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3|MAIO|2002
roteiro|discos
PASCAL COMELADE
Psicòtic Music’ Hall
Virgin, distri. EMI-VC
8|10
A capa, como
sempre, faz o filme. O título das canções, idem: “To be damnit Ornette to be”,
“El zoot-horn rrotllo enmascarado”, “Don’t touch my blue oyster shoes”, com
citações, respetivamente, ao saxofonista de free jazz, a um dos músicos da
banda de Captain Beefheart (Zoot Horn Rollo) e aos Blue Oyster Cult, ou “The
blank invasion of schizofonics bikinis”. Já são música. O que este nova coleção
de tangos, chá-chá-chás e rock ‘n’ rol em registo de opereta-de-pé-quebrado
propõe é o mesmo de sempre: o catalão lança as cartas, segura a pose e espera
que o “bluff” faça o resto. Fica ao cuidado da imaginação. E este não se faz
rogada. “Psicòtic Music’ Hall” joga com as nossas memórias falsas (como um
romance de Philip K. Dick) e atira-nos para um cabaré inexistente onde nada é
real mas tudo faz sentido. As cortinas rotas, o veludo gasto, os músicos de
brinquedo, as bailarinas pintadas, o absinto entornado, os gestos canalhas
tornaram-se familiares. Sem que nos déssemos conta, instalámo-nos na arena da
loucura. “Psicòtic Music’ Hall” é “Moulin Rouge”. Um esqueleto que dança – a
psicose vestida com traje domingueiro.
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