24/07/2014

Peter Hammill - None Of The Above



9 de Junho 2000
POP ROCK - DISCOS

Peter Hammill
None of the Above (9/10)
Fie!, distri. Megamúsica

Como convencer os mais novos ou os mais incrédulos da importância crucial de Peter Hammill na música popular produzida nos últimos 30 anos? Sua é uma história longa em que cada novo disco, do álbum de estreia dos Van Der Graaf Generator, “The Aerosol Grey Machine”, de 1968, até este “None of the Above”, surge como um novo capítulo para acrescentar aos anteriores. História interminável, contada ao longo de uma discografia de várias dezenas de álbuns, praticamente sem pontos baixos, permanece disponível para que nela entremos desarmados de preconceitos e atentos ao que Hammill tem para dizer. Através da música e das palavras. “None of the Above” insere-se na linha dos álbuns intimistas como “Over” e “Fireships” mas através do discurso introspetivo – aqui alargado a uma dimensão cósmica – de sempre passa por um gosto pela construção musical que atinge momentos de brilhantismo em temas como “Somebody bad enough”, “Like Veronica” e, sobretudo, no sinfonismo estelar de “In a bottle”. No interior do livrete, sucedem-se fotos de escadas, invariavelmente vistas de baixo, anunciando uma ascensão sempre incompleta. Mas do lado de fora, na contracapa, o cosmos abre-se sem fronteiras. Com as emoções à flor da pele, cada canção de “None of the Above” voa em liberdade ao encontro das constelações mais longínquas. Baladas da alma galáctica, chamem o que quiserem a mais esta folha sem mácula de um livro sem fim. “Life’s just got started when you find you can’t begin again”, canta Peter Hammill no tema final, “Astart”: “Every action, every passion/Forms a little chain reaction, every breath astart/Every moment, lost or stolen/Forms the story, base or golden, every breath astart.” Para ouvir na solidão.

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