02/06/2020

Joni Mitchell - Shadows and Light


Y 22|OUTUBRO|2004
roteiro|discos

|DVD

JONI MITCHELL
Shadows and Light
Warner Vision

7|10

Joni Mitchell foi uma revolucionária dos sentimentos contidos entre o amor e a perda, evoluindo no sentido de um aprofundamento das formas musicais do canto e da emoção – das baladas folk de “Ladies of the Canyon”, “Blue” e “For the Roses” ao jazz de “Mingus”, do experimentalismo de “The Hissing of Summer Lawns” aos ventos gelados de “Hejira”, da eletrónica falhada (o seu único passo em falso) de “Chalk Mark in a Rain Storm” ao mergulho final num classicismo de luxo dos derradeiros “Turbulent Indigo”, “Taming the Tiger”, “Both Sides now” e “Travelogue”. Depois, desiludida com a indústria, abandonou a música. Primeiro a estrada, depois o estúdio. “Shadows and Light” apanha-a no último ano da década de 70, ao vivo no Santa Barbara County Bowl, num concerto com um naipe de músicos de primeira água ligados ao jazz: Pat Metheny, Lyle Mays, Jaco Pastorius, Michael Brecker e Don Alias, mais o grupo vocal The Persuasions. O DVD não inclui a totalidade das canções do álbum do mesmo nome editado em 1979, oferecendo como extra apenas um diário de fotos da digressão. Joni aparece vestida de senhora já na meia-idade, armada com guitarra acústica e aquela voz que hoje faz escola na nova geração de “singer songwriters”. O alinhamento inclui clássicos como “In France they kiss on main street”, “Coyote” e “Amelia”, do período mais aventureiro da autora (de “The Hisssing…”, “Hejira” e “Mingus”), a par de “standards” como “Goodbye pork pie hat”, e dois momentos reservados aos solos de Jaco Pastorius, no baixo elétrico, e Metheny, na guitarra. Pouco compreensível é a introdução, com imagens de James Dean em “Fúria de Viver”, de Kazan. Pelo meio há excertos de clips também pouco espetaculares. A cantora surge disfarçada de corvo (como na contracapa de “Hejira”) a patinar sobre o gelo, no meio de “Black crow” e, em “Coyote, há imagens – surpresa! – de um coiote. O que significa que este é um DVD mais para se ouvir, nos prazeres da alta definição do 5.1 Dolby Digital Surround, do que para se ver.

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