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7|JUNHO|2002
roteiro|discos
CHUCK E. WEISS
Old Souls & Wolf Tickets
Rykodisc, distri. Edel
8|10
Ena pá 2002! Este pode ser o ano de graça de Chuck E. Weiss,
amigo e antigo músico de Tom Waits. “Old Souls & Wolf Tickets” é um estalo
de confiança, quase desplante, no modo como Chuck E. Weiss levanta o cartaz a
dizer que a tradição dos blues, do jazz, do gospel, da soul e do rhythm ‘n’
blues está toda com ele! A força está de facto com ele. Do grito primitivo com
que abre, “Congo square at midnight”, aos evangelhos, meio dedo de Bourbon,
outro meio de Deus, tendo o órgão Hammond e um trompete engasgado como
sacristãos, “Old Souls” celebra o triunfo de uma velha alma sobrevivente. Se
exemplos como os de “It don’t happen overnight” e “Sweetie” parecem não fazer
mais do que reentrar nas portas do mesmo bar que Waits frequentava em “Small
Change” ou “Blue Valentine”, a diferença está, porém, em que, ao contrário do
Waits de então, Weiss atingiu aquela fase já para além da embriaguez e da
ressaca que lhe permite ir da paródia ao “gospel”, em “Piggly wiggly”, ao rock
& roll alimentado a sax de “Two-tone car (an auto-body experience)”, e, em
“Jolie’s nightmare (Mr. House Dick)”, ao encontro de Alan Vega na estrada em obras
dos Suicide. Tom Waits que se cuide: o seu amigo ri-se-lhe na cara.
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