02/04/2010

Nuno Canavarro - Plux Quba

Sons

11 de Dezembro 1998
PORTUGUESES - REEDIÇÃO

Nuno Canavarro
Plux Quba (10)
Moikai, import. Ananana


Editado originariamente em vinilo há dez anos pela Ama Romanta, “Plux Quba”, extirpado do seu subtítulo original, “Música para 70 Serpentes”, é um dos objectos mais fascinantes de sempre do universo da música electrónica produzida em Portugal. A presente reedição, só possível devido ao interesse manifestado por personalidades marcantes da cena pós-rock norte-americana (que demoraram uma eternidade até descobrirem o nome e a proveniência do autor, uma vez que na capa nenhuma indicação era dada...) escapa aos rótulos da “new age” e do ambientalismo, assumindo-se como uma experiência, perfeitamente controlada e delineada, no âmbito da música de computador mas cuja originalidade é garantida pela atenção ao detalhe e à organização formal. Neste aspecto “Plux Quba” afasta-se – pela “estranheza” do seu “input” poético ou pelo uso magistral, ainda antes da era da samplagem, de colagens vocais que evocam o trabalho da dupla Roberto Musci/Giovanni Venosta (ouça-se o tema número 12) e de Steve Moore, de “A Quiet Gathering” – quer dos ciclos, mais cinematográficos, de Nuno Rebelo, quer da maior acessibilidade de “Mr.Wollogallu”, com Carlos Maria Trindade, quer ainda da aula de matemática aplicada da “Música de Baixa Fidelidade” de Tó Zé Ferreira, proposta, na mesma altura pela Ama Romanta. Exposto, enfim, com a clareza de um som imaculado, “Plux Quba” reoferece-se com uma intensidade e visibilidade que antes não lhe eram permitidas. Ontem, como hoje, para se ouvir “com as colunas o mais possível afastadas”, de preferência a baixo volume de som. Um clássico.

1 comentário:

João Villalobos disse...

Foi bom ler e recordar que - quer este disco quer o do Tó Zé - nasceram da minha pressão para que saissem do "casulo" em que estavam na altura e concorressem ao concurso de música moderna organizado pelo CPAI e que deu origem a ambas as edições. Entretanto perdi o rasto ao Tó Zé e, se tenho ainda o disco do Nuno, nunca tive o dele que recordo como ainda mais interessante. (Nuno, se leres isto, no hard feelings :)