18/01/2009

Wayne Kramer - Citizen Wayne

Pop Rock

14 Maio 1997
poprock

Wayne Kramer
Citizen Wayne
EPITAPH, DISTRI. MÚSICA ALTERNATIVA

Wayne Kramer foi um dos papões do sistema norte-americano, tendo pertencido aos MC5 (“uma banda cuja verdadeira história está ainda por fazer”, diz), juntamente com os Stooges, uma das formações de Detroit que sabotou a cena psicadélica dos anos 60 nos “States”. Tão empenhado politicamente como no consumo de drogas, Kramer passou vários anos na prisão, não tanto pelo consumo em si como pela denúncia das relações suspeitas entre o poder e o narcotráfico, temática controversa que aborda neste seu terceiro álbum a solo, na faixa “Dope for democracy”. “Citizen Wayne” conta com a produção de David Was (dos Was Not Was) na elaboração de um som que alia as raízes “rock’n’roll” do antigo guitarrista dos MC5 à maquinaria de “samplers” e computadores que parecem ter sido programados por um técnico de indústrias pesadas.
“Maximum rock”, na mesma linha de montagem de um Roger Miller (No Man, Birdsongs of the Mesozoic), exige ainda que se dê atenção aos textos, tirando partido da imensa gama de histórias e reminiscências convocadas por Kramer, da denúncia irónica aos “Marxistas de ‘champagne’”, que teorizam aos fins-de-semana sobre a revolução no conforto de um apartamento (“Revolution in apt. 29”), a pedaços cortantes de auto-biografia. Maciço, rock à maneira de Bowie ou, mais ainda, do Iggy Pop de “The Idiot”, “Citizen Wayne” é um álbum que chega a ser esmagador, embrutecido pelos solos saturados de Kramer ou pelas programações siderúrgicas de Don Was, mas que jamais perde de vista os horizontes da pop, em melodias viciosamente trauteáveis como “Stranger in the house” ou “Snatched defeat” (The Cars esmagados por um batalhão do exército…).
30 anos depois dos MC5, Wayne Kramer volta a dar murros. Com luvas, mas não menos violência. (8)

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