9
de Junho 2000
POP
ROCK - DISCOS
Peter Hammill
None
of the Above (9/10)
Fie!, distri. Megamúsica
Como convencer os mais novos ou
os mais incrédulos da importância crucial de Peter Hammill na música popular
produzida nos últimos 30 anos? Sua é uma história longa em que cada novo disco,
do álbum de estreia dos Van Der Graaf Generator, “The Aerosol Grey Machine”, de
1968, até este “None of the Above”, surge como um novo capítulo para acrescentar
aos anteriores. História interminável, contada ao longo de uma discografia de
várias dezenas de álbuns, praticamente sem pontos baixos, permanece disponível
para que nela entremos desarmados de preconceitos e atentos ao que Hammill tem
para dizer. Através da música e das palavras. “None of the Above” insere-se na
linha dos álbuns intimistas como “Over” e “Fireships” mas através do discurso
introspetivo – aqui alargado a uma dimensão cósmica – de sempre passa por um
gosto pela construção musical que atinge momentos de brilhantismo em temas como
“Somebody bad enough”, “Like Veronica” e, sobretudo, no sinfonismo estelar de
“In a bottle”. No interior do livrete, sucedem-se fotos de escadas,
invariavelmente vistas de baixo, anunciando uma ascensão sempre incompleta. Mas
do lado de fora, na contracapa, o cosmos abre-se sem fronteiras. Com as emoções
à flor da pele, cada canção de “None of the Above” voa em liberdade ao encontro
das constelações mais longínquas. Baladas da alma galáctica, chamem o que
quiserem a mais esta folha sem mácula de um livro sem fim. “Life’s just got
started when you find you can’t begin again”, canta Peter Hammill no tema
final, “Astart”: “Every action, every passion/Forms a little chain reaction,
every breath astart/Every moment, lost or stolen/Forms the story, base or
golden, every breath astart.” Para ouvir na solidão.
Para ouvir, clique: Peter Hammill - Somebody Bad Enough
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