11/03/2020

Suecos Hedningarna revolucionam festival Intercéltico de Sendim


CULTURA
SEXTA-FEIRA, 30 JUL 2004


Suecos Hedningarna revolucionam festival Intercéltico de Sendim

Esta é a melhor programação de sempre de um festival que vai já na quinta edição

É a melhor programação de sempre do festival Intercéltico de Sendim, evento que, ano após ano, tem vindo a crescer fruto do cuidado posto nas programações e do excelente ambiente que se vive durante um fim-de-semana. Este ano passarão pelo palco, nos dias 30 e 31 deste mês, os Hedningarna, Milladoiro, La Musgaña, Llangres, Fred Morrison & Jamie McMenemy e Marenostrum.
            Com os Hedningarna é o tudo ou nada do confronto total. Para estes suecos que irão fechar o festival, o “apocalypse” é a palavra de ordem. Só não é o fim da folk porque as raízes tradicionais continuam entrançadas na sua música, mas é folk em estado de alerta nuclear, feita de um jogo de tensões por vezes quase brutais, sustentadas, por exemplo, pela “drone” de uma sanfona eletrificada que parece querer explodir a qualquer instante. Instrumentos acústicos e elétricos combinam-se na música destes iconoclastas de forma inovadora, alargando, e de que maneira, os limites da música tradicional. Numa palavra, os Hedningarna simbolizam a revolução. Álbuns como “Kaksi” e “Tra” estabelecem a fronteira entre um “antes” e um “depois” para a folk europeia.
            No lado oposto, do classicismo, estão os galegos Milladoiro, verdadeira instituição do seu país e uma das mais representativas da música de raiz céltica da Europa. Se os Hedningarna são corte e irrupção, os Milladoiro, que fecham o primeiro dia do festival, são um bosque verde povoado por criaturas mágicas. Das raízes dos primeiros e seminais álbuns “O Berro Seco” e “Galicia de Maeloc” até aos mais recentes “As Fadas de Estraño Nome”, “Aires da Terra”, “Auga de Maio” e “Niño do Sol”, é todo um percurso de depuração e aprofundamento do folclore galego que os Milladoiro abordam de uma perspetiva por vezes quase sinfónica, na forma como arranjam a harpa céltica, as gaitas e demais instrumentos da tradição.
            De Espanha chegam outras duas formações que irão dar que falar. Os La Musgaña, de Castela, e os Llangres, das Astúrias. Dos La Musgaña espera-se o mesmo rigor e alguma excentricidade, tal qual estão patentes em álbuns como “Lubican” e “Las Seis Tentaciónes”. Os LLangres representam a nova tradição asturiana, ora efusivos nas gaitas, ora introspetivos na harpa céltica. Mais gaita-de-foles, mas desta feita a escocesa, far-se-á ouvir através do extraordinário executante que é Fred Morrison, a provar que as “Highland pipes” podem ser algo mais que lamentos ou aterradores gritos guerreiros. Fred Morrison, autor de álbuns como “Broken Chanter” e “The Sound of the Sun, será acompanhado por Jamie McMenemy, no bouzouki, com quem já gravou “Up South”. Os portugueses estão representados pelos Maré Nostrum, vencedores do I Arribas Folk, Concurso Nacional de Música Folk.
            Depois dos concertos haverá um festival paralelo, imprevisível mas necessariamente acompanhado por libações mais ou menos célticas. Na Taberna dos Celtas a música nasce espontânea, com gaiteiros a criarem o pandemónio, sejam eles anónimos ou os Los Yerbatos, das Astúrias, convidados pela organização especialmente para o efeito. Também os Pauliteiros de Valcerto, do Mogadouro, garantirão a animação do recinto, depois de terem atuado na rua de tarde do dia 31. Nas ruas de Sendim atuam ainda, no mesmo dia, atores do grupo Teatro Peripécia.
            Consumados os dois dias de concertos, o dia seguinte, 1 de Agosto, permitirá ainda assistir, na Igreja Paroquial de Sendim, a uma Missa Castelhana, a cargo do grupo Santaren Folk, oriundo de Castela-Leão. No pino do Verão, as Terras de Miranda serão, pelo quinto ano consecutivo, a capital do mundo céltico.

Sem comentários: