Pop
EVERYTHING BUT THE GIRL
Driving
Blanco
y Negro, import. WEA
LP e
CD
Antes era o “Hip-Hop”, agora é o
“Hit-Top” que faz dançar milhões. Depois das multidões, dançam os cifrões. Tudo
neste disco foi feito a pensar nas listas que fazem engordar as contas
bancárias. Composições, arranjos, escolha de músicos, aspeto gráfico, nada é
deixado ao acaso suscetível de espremer o limão de ouro até à última gota. As
massas vão adorar, claro, e as pistas de dança necessitam de engatar
periodicamente novas mudanças.
Com “Driving” os Everything But The
Girl conduzem em segurança, suavemente, ritmadamente e sem exageros. A viagem é
óbvia, o destino também. Mas não atropelam ninguém pelo caminho e as vistas até
nem são de todo desagradáveis. Talvez adormeçamos a meio pois as paisagens não
variam muito, mas até isso pode saber bem.
A voz de Tracey Thorn faz o resto
que afinal é quase tudo. Os arranjos ficam-se pelo mel das “cordas”
sintetizadas, o piano ao fundo da sala e os já habituais saxofones
imortalizados por “Baker Street”, há já uns aninhos. Inócuos, bonitos e
repetindo invariavelmente o mesmo solo delicodoce.
Para dourar ainda mais a pílula,
convidaram-se Joe Sample, Stan Getz e Michael Brecker, conceituados músicos de
“Jazz”. O trabalho foi fácil e mais uns dólares em caixa nunca fizeram mal a
ninguém.
“Driving” encantará alguns milhões
de auditores e afastará irremediavelmente aqueles que recordam com saudade os
bons velhos tempos dos Marine Girls ou os álbuns iniciais da atual banda de
Tracey Thorn e Ben Watt. Terá valido a pena? Tudo vale a pena se a “fatia” não
for pequena...
QUARTA-FEIRA,
7 MARÇO 1990 VIDEODISCOS
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