22/07/2014

King Crimson - The Construkction Of Light



2 de Junho 2000
POP ROCK - DISCOS

King Crimson
The Construkction of Light (8/10)
Virgin, distri. EMI – VC

31 anos depois da edição de “In the Court of the Crimson King” o que faz correr ainda os King Crimson? A resposta provavelmente só poderá ser dada pelo seu líder desde a primeira hora, Robert Fripp. Mas é possível encontrar um fio condutor que passa em primeiro lugar pela adequação (neste álbum, o “K”, de “king”, que se intromete no meio dos conceitos) de uma estética e de uma filosofia delineadas por Fripp desde a primeira hora, aos modelos sociais, artísticos e ideológicos vigentes ao longo das últimas três décadas. Não menos importante é o tópico “energia” e a sua manipulação. São conhecidas as inclinações do rei carmesim para o tantrismo e para certas correntes místico/estóicas ligadas a J. G. Bennett, por sua vez um discípulo de Gurdjieff. “The Construkction of Light” (título bem elucidativo quanto à dialética luz/trevas…) pode ser visto na ótica de um ajustamento desse fluir energético que aqui passa, não por acaso, pela revisitação de “Larks’ Tongues in Aspic” (com a adição de uma parte “IV”) e “Fracture” (reintitulado “Fraktured”), temas respetivamente do álbum com aquele nome e “Starless and Bible Black” (de novo a luz e o seu reverso…). Com uma formação reduzida em relação ao anterior “Thrak” (saíram Bill Bruford e Tony Levin), os atuais King Crimson ultrapassaram em definitivo a barreira do tempo. A guitarra de Fripp, mais do que nunca, soa como uma fornalha (a panela de pressão de “Into the frying pan”…) num álbum em que um dos múltiplos pontos de interesse é a assunção, na segunda parte do título-tema, das harmonias vocais barrocas ao estilo dos Gentle Giant. O olho vermelho dos King Crimson continua a olhar fixamente, agora para o novo milénio.

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