o nariz aos viciados na dificuldade e gemer de prazer os amantes do erotismo
gramatical da senhora. A estranheza flutua, desta vez, em canções de formato
pop, às quais o visionarismo fragmentado da autora acrescenta um toque de
inquietude.
BOBBY McFERRIN
Medicine Music
Emi/Valentim de Carvalho
Nada
como uma boa voz para aquecer a ceia natalícia e, mais ainda, o Ano Novo. A de
Bobby McFerrin cumpre na perfeição tal desígnio. Ainda por cima parece que a
música deste disco cura, tornando-se assim ideal para curar as eventuais
bebedeiras e ressacas do dia seguinte.
Os
blues, o gospel, os ritmos africanos, tudo serve a “The Voice” McFerrin para
fazer a voz brilhar, envergonhando todos aqueles miseráveis músicos que ainda
necessitam de outros instrumentos para se acompanharem. Decididamente, o homem
é da corda… vocal.
SEXTA-FEIRA,
7 DEZEMBRO 1990 FIM DE SEMANA




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