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7|JUNHO|2002
discos|roteiro
MARY TIMONY
The Golden Dove
Matador, distri. Zona Música
8|10
Mary é indiegente. Mary tinha um carneirinho. Não entendam
mal. Mary Timony pertence à gente “indie”, independente. E trocou o carneirinho
por um punhado de canções que deliciam tanto como confundem. “The Golden Dove”
é o segundo álbum que assina em nome próprio, depois de abandonar os Helium.
Com maturidade mas, acima de tudo, uma aproximação não convencional à estrutura
da pop que a conduz pelos caminhos ínvios que conduzem ao rock progressivo e a
uma acentuação neopsicadélica das suas construções. “The Golden Dove” começa
por ser qualquer coisa sob a alçada da pop blondieana dos The Marine Research,
mas essa vertente apaga-se por altura de “Dr. Cat”, quando o carneirinho pop
arreganha os dentes e se metamorfoseia numa criatura de violinos, ácido com
açúcar e sintetizadores comprados a preço de retalho nos “Seventies”. A música
torna-se barroca, foge da luz, apoderando-se do coração das trevas dos This
Mortal Coil mas também da anedota electropo contada em tons psicadélicos que é
“Musik and charming melodee”, variante óbvia de uma melodia por demais
conhecida dos Orchestral Manoeuvres in the Dark, enquando “14 horses” persegue
a folk gótica dos Fairport Convention e dos Trees. E “Ant’s dance” e “Dryad and
the mule” (se Suzanne Vega tomasse ácido, cantaria algo assim…) podem provocar
habituação. Ou que todos fiquem, como nós, doidos por Mary.
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