Y 13|JUNHO|2003
roteiro|discos
MIGUEL SOARES
Miguel Soares
Variz,
distri. Matéria Prima
8|10
Ora
até que enfim um disco de eletrónica com sentido de humor e vistas largas.
Miguel Soares, como Kubik ou os Mola Dudle, inclui-se na categoria dos músicos para
quem as máquinas servem como cornucópia de onde devem brotar doces, sonhos,
criaturas, novas terras, chocolates, fantasmas e tudo o que a imaginação conseguir.
O sintetizador, o sampler e o computador são filtros de uma realidade
alternativa que passa por uma visão pessoal e por uma procura de sínteses,
devedora ainda do excelente trabalho na produção dos The Producers. Fica logo
patente na abertura, “Trio”, que Miguel Soares vê mais longe que os falsos
demiurgos que esgotam as encomendas de programas de composição. Aqui, o jazz é
matéria virtual para escavações que trazem à baila uma das obras-primas da eletrónica
da geração de 80, “Insect Culture”, dos Popular Mechanics. Depois, as vozes em
“loop” ou da TV, as batidas e melodias inusitadas e a integração/manipulação de
elementos musicais como maquinismos de corda, badaladas fora de fase, fanfarras
e geometrias ilusórias transportam uma quantidade de ideias e soluções
originais e excitantes acima da média. Além de que títulos como “Beer canal”,
“Sparky”, “Warp reactor” ou “Buzz Aldrin” estão ao nível dos Negativland.
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