17/11/2011

Einstürzende Neubauten - Silence Is Sexy

4 de Abril 2000
POP ROCK - DISCOS

Einstürzende Neubauten
Silence is Sexy (8/10)
2xCD Zomba, distri. Música Alternativa


Existem duas maneiras para se destruir o equilíbrio psicológico de uma pessoa. Uma, mais directa, é fazer detonar uma carga de dinamite junto ao tímpano do sujeito da experiência. Efeito garantido. Outra é segredar-lhe, com suavidade, ao ouvido, alguma verdade terrível que o faça empalidecer e perder de uma só vez todas as certezas que supunha ter. Os berlinenses Einstürzende Neubauten começaram por usar a primeira estratégia mas, aos poucos, foram passando para a segunda. “Silence is Sexy” é um palimpsesto. Camada sob camada e à medida que aumenta o grau de investimento psicológico do auditor, o álbum sugere temíveis realidades ocultas, como uma novela de H. P. Lovecraft. A macroestrutura de ruídos industriais que prevaleceu na obra dos Neubauten até “Tabula Rasa” foi substituída por um microcosmo de ruídos por vezes quase inaudíveis como o do “fumo do cigarro” do título-tema, inspirado na composição “4.33” de John Cage. Ou seja, em vez da cacofonia, o silêncio ocupa agora o lugar central na estética de transmutação do grupo alemão, pois é disso que trata a sua música e a sua filosofia. A substituição de uma realidade e das formas de percepção da mesma por outras diferentes. À superfície um álbum de canções, “Silence is Sexy” investe, sem dúvida, nas palavras e no seu potencial de manipulação, mas é no tema que ocupa separadamente todo o segundo CD, “Pelicanol”, que o aspecto sensorial e mnemónico desde sempre cultivado pelo grupo (a cola com este nome, o seu cheiro) se confunde e aprofunda no símbolo alquímico do pelicano, numa operação de desmantelamento semântico e sonoro que culmina nos gritos de uma criança mutante, matéria já de um outro estado de existência, como o do “homem-mosca-máquina” de Cronenberg.

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