28|FEVEREIRO|2003 Y
discos|roteiro
MICROSTORIA
Invisible Architecture #3
Audiosphere,
distri. Ananana
6|10
Que
fazer em dias de amnésia e nuvens de mercúrio quando o mundo se reduz ao néon
sem sombras do escritório onde acabaremos de gastar os nossos dias? Bom, depois
de cumprimentarmos cabisbaixos o patrão e fingira que despachamos o serviço que
se amontoa em cima da secretária, podemos dedicar o resto do tempo a amassar
mais a cabeça e pôr a tocar clandestinamente no PC este novo CD dos
Microstoria, para nos convencermos de que a realidade é uma programação
aleatória. Para o grupo de Markus Popp e Jan St. Werner, como para os Oval, a
computação é como um rio que transborda das margens e inunda o terreno em volta
até o transformar num pantanal onde proliferam vírus e outros micro-organismos
infecciosos. Contaminação. “Invisible Architecture #3” não se distingue de anteriores
trabalhos deste coletivo alemão da mesma maneira que o dia-a-dia não se
distingue de uma rotina de computador. “Quit not save” é o título de uma das
faixas. Apetece seguir o conselho e desligar em definitivo o circuito, sem o
guardar na memória. Mas há quem tenha prazer em se perder e se movimente já no
interior destes programas como um morcego apetrechado com um mecanismo de
radar. Nesse estado de alteração genética é mesmo possível distinguir nestas
arquiteturas de frequências uma espécie de equivalente residual da fauna e da
flora tecidos pela dupla italiana Musci/Venosta. Depois de mortos.
Sem comentários:
Enviar um comentário