07/08/2008

Márta Sebestyén - Kismet

Pop Rock

14 de Fevereiro de 1996
Álbuns world

Márta Sebestyén
Kismet
HANNIBAL, DISTRI. MVM

No passado Márta “My dear” Sebestyen habituou-nos a que a identificássemos com os Muzsikas, doutores que não gostam de brincar com as coisas antigas. Ou com os Ökros Ensemble, que ainda gostam menos. Mas a “voz “ da Hungria já nos tinha avisado de que a sua inquietação teria que levá-la inevitavelmente para outro tipo de paragens, menos condicionadas pelos dogmas. “Apocrypha”, conjunto de versões de temas tradicionais reinseridos num contexto de pop electrónica, e a participação no pesadelo industrial dos Towering Inferno constituíram dois avisos sérios. “Kismet”, sem chegar a tais extremos, fica-se por uma passagem dos olhos e do canto, por vezes algo estremunhados, pelas vizinhanças da Europa e pela Índia. Márta Sebestyen resolveu experimentar-se nas tradições irlandesa, grega, bósnia, indiana, búlgara e romena. Acolhemos de braços abertos uma Márta convincentemente irlandesa, em “Leaving Derry quaye”, e a maneira airosa como dessa canção, que lhe foi transmitida por Dolores Keane, saltou para um tradicional grego. Sente-se, porém, a ausência de terreno sólido. A ponte que permitiu a abolição das fronteiras revela-se frágil a uma percepção mais profunda, ou simplesmente atenta. “Kismet” dá, em grande parte dos temas, a sensação de um disco de variedades, onde a voz, por si só, não chega para disfarçar, pelo menos para já, uma abordagem superficial e não poucas vezes musicalmente pobre das diversas tradições nele perspectivadas. Embrulhado numa apresentação politicamente correcta e de inegável bom gosto, “Kismet” deverá trazer um grupo novo de adeptos para a cantora húngara, mesmo que o preço a pagar seja o de ser arrumado ao lado de senhoras como Talitha McKenzie, Loreena McKennit ou Sheila Sandra. (7)

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