2
de Junho 2000
POP
ROCK - DISCOS
King Crimson
The
Construkction of Light (8/10)
Virgin, distri. EMI – VC
31 anos depois da edição de “In
the Court of the Crimson King” o que faz correr ainda os King Crimson? A
resposta provavelmente só poderá ser dada pelo seu líder desde a primeira hora,
Robert Fripp. Mas é possível encontrar um fio condutor que passa em primeiro
lugar pela adequação (neste álbum, o “K”, de “king”, que se intromete no meio
dos conceitos) de uma estética e de uma filosofia delineadas por Fripp desde a
primeira hora, aos modelos sociais, artísticos e ideológicos vigentes ao longo
das últimas três décadas. Não menos importante é o tópico “energia” e a sua
manipulação. São conhecidas as inclinações do rei carmesim para o tantrismo e
para certas correntes místico/estóicas ligadas a J. G. Bennett, por sua vez um
discípulo de Gurdjieff. “The Construkction of Light” (título bem elucidativo
quanto à dialética luz/trevas…) pode ser visto na ótica de um ajustamento desse
fluir energético que aqui passa, não por acaso, pela revisitação de “Larks’
Tongues in Aspic” (com a adição de uma parte “IV”) e “Fracture” (reintitulado
“Fraktured”), temas respetivamente do álbum com aquele nome e “Starless and
Bible Black” (de novo a luz e o seu reverso…). Com uma formação reduzida em
relação ao anterior “Thrak” (saíram Bill Bruford e Tony Levin), os atuais King
Crimson ultrapassaram em definitivo a barreira do tempo. A guitarra de Fripp,
mais do que nunca, soa como uma fornalha (a panela de pressão de “Into the
frying pan”…) num álbum em que um dos múltiplos pontos de interesse é a
assunção, na segunda parte do título-tema, das harmonias vocais barrocas ao
estilo dos Gentle Giant. O olho vermelho dos King Crimson continua a olhar
fixamente, agora para o novo milénio.
Sem comentários:
Enviar um comentário