30/08/2009

Rão Kyao - Navegantes

Sons

13 de Fevereiro 1998
PORTUGUESES

Rão Kyao
Navegantes (7)
Ed. e distri. Polygram

Menos só do que é costume, universalista como sempre e agora mais do que nunca abrindo um enorme sorriso para a música do mundo, a flauta de bambu de Rão Kyao prossegue a sua viagem. “Navegantes” é um álbum de passagem pelo mar. Levanta a âncora com o espírito na Índia, passa pelo reggae, em “No balanço”, e aporta em meditações solitárias no aconchego do estúdio, em “multitrackings” interiorizados da flauta, em “Ecos tribais”, e da ocarina, em “Oca”. A Índia, com toda a sua carga religiosa ligada à prática musical, bem como a influência do mestre indiano da flauta, Hariprasad Chaurasia, fazem sentir a sua mensagem telepática, infiltrando mesmo os temas que se diriam mais fortemente enraizados na tradição rural portuguesa, como é o caso de “Na vindima”, onde a própria voz da convidada Filipa Pais se aproxima de algumas das típicas inflexões indianas, e de “Festa do vinho”. “Arab” é, como o título diz, dança do vento e da argila do Sul ao ritmo de uma “darbouka” árabe. A “new age”, com as suas consonâncias oníricas mas também sem a profundidade de um registo verdadeiramente dramático, povoa as margens de “Nas asas do sonho” e “Jhinjhoti”, ganhando reflexão em “Moda lusa”, diálogo sereno da flauta de bambu com o piano de Renato Júnior. Rão Kyao também canta, ou faz a voz dançar, como em “Sa-ni-sa”, ainda aqui com o coração na Índia, que é a sua segunda pátria, varrendo como uma onda as cordas de um saltério, em “Lençóis de trigo”, numa aproximação ao universo multifacetado de Stephan Micus.

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