21/03/2016

Mary Timony - The Golden Dove

Y 7|JUNHO|2002
discos|roteiro

MARY TIMONY
The Golden Dove
Matador, distri. Zona Música
8|10 

Mary é indiegente. Mary tinha um carneirinho. Não entendam mal. Mary Timony pertence à gente “indie”, independente. E trocou o carneirinho por um punhado de canções que deliciam tanto como confundem. “The Golden Dove” é o segundo álbum que assina em nome próprio, depois de abandonar os Helium. Com maturidade mas, acima de tudo, uma aproximação não convencional à estrutura da pop que a conduz pelos caminhos ínvios que conduzem ao rock progressivo e a uma acentuação neopsicadélica das suas construções. “The Golden Dove” começa por ser qualquer coisa sob a alçada da pop blondieana dos The Marine Research, mas essa vertente apaga-se por altura de “Dr. Cat”, quando o carneirinho pop arreganha os dentes e se metamorfoseia numa criatura de violinos, ácido com açúcar e sintetizadores comprados a preço de retalho nos “Seventies”. A música torna-se barroca, foge da luz, apoderando-se do coração das trevas dos This Mortal Coil mas também da anedota electropo contada em tons psicadélicos que é “Musik and charming melodee”, variante óbvia de uma melodia por demais conhecida dos Orchestral Manoeuvres in the Dark, enquando “14 horses” persegue a folk gótica dos Fairport Convention e dos Trees. E “Ant’s dance” e “Dryad and the mule” (se Suzanne Vega tomasse ácido, cantaria algo assim…) podem provocar habituação. Ou que todos fiquem, como nós, doidos por Mary. 

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