03/03/2016

Pascal Comelade - Psicòtic Music’ Hall

Y 3|MAIO|2002
roteiro|discos

PASCAL COMELADE
Psicòtic Music’ Hall
Virgin, distri. EMI-VC
8|10 

A capa, como sempre, faz o filme. O título das canções, idem: “To be damnit Ornette to be”, “El zoot-horn rrotllo enmascarado”, “Don’t touch my blue oyster shoes”, com citações, respetivamente, ao saxofonista de free jazz, a um dos músicos da banda de Captain Beefheart (Zoot Horn Rollo) e aos Blue Oyster Cult, ou “The blank invasion of schizofonics bikinis”. Já são música. O que este nova coleção de tangos, chá-chá-chás e rock ‘n’ rol em registo de opereta-de-pé-quebrado propõe é o mesmo de sempre: o catalão lança as cartas, segura a pose e espera que o “bluff” faça o resto. Fica ao cuidado da imaginação. E este não se faz rogada. “Psicòtic Music’ Hall” joga com as nossas memórias falsas (como um romance de Philip K. Dick) e atira-nos para um cabaré inexistente onde nada é real mas tudo faz sentido. As cortinas rotas, o veludo gasto, os músicos de brinquedo, as bailarinas pintadas, o absinto entornado, os gestos canalhas tornaram-se familiares. Sem que nos déssemos conta, instalámo-nos na arena da loucura. “Psicòtic Music’ Hall” é “Moulin Rouge”. Um esqueleto que dança – a psicose vestida com traje domingueiro.

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